Israel lança incursão terrestre “limitada, localizada e precisa” no Líbano
Governo israelita aprovou início da próxima fase da guerra contra o Hezbollah na noite de segunda-feira. Incursão terrestre “localizada” é acompanhada de novos ataques aéreos contra alvos em Beirute.
As Forças Armadas de Israel lançaram uma incursão terrestre "limitada, localizada e precisa" no Sul do Líbano na noite de segunda para terça-feira, como confirmou já depois das 2h locais a cúpula militar do Estado hebraico. A operação tem como alvo declarado "uma ameaça imediata contra comunidades israelitas" junto à fronteira libanesa, acrescentam os militares.
Horas antes, e como haviam noticiado os jornais Jerusalem Post e Haaretz, o Governo israelita reuniu-se para aprovar a "próxima fase" da guerra contra o Hezbollah em território libanês.
A imprensa de Beirute, por seu turno, indica que há tropas israelitas em movimentações em aldeias e vilas do Sul do Líbano, em paralelo com ataques de artilharia contra localidades como Aita ash-Shab. O New York Times, citando fontes israelitas, afirma que a operação se cinge para já a uma estreita faixa territorial próxima da fronteira.
A incursão tinha sido precedida da retirada do Exército libanês de várias localidades na região e foi acompanhada por novos ataques aéreos contra alvos em Beirute, cerca de 30 minutos depois de Israel ter emitido ordens de evacuação para os residentes próximos de edifícios que albergariam instalações do Hezbollah em Dahieh, zona sul da capital libanesa. Várias explosões de grande dimensão foram ouvidas esta noite.
Na vizinha Síria, as autoridades relatam a morte de três pessoas, incluindo uma jornalista da televisão estatal, numa série de ataques aéreos que Damasco também atribui a Israel.
Do lado israelita da fronteira, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa) designaram uma área próxima do Líbano como “zona militar fechada”, proibindo o acesso de civis aos municípios israelitas de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi.
EUA temem guerra em larga escala
Desta vez, ao contrário de outros momentos da escalada de violência das últimas semanas no Médio Oriente, e mesmo antes da confirmação israelita de que a operação estava em curso, os Estados Unidos disseram ter sido informados antecipadamente por Israel. “É esse o nosso entendimento”, disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, quando questionado numa conferência de imprensa se Israel tinha iniciado operações terrestres. “Fomos informados de que estão neste momento a conduzir operações limitadas contra infra-estruturas do Hezbollah perto da fronteira”, disse.
De acordo com o jornalista israelita Barak Ravid, do site Axios, Washington fez esta noite saber ao governo de Benjamin Netanyahu que a Casa Branca está preocupada com o risco de que "uma operação limitada no tempo e no âmbito geográfico possa degenerar em algo maior e mais longo". O precedente é o das operações militares israelitas de 1982 e 2006 no Líbano, que comportaram elevados custos humanos e não atingiram todos os objectivos declarados.
De resto, a mobilização de milhares de soldados israelitas para as proximidades da fronteira com o Líbano sugere a possibilidade de uma nova invasão em larga escala.
O Ministério da Saúde libanês indica que pelo menos 95 pessoas morreram e outras 172 ficaram feridas nos ataques israelitas desta segunda-feira, elevando o balanço de vítimas da ofensiva das duas últimas semanas contra o Hezbollah para mais de mil mortos, incluindo o líder máximo do movimento, Hassan Nasrallah.