Peixe cabeça de bolha e rato anfíbio entre as 27 novas espécies encontradas no Peru

Investigadores descobriram novas espécies de borboletas, peixes, anfíbios, um esquilo e um rato no Peru. Outras 48 espécies foram encontradas, mas ainda decorrem estudos para saber se são novas.

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Uma das espécies encontrada foi um peixe com cabeça de bolha, a função da sua estrutura invulgar continua a ser um mistério para os cientistas Robinson Olivera / REUTERS
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O peixe-cabeça-de-bolha, um tipo de peixe-gato blindado, e o “rato anfíbio”, com patas parcialmente espalmadas que se alimenta de insectos aquáticos, foram duas das 27 novas espécies descobertas durante uma expedição de 2022 à Amazónia peruana, segundo a Conservation International, uma organização não-governamental.

Os cientistas também descobriram um rato espinhoso, um esquilo, oito tipos de peixes, três anfíbios e dez tipos de borboletas, informou Trond Larsen, chefe do Programa de Avaliação Rápida da Conservação Internacional, à Reuters esta semana.

Ele acrescentou que outras 48 espécies encontradas pelos investigadores eram potencialmente novas, mas que precisavam de mais estudos para determinar. As novas espécies foram encontradas em Alto Mayo, uma área protegida com vários ecossistemas, territórios indígenas e aldeias no Peru.

A descoberta foi surpreendente, uma vez que a zona é particularmente afectada pela desflorestação, a agricultura e a pressão da densidade populacional. O Alto Mayo abriga diversas províncias, num total de cerca de 280 mil pessoas.

A jibóia da Amazónia ou suaçubóia (Corallus hortulana) foi uma das espécies avistadas durante a expedição Marlon Dag / REUTERS
Um exemplar de uma das 45 espécies de morcegos documentadas na expedição científica na paisagem do Alto Mayo, no Peru Marlon Dag / REUTERS
Foram observadas cerca de 218 espécies de borboletas durante a expedição Marlon Dag / REUTERS
Leptodactylus rhodomystax é uma espécie de anfíbios da América do Sul que se destaca pelas suas cores vibrantes Trond Larsen / REUTERS
Espécie de gambá observada na expedição realizada em Alto Mayo, no Peru Marlon Dag / REUTERS
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A jibóia da Amazónia ou suaçubóia (Corallus hortulana) foi uma das espécies avistadas durante a expedição Marlon Dag / REUTERS

“Descobrir tantas espécies novas de mamíferos e vertebrados é realmente incrível, especialmente numa paisagem tão influenciada pelo homem como o Alto Mayo”, disse Larsen.

A expedição, realizada entre Junho e Julho de 2022, foi composta por 13 cientistas, técnicos locais e membros de grupos indígenas. “Foi realmente fantástico trabalhar tão de perto com o povo awajun. Eles têm um vasto conhecimento tradicional sobre as florestas, os animais e as plantas com que vivem lado a lado”, explicou o chefe do programa.

As novas espécies

As “novas” espécies incluem quatro mamíferos. Entre elas, Larsen destacou o rato-espinhoso pelo seu pelo duro, o rato.anfíbio e o esquilo-anão que mede 14 cm. “O esquilo cabe tão facilmente na palma da mão. Adorável e com uma bela cor castanha, muito rápido”, disse Larsen. “Salta rapidamente e esconde-se nas árvores”.

Quanto ao rato-anfíbio, Larssen explica que encontrá-lo não foi uma tarefa fácil. “Pertence a um grupo de roedores carnívoros e semiaquáticos, cuja maioria das espécies é extremamente rara e difícil de recolher, o que lhes confere um estatuto quase mítico entre os especialistas em mamíferos... Só encontrámos este rato anfíbio numa única mancha de floresta pantanosa ameaçada pela agricultura invasora, e é possível que não viva em mais lado nenhum", acrescenta.

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O rato anfíbio tem patas parcialmente espalmadas e alimenta-se de insectos Ronald Diaz / via REUTERS

Um total de 2046 espécies foi registado durante a expedição de 38 dias, utilizando armadilhas fotográficas, sensores bioacústicos e amostras de ADN. Entre elas, 49 foram classificadas como ameaçadas, incluindo o macaco-de-cheiro-de-cauda-amarela e o macaco-arborícola.

Larsen comentou que as descobertas reforçaram a necessidade de proteger a área. “A menos que sejam tomadas medidas agora para salvaguardar estes sítios e ajudar a restaurar partes da paisagem... há uma forte probabilidade de não persistirem a longo prazo”, conclui.