A probabilidade de ocorrência de um fenómeno meteorológico La Niña nos próximos meses diminuiu, afirmou o gabinete meteorológico da Austrália nesta terça-feira, acrescentando que, se o fenómeno surgisse, seria fraco e de curta duração.
O desenvolvimento do fenómeno La Niña e do seu oposto, o El Niño, é de grande importância para a agricultura mundial, uma vez que o La Niña aumenta normalmente a precipitação no Leste da Austrália, no Sudeste Asiático e na Índia e reduz a precipitação nas Américas.
“A probabilidade de ocorrência de um fenómeno La Niña nos próximos meses diminuiu”, afirmou o Gabinete Australiano de Meteorologia numa actualização quinzenal.
O gabinete afirmou que o seu modelo climático interno sugere que o fenómeno La Niña não se desenvolverá e que os dados de quatro dos seis outros modelos climáticos que analisam batem certo com esta previsão.
O La Niña e o El Niño são causados pelo arrefecimento e aquecimento das temperaturas da superfície do mar ao largo do oeste da América do Sul.
“Caso o La Niña venha a desenvolver-se, prevê-se que seja relativamente fraco (em termos da intensidade da anomalia da temperatura da superfície do mar) e de curta duração, com todos os modelos a preverem valores neutros em Fevereiro”, afirmou o gabinete.
Outras previsões
Outros meteorologistas também estão menos confiantes na ocorrência de um fenómeno La Niña. Na semana passada, um analista do Governo dos EUA afirmou que havia 60% de probabilidades de surgir um La Niña até ao final de Novembro, que persistiria até Janeiro-Março de 2025. Um mês antes, o mesmo especialista tinha afirmado que havia 71% de hipóteses de formação de um La Niña.
“O oceano Pacífico tropical reflectiu condições neutras — nem El Niño nem La Niña — em Setembro. Os meteorologistas continuam a favorecer o La Niña no final deste ano, com cerca de 60% de hipóteses de se desenvolver em Setembro-Novembro. No entanto, a probabilidade de formação do La Niña é um pouco menor do que no mês passado, e é provável que seja um evento fraco”, refere um comunicado da Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOOA, na sigla em inglês), divulgado no passado dia 10 de Outubro.
O mesmo documento confirma que “os meteorologistas reduziram um pouco [as estimativas] da probabilidade global de desenvolvimento do La Niña em relação ao mês passado”. Ainda que o fenómeno continue a ser esperado, “estamos menos confiantes no surgimento de La Niña”.
Além disso, acrescentam os especialistas, se o La Niña se formar, é muito provável que seja um fenómeno fraco, com um máximo entre -0,9 e -0,5°C, em conformidade com as previsões dos modelos. “No registo histórico, que começa em 1950, apenas quatro La Niña se formaram nesta altura do ano, dois em Setembro-Novembro e dois em Outubro-Dezembro. Todos eles foram fracos ou situaram-se na fronteira entre o fraco e o moderado. Os eventos El Niño são mais fortes no Inverno, pelo que há menos tempo para este La Niña crescer a partir do ponto em que nos encontramos agora.”