Aberto
Diz-se que um vinho é aberto quando tem pouca densidade de cor ou é mais velho e perdeu a intensidade da cor durante a sua evolução.
Ácido fenólico
Constituinte fenólico da uva e do vinho que designa os ácidos benzóicos e ciânicos, estes últimos existem sobretudo na forma de éster tartárico.
Acético
Diz-se de um vinho afectado pelas bactérias acéticas, que causam o “envinagramento”. É um defeito característico dos vinhos mal estagiados e com uma acidez volátil excessiva.
Acidez
É um dos quatro sabores que as papilas gustativas da língua identificam – a par do doce, do salgado e do amargo – e é importante para o equilíbrio e conservação do vinho, sendo um componente essencial do mesmo. Contribuem para a acidez de um vinho os diferentes ácidos provenientes das uvas e da fermentação. Vinhos com pouca acidez tornam-se “chatos” e desinteressantes. Vinhos com muita acidez deixam uma sensação áspera na boca. Na quantidade certa, a acidez dá vinhos frescos e vivos. É também um dos principais garantes da longevidade de um vinho. Através da acidificação, uma prática regulamentada em função das zonas de produção, é possível aumentar a acidez natural do mosto e dos vinhos, quando esta é insuficiente. Utiliza-se, para isso, o ácido tartárico e, em pequenas proporções, o ácido cítrico.
Aduelas
Tábuas encurvadas que constituem o corpo dos tonéis, cascos, pipas, barris, tinas, dornas, celhas, quartolas e outros vasilhames feitos em madeira.
Agricultura biológica
Sistema agrícola no qual não são permitidos agro-químicos de síntese e se procura um impacto na saúde humana, no ambiente e no ecossistema o mais reduzido possível. Na produção de vinhos biológicos apenas estão autorizados, ao nível europeu, quatro pesticidas, reconhecidos pelo nível de toxicidade muito baixo, para o ser humano, para os animais e para o meio ambiente. Esses vinhos devem apresentar doses inferiores de sulfitos. Os produtores investem no equilíbrio da natureza, entre outras técnicas, para combater doenças ou afastar pragas e proteger as suas vinhas. Promovendo a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas, as espécies tendem a controlar-se umas às outras, evitando a intervenção humana. Os enrelvamentos, com sementeiras alternadas entre as filas das vinhas, são só um exemplo. Fornecem alimentos aos insectos, que dessa forma não só deixam de atacar as vinhas como servem de alimento às aves, que passam a procurar menos as videiras.
Agricultura biodinâmica
A agricultura biodinâmica surgiu nos anos 20 do século passado, a partir de um ciclo de conferências de Rudolf Steiner, cientista e filósofo de origem austríaca que vivia preocupado com o declínio de vitalidade da natureza e cujo método tinha uma forte componente espiritual. É de resto essa dimensão holística, que por exemplo adequa o uso de certos preparados de origem animal, vegetal e mineral aos ciclos da lua e dos planetas, que leva muitos produtores a olhar com desconfiança para o método. Enterrar nas vinhas cornos de vaca cheios de estrume conforme o ciclo lunar pode parecer um pouco maluco. Práticas mais exotéricas à parte, na biodinâmica a ideia é que as explorações agrícolas sejam encaradas como unidades ecológicas que se alimentam a si próprias. O que não quer dizer que esse círculo virtuoso aconteça dentro da propriedade, uma vez que os agricultores hoje podem comprar tudo aquilo que precisam a empresas fornecedoras de produtos biodinâmicos.
Ampelografia
Ciência que estuda a planta da videira e as suas diferentes variedades – ou castas. É um estudo complexo, porque diferentes regiões e diferentes países deram nomes distintos a cepas procedentes da mesma origem varietal, existindo por isso numerosos sinónimos. Para resolver este problema, nasceu outra ciência, a ampelologia: remontará ao século I, mas só se desenvolveu a partir do século XIX. Já a ampelometria é parte da ampelografia e estuda os caracteres dimensionais da videira.
Ampelologia
Ciência que estuda a morfologia e ciclo vegetativo da videira e que descreve e identifica as diferentes variedades de vides atendendo ao tamanho da cepa, do sexo da flor, da forma dos sarmentos, da textura e do dentado das folhas, da cor das bagas, entre outras características da planta. Nasceu da necessidade de resolver um problema: diferentes regiões e países davam – e dão – nomes diferentes às mesmas castas (ou variedades).
