Associação Zero apela à reformulação da expansão da linha Vermelha do Metro de Lisboa

Associação diz que o plano de expansão da Linha Vermelha não reduzirá as emissões tanto quanto seria possível. Seriam necessários 18 mil milhões de euros por ano para manter os objectivos no sector.

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A expansão da linha Vermelha já sofreu alterações que contribuíram para o aumento de despesa, para os 405 milhões de euros, e para a mudança da data da conclusão, no segundo mestre de 2027 Daniel Rocha
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A associação ambientalista Zero apelou nesta sexta-feira, 6 de Dezembro, à reformulação da expansão da linha Vermelha do Metro de Lisboa, de forma a maximizar a intermodalidade, melhorar a conectividade e assegurar um uso mais eficaz dos recursos públicos.

Em comunicado, a Zero apela ao Governo para que retome o plano de 2009, incluindo a estação de Campolide, como "interface estratégico e integrando" as linhas de Setúbal, Cascais e Sintra, e uma rede de eléctricos, "para melhor servir o centro da cidade".

A organização ambientalista recorda que terminou na quinta-feira o período de discussão pública do Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) da expansão da linha Vermelha, entre São Sebastião e Alcântara, para o qual a Zero "contribuiu, e sem o qual o projecto não pode avançar".

A Zero considera que o plano de expansão da linha Vermelha, na sua forma actual, "não conseguirá atingir a redução de emissões que seria possível e necessária, nem promoverá um aumento significativo na utilização de transporte público" na Área Metropolitana de Lisboa (AML), nomeadamente nos seus concelhos mais ocidentais.

O RECAPE, de acordo com a Zero, procura dar cumprimento, "mas sem integral sucesso", à Declaração de Impacto Ambiental (DIA) emitida sobre um estudo prévio "que ignorou de forma ostensiva o potencial dos interfaces da linha vermelha com as linhas de comboio de Setúbal (Fertagus) e de Cascais na futura estação de comboio do Alvito, e sobretudo a enorme mais-valia que constituiria o interface com a estação de comboio de Campolide enquanto nó fundamental da rede ferroviária metropolitana".

A manter-se o rácio entre investimento e emissões reduzidas, a Zero considera que seria necessário "investir em média 18 mil milhões de euros por ano, a preços actuais", para cumprir os objectivos de emissões no sector dos transportes até 2050, "o que, sendo irrealizável, demonstra a inviabilidade financeira deste investimento do ponto de vista da redução de emissões no sector dos transportes".

Segundo a Zero, os "mais de 400 milhões de euros previstos" para a obra poderiam ser "mais eficazmente utilizados", do ponto de vista da mitigação das alterações climáticas, "na electrificação da frota de autocarros e da logística urbana" ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com um impacto mais significativo na redução das emissões de gases com efeitos de estufa e na melhoria da mobilidade na AML.

"A implementação de um plano integrado e ambicioso é essencial para que Lisboa alcance as suas metas de descarbonização e desenvolva uma rede de transportes moderna e eficiente", sublinha a associação.

De acordo com a Zero, o projecto, concebido para um cenário em que o Aeroporto Humberto Delgado se manteria, "é resultado do inexplicável abandono do Plano de Expansão de 2009, que previa estações em Campolide e no Alvito", consideradas pela associação como "cruciais para a criação de interfaces eficientes para o sistema de transportes".

A Zero recorda que, sem aqueles "elementos de descongestionamento", as estações de Sete Rios e Entrecampos vão "continuar sobrecarregadas, aumentando os tempos de espera e asfixiando a capacidade da linha de Cintura".

A expansão da linha Vermelha é financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência em 304 milhões de euros. Outros 101,4 milhões de euros surgem através de "verba inscrita ou a inscrever" no ano de 2026.

Já foram registadas duas revisões ao projecto inicial, que tinha um valor total de investimento de 304 milhões de euros do PRR, e cuja previsão de conclusão era Dezembro de 2025. Desta forma, houve um aumento de despesa para os 405 milhões de euros e alterada a conclusão dos trabalhos para o segundo semestre de 2027 (mais 18 meses).

Actualmente, de acordo com dados apresentados pela secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, no Parlamento, o projecto, que esteve suspenso durante cinco meses, tem um desvio orçamental de 101,4 milhões de euros, mais 33% face ao inicialmente previsto, apresentando uma taxa de execução de 1,4%.

Os 405,4 milhões de euros de investimento provêm maioritariamente do PRR (88%), sendo 357,51 milhões de euros a somar aos 47,9 milhões de euros provenientes do Orçamento do Estado.