Apesar da “turbulência”, exportações de vinho em Portugal sobem em 2024. Brasil representa maior crescimento

Os dados da ViniPortugal mostram uma subida das exportações em comparação com o ano anterior. Até 2030, o objectivo é alcançar os 1.2 mil milhões de euros, com a presença em mercados-chave.

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Brasil substituiu o Reino Unido como um dos principais países de destino dos vinhos nacionais Miguel Madeira
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Entre Janeiro e Setembro de 2024, Portugal exportou 260 milhões de litros de vinho, com um valor de 698 milhões de euros. Os dados, partilhados esta quinta-feira pela ViniPortugal no Fórum Anual dos Vinhos de Portugal, em Leiria, revelam um crescimento das exportações face ao período homólogo de 2023. Apesar disso, Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, fala num ano desafiante.

"Não me lembro de um ano com tanta turbulência", afirmou o presidente da ViniPortugal na abertura do Fórum Anual dos Vinhos, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, referindo-se à quebra do consumo mundial de vinhos. Além de serem apresentados os dados do desempenho das exportações de vinho em 2023 e em 2024, a edição deste ano do evento centrou-se nos problemas enfrentados pelo sector e no novo plano estratégico de promoção da ViniPortugal (que gere a marca Vinhos de Portugal), com objectivos até ao ano de 2030.

“É um ano de muita turbulência nacional, mas é um ano que reflecte a baixa de consumo mundial de vinhos, sobretudo em 2023”, afirmou ao Terroir o presidente da ViniPortugal, no final do evento. “Isso afectou Portugal, como afectou a maioria dos países produtores de vinhos. No entanto, se olharmos para 2024 e olharmos para a situação de Portugal, as coisas não estão tão mal assim.”

Os dados revelados pela ViniPortugal mostram que, em 2023, Portugal manteve-se no top 10 dos maiores exportadores mundiais de vinho, ocupando a oitava posição em volume de vendas (319 milhões de litros) e a nona em termos de valor (925 milhões de euros). Contudo, a tendência crescente de exportações registada nos anos anteriores inverteu-se ligeiramente o ano passado.

Este ano, e em comparação com o período até ao terceiro trimestre de 2023, as exportações voltaram a aumentar em volume e em valor, com uma quebra no preço médio, sobretudo no mercado europeu. “Aumentámos em volume e em valor, mas estamos a perder preço médio. É um sinal evidente quando sabemos que as adegas têm excesso de vinho acumulado, havendo sempre uma pressão para baixar o preço”, explica Frederico Falcão. O presidente da ViniPortugal acrescenta que este valor foi também influenciado negativamente pelas “exportações a granel feitas [por Portugal] para Espanha”.

Os Estados Unidos continuam a ser o principal mercado de exportações de vinho português (com 77 milhões de euros), além de França (76 milhões de euros), do Brasil (66 milhões de euros), do Reino Unido (53 milhões de euros) e do Canadá (38 milhões de euros). As exportações para o Reino Unido, que o ano passado renderam 67 milhões de euros, registaram uma quebra significativa, ocupando agora o Brasil essa terceira posição.

Frederico Falcão, salientou, aliás, a crescente importância do mercado brasileiro no panorama das exportações nacionais. “O Brasil tem estado com um desempenho muito grande, muito positivo, é o país que tem liderado o crescimento das exportações”, continua. “Já era o nosso primeiro país sem [considerar a exportação de vinho do] Porto. Considerando as exportações totais, passou a ser o nosso terceiro país, ultrapassando o Reino Unido.”

No plano estratégico apresentado pela ViniPortugal com metas até ao ano de 2030, o Brasil, ao lado dos Estados Unidos e do Canadá, representa 50% do investimento de marketing dos Vinhos de Portugal. “Mas não vamos cometer o erro que alguns países e regiões fizeram e colocar os ovos todos no mesmo cesto”, sublinha o presidente da ViniPortugal.

Mercados como a Suíça, os Países Baixos, o Luxemburgo, a Bélgica, a Polónia, a Suécia, o Japão e a Ucrânia também merecerão 11% do investimento total. O objectivo será "concentrar recursos num número mais reduzido de mercados", com uma "presença exploratória em mercados de nicho" e outros de "potencial interesse", como o Benelux ou a Coreia do Sul.

O novo plano estratégico da ViniPortugal prevê uma redução da presença nalguns mercados – por exemplo, no México, na Rússia, em Angola, na Alemanha, na Noruega e a Dinamarca – “para tentar criar mais massa crítica em menos países”, adianta Frederico Falcão. “Na Alemanha ainda vamos manter a presença através da feira ProWein. Nunca é fácil cortar países, mas era sentimento do sector que nos devíamos concentrar em menos países. A lógica foi cortar nos países que estavam a corresponder menos bem aos nossos estímulos de promoção.”

Até 2030, a meta será alcançar os 1,2 mil milhões de euros em exportações e aumentar o preço médio de 3.05 euros/litro para 3.19 euros/litro. Também se pretende que 40% das empresas que trabalham com a ViniPortugal – “cerca de 500”, afirma Frederico Falcão – obtenham a certificação no Referencial Nacional de Sustentabilidade até esse ano.

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