Aroma
Conjunto de sensações olfactivas produzidas pelas substâncias presentes no vinho. Embora seja percebido directamente pela via nasal, também nos chega pela via retronasal, isto é, quando o vinho se encontra na boca.
Bacelo ou Porta-enxerto
Pé-de-vinha no qual se faz a enxertia com a casta desejada. O termo bacelo – ou porta-enxerto – passou a ser usado desde os finais do século XIX, após a filoxera, que mais do que uma praga foi um verdadeiro flagelo para as vinhas na Europa e deve o nome ao destrutivo insecto Phylloxera vastatrix, que se alimentava das raízes das videiras, sugando a sua seiva e impedindo-as de absorver água e nutrientes do solo. Até então, as videiras eram plantadas directamente no solo, ou seja, eram plantadas em “pé-franco”. Depois da filoxera, para associar duas estruturas vegetais a fim de obter uma nova planta derivada delas, passaram a enxertar-se as vitis viníferas sobre pés resistentes à filoxera, como é o caso do pé-de-vinha americano – cedo se percebeu que as videiras americanas estavam habituadas ao ataque daquele pequeno insecto amarelo e tinham desenvolvido formas de lhe sobreviver. O bacelo ou porta-enxerto também designa uma técnica de reprodução da vinha, que só pode ser utilizada em países que não sofrem a ameaça da filoxera e podem plantar a vinha sem enxertia, como é o caso do Chile.
Balsâmico
Diz-se do aroma resinoso – verniz, cedro, resina… – que pode ser encontrado em alguns vinhos.
Barrica
Barril, geralmente de madeira de carvalho, com a capacidade média de 225 litros, usado durante a fermentação ou para estágio.
Balseiros
Vasilhames em madeira de grande volume, colocados em posição vertical. Utilizados sobretudo para o envelhecimento do Vinho do Porto, que permanece aí e em contacto com o ar sofre um envelhecimento oxidativo.
Bardos
Sistema de condução baixo e contínuo constituído por duas ou mais fiadas de arame, fixadas em esteios, entre os quais se desenvolve a parede vegetal da vinha. Tem como vantagem facilitar a mecanização das operações culturais.
Base
Vinho base é aquele que é utilizado para a elaboração de vinhos especiais, como vinho do Porto ou espumante.
Bâtonnage
Bâtonnage é o termo francês que traduz a agitação das borras, em depósito no fundo de um determinado recipiente. O objectivo é recolocar em suspensão as borras, que pela sua composição permitem aos produtores e enólogos melhorar de forma natural o vinho.
Bica aberta
Processo de vinificação geralmente usado na produção de vinhos brancos e rosados. A fermentação realiza-se no mosto, separado do engaço e das películas das uvas.
Borras
As borras do mosto são a matéria sólida e viscosa que fica no fundo da cuba de fermentação (ou de outro recipiente utilizado para o processo). São formadas por açúcares, ácidos graxos e leveduras, enquanto que as borras do vinho são bactérias láticas, polifenóis, ácidos gordos e leveduras já mortas que se decompõem e melhoram o vinho de forma natural. Normalmente fala-se em borras finas e em como elas melhoram o vinho, mas há produtores a deixar ficar nas cubas o resto das borras, as borras grossas. Umas e outras são postas em suspensão regularmente durante o processo de estágio, nomeadamente através da batônnage.
Botrytis Cinerea
Fungo parasita da uva que com condições climáticas favoráveis permite a elaboração de vinhos doces como os colheitas tardias. Em condições desfavoráveis, a Botrytis dá origem à podridão cinzenta da uva que contribui para a destruição da colheita. Em condições especiais (Sauternes, Barsac, vindimas tardias seleccionadas da Alsácia e da Alemanha, entre outras), este fungo pode evoluir para a podridão nobre: provoca a desidratação dos bagos de uva, aumentando a sua concentração de açúcar, permitindo a produção de vinhos muito apreciados.
Brett
Brett é o nome comum do género de leveduras Brettanomyces / Dekkera bruxellensis. Podem-se encontrar na uva, mas do que gostam mesmo é da barrica, onde atacam o vinho tinto em estágio. É um defeito do vinho que lhe confere aromas indesejáveis, a couro e a suor de cavalo, podendo mesmo originar vinhos que cheiram pocilga ou estrebaria.
Capitoso
Termo usado para designar um vinho com elevado grau alcoólico.
