Avança impugnação à eleição de Ana Alves e outros dirigentes na CRV de Trás-os-Montes
Até aqui técnica da comissão vitivinícola, com as pastas da promoção e certificação, Ana Alves diz que a sua candidatura cumpriu todas as regras. É a continuação de uma polémica que estalou no Verão.
Um grupo de agentes económicos do sector do vinho vai avançar com um pedido de impugnação das eleições para os órgãos sociais da Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM), foi nesta quinta-feira divulgado.
O acto eleitoral para a direcção e conselho fiscal aconteceu na segunda-feira, tendo sido eleita Ana Alves como presidente da CVRTM, com sede em Valpaços, distrito de Vila Real.
Contactada pela Lusa, Ana Alves disse desconhecer o conteúdo e as razões da impugnação, adiantando apenas ter apresentado a sua candidatura a presidente da direcção cumprindo "rigorosa e escrupulosamente os estatutos, regulamento eleitoral e de mais disposições legais".
Mário Abreu Lima, presidente do conselho geral da CVR eleito a 13 de Setembro, afirmou que o pedido de impugnação "é legítimo" e que vai aguardar "com calma e serenidade" porque tem a "consciência de que tudo foi conduzido dentro das normas, estatutos e leis que são vigentes, neste momento, para o sector".
Na informação transmitida nesta quinta-feira à imprensa é dito que o pedido de impugnação entra a 11 de Outubro, num tribunal competente, por ilegalidades nas eleições, sendo que uma das alegações diz respeito à Associação de Produtores de Vinho de Trás-os-Montes, que não terá sido admitida pela direcção na CVR, mas que aparece representada no conselho geral.
Os agentes subscreveram uma carta aberta, dirigida ao primeiro-ministro, ministro da Agricultura e secretário de Estado da Agricultura, pedindo uma célere intervenção.
Na carta referem que o sector do vinho de Trás-os-Montes enfrenta uma grave crise, que não existiam eleições na CVR desde 2016, que há suspeitas de fraudes com dinheiros e administrativas, acrescidas de irregularidades graves para adulterar cadernos eleitorais, e que não há contas aprovadas desde 2020.
"Não se pode aceitar este sistema. Os produtores foram usurpados. Há um abuso de poder e direito inaceitável. O objectivo é que a entidade que verifica e gera a denominação de origem opere na legalidade e que a certificação do vinho seja legal. Queremos que a região seja séria, que saiba promover e proteger", salienta ainda.
Sector quer virar de página
Para estes agentes económicos, que representam 66% dos quilos de uva produzidos na região, a constituição de uma nova direcção deveria ser um virar de página, depois de nove anos sem eleições e com uma sistemática degradação da CVR.
Considerando que houve "manipulações eleitorais dignas de terceiro mundo", os subscritores dizem que, em protesto, abandonaram a reunião de tomada de posse do conselho geral e que não compareceram no último ato eleitoral.
Mário Abreu Lima não se mostrou surpreendido com a anunciada impugnação do acto eleitoral, mas salientou não encontrar razão alguma para este procedimento.
"Tudo será elaborado com transparência, com legitimidade e daremos conhecimento, passo a passo, das acções que forem desenvolvidas, certos de que não toleraremos nada que ponha em causa a credibilidade e a seriedade de uma instituição que representa os viticultores e um conjunto alargado de agentes económicos da região", afirmou.
A carta aberta foi subscrita por produtores, dirigentes associativos e de adegas e ex-elementos da CVR como Augusto Lage, Pedro Vinagre, Telmo Moreira, Natacha Teixeira, Valdemar Pinheiro, Francisco Cunha, Regina Nobre, Pedro Amaro, Raul Lopes e Dinis Moutinho.
Em Agosto deu entrada no Ministério Público uma denúncia anónima que visa, entre outros, o anterior e a actual presidente desta comissão vitivinícola. O ex-presidente da CVR Francisco Pavão não se recandidatou ao cargo.
Entretanto, a presidente cessante do conselho geral, Natacha Teixeira, defendeu uma auditoria às contas da CVRTM e apontou suspeitas de irregularidades, falta de transparência nas contas, empolamento de despesa e cadernos eleitorais adulterados.
Francisco Pavão já refutou as acusações considerando ter sido alvo de "injúrias" e de um "ataque insultuoso" que "penalizou a região".