Carácter
Termo usado para designar a “personalidade” de um bom vinho. Conjunto de características especiais que permitem distingui-lo dos demais.
Casa do Douro
Nome por que ficou vulgarmente conhecida a Federação dos Viticultores da Região Douro, criada em 1932 para intervir na regulação do mercado e representar os interesses dos viticultores da Região Demarcada do Douro, a mais antiga região vitivinícola demarcada e regulamentada do mundo (1756). Muitos lembrar-se-ão dela como a entidade que “dava o benefício”. Entrou num processo de declínio na década de 1980 e, com o surgimento de outras entidades, viu as suas competências diminuírem progressivamente – um exemplo foi o fim do monopólio da distribuição de aguardente utilizada para a produção de Vinho do Porto. Foi privatizada em dezembro de 2014, durante o Governo PSD/CDS-PP, numa altura em que a sua dívida rondava os 160 milhões de euros. A Federação Renovação Douro ganhou um concurso para ficar à frente da sua gestão. Em maio de 2016, o Governo PS criou uma comissão administrativa com mandato para regularizar as dívidas da Casa do Douro até junho de 2019. Em 2021, o mesmo governo anunciou que pretendia retomar o processo de reinstitucionalização da histórica entidade.
Casco
Recipiente em madeira com capacidade para cerca de 650 litros utilizado no envelhecimento do Vinho do Porto, em especial dos Tawnies. Permite uma oxigenação gradual do vinho, o aparecimento de sabores e cores particulares ao processo de envelhecimento e uma evaporação mais elevada, com a consequente concentração de açúcares – que aumenta com o passar dos anos.
Casta
Ou variedade. Designa as videiras que apresentam um conjunto de características comuns. Uma mesma casta em solos e climas diferentes origina vinhos diferenciados. Em diferentes terroirs, alguns componentes aromáticos próprios da casta mantêm-se.
Cheio
Termo usado para designar um vinho com muito corpo, de estrutura forte e com carácter. Diz-se de um vinho pujante, pastoso, espesso e que enche a boca.
Ciclo vegetativo
Período de tempo que decorre de "choro" a "choro” (derrame de seiva da planta, sinal de saída do período de dormência invernal, primeira fase do abrolhamento). Existem castas de ciclo curto, médio e longo.
Colheita selecionada
Designação prevista na legislação e que apenas pode ser atribuída a vinhos VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada) e vinhos com indicação geográfica que apresentem características organolépticas destacadas e um teor alcoólico igual ou superior (em 1% em vol.) ao limite mínimo fixado. O uso desta designação obriga à indicação do ano de colheita.
Comissão vitivinícola regional
Nome dado às associações de direito privado e de carácter interprofissional constituídas por escritura pública para assegurar a representação directa ou indirecta dos interesses profissionais ligados à produção e ao comércio dos produtos vitivinícolas da sua região. Também conhecidas como entidades certificadoras, são-lhes atribuídas por lei as funções de controlo da produção e comércio e de certificação de produtos vitivinícolas com direito a Denominação de Origem (DO) ou Indicação Geográfica (IG) da respectiva área geográfica de actuação. Para beneficiar de uma Denominação de Origem, todo o processo de produção é sujeito a um controlo rigoroso em todas as suas fases. As castas utilizadas, os métodos de vinificação e as características organolépticas são apenas alguns dos elementos verificados. Em Portugal, nos rótulos, lemos a menção tradicional específica Denominação de Origem Controlada (DOC), enquanto que Denominação de Origem Protegida (DOP) é a designação comunitária adoptada para identificar os vinhos com Denominação de Origem. Por cá, a referência DOC dispensa a utilização de DOP.
Complexo
Um vinho rico em aromas, que proporciona sensações múltiplas resultantes da boa conjugação entre aromas e sabores intensos e agradáveis.
Cordão
Técnica de condução e de poda da vide que consiste em dar forma à cepa para que os sarmentos se desenvolvam sobre os arames. Normalmente, são amarrados ao arame um ou dois sarmentos. Há diferentes podas de cordão (cordão Royat, cordão simples, cordão simples ascendente, duplo cordão, cordão sobreposto, etc.). Também se diz da coroa ou rosário de bolhas que se formam na superfície dos vinhos espumosos; quando a primeira espuma desaparece fica o cordão, que, nos espumosos de grande qualidade, é de grande tenacidade e persistência.
Corpo
Termo que descreve a sensação de peso e consistência do vinho na boca, indicando que possui estrutura e carácter.
Cuba
Depósito em cimento ou em inox (aço inoxidável), utilizado para a fermentação, armazenagem ou estágio/envelhecimento do vinho.
Curtimenta
Termo originalmente usado para designar a vinificação de tintos em que as películas estão em contacto com o mosto durante a fermentação. Nos últimos anos, surgiram também os brancos de curtimenta, vinhos vinificados pelo mesmo processo. Quando a maceração é levada ao extremo, temos um Orange Wine, como está na moda chamar-lhes lá fora.
Curto
Vinho cujo gosto não é persistente, quase sem final de boca.
Decantação
O vinho é vertido num recipiente próprio, um decantador, com o objectivo de o separar dos sedimentos que possam existir na garrafa. A ideia é que estes fiquem no fundo da garrafa. Esta operação permite também deixar o vinho “respirar”. Vinhos mais antigos ganham em ser decantados, bem como alguns vinhos fortificados.
Dégorgement
Expressão francesa que identifica a operação de retirar borras (sedimentos) concentradas junto ao gargalo da garrafa de vinho espumante.
Desavinho
Acidente vegetativo, caracterizado pela não fecundação das flores da videira e ausência de frutificação. Tem causas variadas, entre elas o frio, a chuva, o vigor excessivo da planta, eventuais desequilíbrios nutritivos.
Doce
Vinho cujo teor em açúcar residual é igual ou superior a 45 gramas por litro.
Duro
Vinho muito taninoso, nada macio ou aveludado.
Elegante
Diz-se de um vinho distinto, harmonioso na cor e no aroma, equilibrado no gosto e delicado.
Encepamento
Termo usado para designar o conjunto das castas (ou variedades) que compõem um vinhedo.
Encorpado
Um vinho cheio que normalmente se apresenta pesado e com elevado teor alcoólico.
Engaço
Parte verde e lenhosa do cacho que serve de suporte aos bagos da uva. Quando está muito presente nos vinhos, transmite aromas e sabores herbáceos.
Envelhecimento
É a evolução de um vinho com o passar dos anos. Com o tempo, as suas características vão sendo alteradas, positivamente em alguns casos, pela negativa noutros. Geralmente, o estágio em madeira é moderadamente oxidativo, enquanto o estágio em garrafa é redutivo.
Equilibrado
Um vinho redondo, que mostra harmonia entre todos os seus componentes organolépticos (acidez, tanino e álcool).
Estágio
Período durante o qual o vinho permanece armazenado em garrafas, cascos de madeira, cubas de cimento ou inox, ânforas de barro ou outros vasilhames, com o sentido de lhe proporcionar envelhecimento controlado. Os vinhos com direito à denominação de origem têm o tempo mínimo de envelhecimento regulamentado para que possam ser comercializados.
Fermentação
Transformação produzida por um fermento sobre uma substância orgânica, por vezes acompanhada de despreendimento de gás carbónico, da formação de álcool, de ácidos e de compostos complexos. Há dois tipos de fermentação: a fermentação alcoólica – transformação do açúcar das uvas em álcool etílico e gás carbónico, por acção das leveduras; nesta fase o sumo da uva torna-se vinho – e a fermentação maloláctica – pela acção de bactérias lácticas que transformam o ácido málico em ácido láctico; pode ocorrer durante a fermentação alcoólica ou posteriormente. Com a maloláctica, diminui-se a acidez do vinho, afina-se a sua expressão aromática e consegue-se uma maior estabilidade na conservação.
Filoxera
Mais do que uma praga, a filoxera foi um verdadeiro flagelo para as vinhas na Europa e deve o nome ao destrutivo insecto Phylloxera vastatrix, que se alimentava das raízes das videiras, sugando a sua seiva e impedindo-as de absorver água e nutrientes do solo. A filoxera atacou as videiras de todo o mundo no século XIX e terá viajado da costa leste da América para Inglaterra de barco: a data precisa desta viagem é desconhecida mas terá sido no final dos anos 1850, quando era comum os viticultores europeus importarem videiras do outro lado do Atlântico. Sem saber, “importaram” também os mortíferos piolhos amarelos que se escondiam nas raízes das videiras americanas nativas. Estas já estavam familiarizadas com os pequenos insectos e tinham desenvolvido maneiras de lhes resistir, mas Vítis Vinífera, a videira que tínhamos por cá e que é produtora de vinho (é a mais cultivada no mundo) estava completamente indefesa. A defesa encontrada, anos mais tarde, foi o bacelo ou porta-enxerto (ver neste Bê-á-bá). Até ao ataque generalizado da filoxera – que não foi erradicada –, as videiras eram plantadas directamente no solo, ou seja, eram plantadas em “pé-franco” (ver também neste glossário).
Final de boca
Diz-se do gosto ou sensação final que o vinho deixa na boca, depois de o provarmos ou bebermos. Pode ser longo ou curto, consoante esse gosto ou sensação permanece durante mais ou menos tempo. Um vinho com final de boca longo tem aromas que se manifestam, prolongadamente, no paladar e na via retronasal, mesmo depois de serem engolidos.
Fortificação
É o processo de interrupção da fermentação alcoólica de um vinho por via da adição de aguardente ou álcool. Em Portugal isto acontece com os vinhos do Porto, Carcavelos, Moscatel e Madeira (neste com 96 % de volume)
Frasqueiras
Também chamados de Vintage. Frasqueiras – menção específica da Madeira – são vinhos Madeira obtidos de pelo menos 85% de uvas da mesma vindima e de uma só casta (de entre as castas recomendadas para aquele vinho fortificado) ou de uma mistura de castas reco-mendadas, que tenha um envelhecimento mínimo de 20 anos em cascos de madeira e apresente características organolépticas destacadas. Deve, entre outros requisitos, indicar o ano de colheita e a data de engarrafamento.
Fresco
Um vinho que pela sua acidez natural transmite uma sensação de frescura. É uma característica positiva.
Frutado
Característica que identifica um vinho com aromas primários a fruta, indiciando uma vinificação onde se respeitaram as características da casta.
Herbáceo
Termo normalmente associado a aromas vegetais, a fazer lembrar a erva e que se pode encontrar nos vinhos elaborados sem desengace – vinificados com o engaço dos cachos. É característico de castas como a Sauvignon Blanc ou o Cabernet. É visto como um defeito se for excessivo – pode, por exemplo, ser causado por uma prensagem demasiado forte ou pela presença de taninos verdes de uvas pouco maduras.
Insípido
Um vinho que não desperta sensações francas no paladar pelo facto de não possuir carácter e ter um aroma neutro. Insonso é outra palavra usada para descrever um vinho sem qualidades sápidas nem aromáticas, neutro.
Jeropiga
Bebida doce de elevado teor alcoólico que se obtém adicionando aguardente vínica ao mosto antes de este iniciar a fermentação. A aguardente adicionada impede que a fermentação chegue ao fim, ficando o vinho com consideráveis quantidades de açúcar por desdobrar.
Jovem
Tanto pode dizer-se para referir um vinho geralmente frutado, com pouco tanino e acidez agradável que não se presta ao envelhecimento, como para falar de um vinho de elaboração recente que pode e deve ser deixado a envelhecer.
Lágrima
Tanto pode ser o traço de aspecto oleoso que deixa no copo um vinho rico em álcool, açúcares e glicerina. Como um vinho elaborado com mostos escorridos antes da uva ser prensada, um vinho de lágrima.
Límpido
Termo usado relativamente à cor, aroma ou sabor de um vinho bem elaborado, sem sedimentos nem alterações. Os vinhos sadios são necessariamente límpidos, vinhos velhos podem apresentar algum sedimento no fundo da garrafa em repouso mas que não altera a sua limpidez.
Levedura
Fungo microscópico unicelular que vive nas películas da uva e que desencadeia a fermentação alcoólica, transformando o açúcar das uvas em álcool. Tem especial interesse uma destas leveduras: a Saccharomyces cerevisiae, que actua durante toda a fermentação enquanto existir açúcar no mosto e a temperatura não subir excessivamente – vem daí o controlo da temperatura em adegas e climas muito quentes. Quando estas leveduras presentes naturalmente nas películas da uva são insuficientes, podem ser inoculadas outras leveduras no mosto para permitir a fermentação.
Licoroso
Vinho com elevada graduação alcoólica e, regra geral, com uma quantidade significativa de açúcares, característica que se deve ao facto de a fermentação ter sido interrompida pela adição de aguardente ou álcool. É muito mais doce e alcoólico do que os vinhos de mesa, destacando-se, no nosso país, os vinhos do Porto, da Madeira, Moscatel e Carcavelos.
Lote
Dos vinhos do Porto e Madeira aos vinhos tranquilos, o lote é a técnica de juntar vinhos de várias castas numa única marca/garrafa, para lhes dar complexidade e para os diferenciar. Lotear pode ser uma arte. E em Portugal fazemos isso muito bem.
Maceração
Contacto entre o mosto e as partes sólidas dos cachos – películas e bagaço – durante a fermentação, que pode ser mais ou menos prolongada, com o objectivo de extrair propriedades como a cor, os aromas ou os taninos. Os enólogos utilizam para isso diversos métodos. A maceração carbónica é, normalmente, utilizada para os vinhos tintos, com as partes sólidas a serem colocadas em cubas de fermentação. A maceração pelicular é, normalmente, utilizada para os vinhos brancos e consiste em deixar as películas e grainhas em contacto com o mosto, em cubas.
Macio
Vinho suave que produz na boca sensações de macieza, ou seja, com poucos taninos.
Madeira
É um dos aromas presentes nos vinhos que estagiaram ou envelheceram em vasilhames de madeira. Assemelha-se, fundamentalmente, à baunilha, ao carvalho, fumo, a madeira queimada, ao cedro, ao incenso ou às resinas. Também é o nome de uma Denominação de Origem Protegida: a famosa região que foi demarcada em 1913 e tem a sua produção de vinho limitada às ilhas da Madeira e do Porto Santo. O Vinho Madeira é maioritariamente feito a partir da casta Negra Mole, e, em menor quantidade, a partir das castas nobres da região: Sercial, Boal, Malvasia, Verdelho e Terrantez, apresentando diferentes graus de doçura relativos às castas nobres. O envelhecimento deste vinho pode ser natural, tomando a designação de "canteiro", ou forçado em estufas, tomando a designação de "estufagem".
Master of Wine
É o título de maior prestígio que um especialista na indústria do vinho pode alcançar, concedido pelo histórico Institute of Masters of Wine, no Reino Unido.Um Master of Wine deve conhecer todos os aspectos do negócio do vinho (da viticultura à vinificação, passando pelo marketing e pela comunicação) e saber provar e avaliar vinhos com competência. O curso de Master of Wine existe desde 1953 e terminá-lo pressupõe passar em exames rigorosos e desafiantes. Não há ainda portugueses com o título.
Meio-doce
Vinho cujo teor de açúcares residuais excede o estipulado para os meio-secos e atinge um máximo de 45 gramas por litro.
Meio-seco
Vinho cujo teor de açúcares residuais excede os valores máximos referidos para os secos e atinge um máximo de 12 gramas por litro
Nariz
Termo que designa o conjunto de odores que compõem a perspectiva aromática de um vinho. Nos grandes vinhos de estágio, esta perspectiva é composta por aromas primários, secundários e terciários, bem equilibrados.
Natural
Vinho feito sem intervenção, ou com intervenção mínima. Por produtores que usam uvas próprias, que crescem em regimes de agricultura biológica ou biodinâmica, são colhidas à mão e depois fermentadas apenas com leveduras autóctones. Da vinha à linha de engarrafamento, não é usado sulfuroso ou quaisquer outros químicos ou produtos industriais.
Orange Wines
Feitos a partir de uvas brancas, o seu processo de produção é semelhante ao dos tintos: a fermentação é feita com as películas. São brancos de curtimenta em que a maceração é levada ao limite.
Organoléptica
Organoléptica O mesmo que prova. Apreciação de um vinho através dos sentidos como a cor, o aroma e o sabor.
Oxidação
É o processo de transformação de um vinho pelo contacto com o oxigénio e que normalmente leva a uma alteração da sua cor. Sendo indesejável nos vinhos de mesa novos, pode ocorrer nos vinhos velhos, tanto por defeito de rolha como por mau acondicionamento – diz-se que um vinho está oxidado quando se encontra deteriorado pela presença do ar e perdeu frescura e aromas; também se lhe chama um vinho passado. Em vinhos como os Portos, a oxidação é indispensável, conferindo-lhes aromas característicos.
Paladar
Sensação que o vinho produz ao degustá-lo, saboreá-lo e bebê-lo. Quando o vinho entra na boca, o provador deve saboreá-lo com a língua, esmagando-o contra o palato e as gengivas, para melhor perceber as características estruturais do vinho (corpo, álcool, tanino), o acetinado e a textura da matéria, para além dos seus aromas que vão alcançando o nariz por via retronasal.
Pé-franco
Pé-Franco é um plantio de videira directamente no solo sobre as suas próprias raízes, ou seja, sem recorrer a enxerto. Era muito comum antes da chegada da filoxera à Europa. Em Portugal ainda existem algumas videiras em pé-franco anteriores à devastação que mudou o rumo do mundo do vinho a nível mundial no século XIX. Há também produtores que, por opção e experimentação, fazem esse tipo de plantio na actualidade.
Planta-mãe
Ou Pé-mãe. Designação dada à videira da qual se tiram os garfos ou estacas destinadas a perpetuar a planta casta.
Persistência
Duração das sensações deixadas pelo vinho no nariz e na boca após ser deglutido ou cuspido; normalmente, quanto maior o tempo de persistência, melhor o vinho.
Personalidade
Designa o carácter distintivo que singulariza um vinho e que pode provir tanto das suas características específicas – cepa, vinha, microclima, etc. –, como da intervenção humana - vinificação, estágio, etc.
Pesado
Diz-se de um vinho com muita cor e estrutura.
Pét-Nat
É a abreviatura de Péttilant Naturel. É um vinho efervescente produzido pelo método ancestral, que em França pode ser apelidado também de "rurale", "artisanale" ou "gaillacoise”, conforme a região em que nos encontremos. É engarrafado antes de completar totalmente a sua primeira fermentação, ou seja, a fermentação dos açúcares naturais termina já na garrafa. É por isso que quando abrimos uma garrafa, vedada com carica, o vinho liberta “gás” (dióxido de carbono).
Porta-enxerto
Também chamado “barbado” ou videira sobre a qual se enxerta o garfo, é um elemento essencial na constituição de uma vinha. Dele depende a sua qualidade, produção e longevidade. Os porta-enxertos podem-se dividir em dois grupos: variedades puras e híbridos provenientes de cruzamentos inter-específicos.
Prensagem
Designação dada à operação que consiste na separação das matérias sólidas de uma vindima antes ou após a fermentação.
Prova cega
Prova de degustação de vinhos em que a identidade dos vinhos em apreciação é escondida. Os provadores fazem apenas uma avaliação qualitativa do produto que estão a apreciar e não são influenciados pelas informações relativas quer à marca ou ao ano de colheita.
Prova varietal
Degustação de diferentes vinhos elaborados com uma mesma variedade de uvas.
Quinado
Diz-se de um vinho aromatizado com quina.
Redondo
Um vinho harmonioso, equilibrado, macio e aveludado.
Reserva
Designação de qualidade atribuída a vinhos que apresentem características organolépticas destacadas e um teor alcoólico superior a pelo menos 0,5% vol. ao teor mínimo obrigatório. Em Portugal, a sua utilização obriga à indicação do ano de colheita e é geralmente usado nos VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada).
Rolha
Para além do vedante obtido da cortiça natural e/ou de cortiça aglomerada, diz-se também que um vinho tem rolha quando está afetado por um composto químico chamado trocloranisol (vulgarmente designado por TCA), presente na cortiça que deu origem à rolha, e que efecta irremediavelmente o vinho.
Seco
Termo que nos vinhos tranquilos, significa carácter sem sabores açucarados. Nos vinhos espumantes, indica um carácter algo açucarado (menos de 35 g). Diz-se que um vinho é seco quando, ao entrar na boca, produz uma impressão de secura, que se percebe, principalmente, depois da degustação. Abaixo das 2 g/l, o açúcar residual de um vinho é imperceptível ao paladar. A tonalidade doce começa a detectar-se claramente a partir dos 25 g/l. Os vinhos demasiado ricos em álcool "secam" ao envelhecer.
Sommelier
Ou escanção. É um intermediário privilegiado entre o produtor de vinhos e o consumidor final, seja num restaurante – inserido ou não num hotel – ou num bar. Escolhe os vinhos que figuram na carta de vinhos de determinado estabelecimento, faz a harmonização com determinados pratos ou com um menu em conjunto com o chef de cozinha e aconselha os clientes à mesa, ouvindo-os e nunca impondo os seus gostos pessoais. Deve ter um perfeito conhecimento do sector vitivinícola e boa cultura geral. Normalmente é alguém com um perfil sociável.
Sulfitos
Os sulfitos, ou dióxido de enxofre (SO2) são muito usados na indústria alimentar, sector do vinho incluído, como conservantes: previnem o desenvolvimento de bactérias e protegem o vinho contra a oxidação.. Há quem seja alérgico ao S02 e a legislação em vigor em diversos países obriga os produtores a colocar essa informação nos rótulos. Na União Europeia, por exemplo, a presença de sulfitos no vinho tinto não pode exceder os 160 mg/litro. Nos brancos, a taxa máxima é de 260 mg/l. Há estudos que apontam que a dose mínima para proteger o mosto da oxidação seja de 15 mg/l de enxofre. É comum a utilização de SO2 ao longo da vinificação, mas há cada vez mais produtores dispostos a minimizar ou mesmo eliminar este composto dos seus vinhos. Para o fazerem, têm de manter nas suas adegas e operações níveis de higiene ainda mais elevados e acompanhar ainda mais de perto todas as fases da produção.
Taninos
Elementos da maior importância na qualidade dos vinhos, são responsáveis por algumas das suas características organolépticas. Pertencem ao grupo dos polifenóis – matérias corantes de sabor amargo que influenciam a estrutura do vinho – e estão presentes não só nas uvas (películas, engaços e grainhas), mas também nos barris de madeira onde o vinho estagia. Os taninos conferem ao vinho potencial de envelhecimento, estrutura, corpo e sabor.
Tanoaria
É a arte de fazer vasilhames de madeira, como pipas, balsas ou tonéis. Também pode designar a oficina do tanoeiro ou um conjunto de tonéis. O tanoeiro é aquele que fabrica ou conserta tonéis, pipas ou outro tipo de vasilhame, em madeira. A profissão está em vias de extinção e são muito poucos os produtores (de vinho do Porto e vinha Madeira, sobretudo) que têm ainda tanoarias.
Ténue
Diz-se de um vinho fino e delicado, mas sem carácter.
Terroir
Termo de origem francesa que traduz a influência de diversos factores na qualidade das uvas das vinhas: solos, clima ou microclima, casta, meio ambiente, etc.
Tonel
Barrica ou recipiente grande de carvalho (ou castanho) com uma capacidade de 600 litros ou 900 litros, utilizada normalmente para estágio e armazenamento dos vinhos.
Torrado
Diz-se de um aroma e sabor que lembram os frutos secos torrados (amêndoas, avelãs), dos grãos torrados (café) ou pão torrado.
Untuoso
Termo que designa um vinho rico em glicerol, suave e macio ao paladar.
Varietal
Designa o aroma e sabor próprios da casta que deu origem ao vinho; também designado por monocasta, a complexidade varietal está relacionada com a nobreza de certas variedades muito apreciadas.
Vegetal
Aroma e gosto próprio de certas plantas, como a tília, tabaco, chá, acácia ou folha de vinha desfeita; geralmente são aromas florais ou arbóreos.
Vinagre
Quando o álcool se transforma em ácido acético, o vinho torna-se em vinagre; cheira como o ácido acético (cheira a vinagre de álcool) e, sobretudo, o de um dos seus ésteres, o acetato de etilo (odor a dissolvente de verniz de unhas). O vinho também pode também “envinagrar” em consequência de um acidente ou de uma doença. O vinagre de vinho já é um produto resultante da fermentação acética do vinho.
Vinoso
Vinho que cheira a mosto fresco, a vinho jovem, denso.
Vítis Vinífera
De nome científico vitis vinífera L., também conhecida como videira ou parreira, a Vítis Vinífera pertence à família botânica das Vitáceas e é a videira europeia da qual descendem todas as grandes castas do mundo. Há mais vítis mas sem a qualidade desta videira, que é a mais cultivada a nível mundial, nomeadamente em todas as regiões temperadas quentes, com destaque para os climas do tipo mediterrânico.. Acredita-se que será oriunda da Europa Meridional e Ásia Ocidental.
Volátil
Indica que se transforma facilmente em vapor. Ácido volátil devido ao vinagre (ácido acético) e ao acetato de etilo.
VLQPRD
Sigla de Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Determinada.
VQPRD
Significa Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada. A designação VQPRD abrange os vinhos classificados como DOC (Denominação de Origem Controlada) e IPR ((Indicação de Proveniência Regulamentada).
Xarope ou xaroposo
Vinho que parece um xarope, demasiado denso e doce, sem equilíbrio ácido.