Miguel Bastos Araújo recebe prémio da Sociedade Britânica de Ecologia
Investigador foi premiado pelo “estudo dos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade”.
O geógrafo e professor catedrático em biodiversidade Miguel Bastos Araújo é o vencedor do Prémio Marsh para a Investigação em Alterações Climáticas de 2024, atribuído pela Sociedade Britânica de Ecologia (SBE), soube-se nesta quarta-feira.
Miguel Bastos Araújo “é reconhecido como um líder mundial no estudo dos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade”, explica aquela instituição, num e-mail enviado ao PÚBLICO, referindo-se à importância do trabalho do Prémio Pessoa de 2018. O prémio tem um valor de 1000 libras esterlinas, o equivalente a 1190 euros.
“A Sociedade Britânica de Ecologia é a mais antiga sociedade profissional de ecologia a nível internacional e uma das mais prestigiadas. Tendo eu feito a maior parte da minha formação académica no Reino Unido, este reconhecimento tem um sabor especial”, refere o investigador ao PÚBLICO.
Ao longo dos anos, Miguel Bastos Araújo tem vindo a estudar e a modelar a distribuição das espécies tendo em conta o clima. “Comecei a trabalhar no tema há quase 25 anos”, explica. “Hoje, o esforço da minha equipa reside primordialmente no desenvolvimento de teoria e modelos que permitam caracterizar e modelar as propriedades emergentes da biodiversidade e sua relação com dinâmicas ambientais e socioeconómicas.” Um dos seus trabalhos mais recentes mostra que é possível renaturalizar 25% da paisagem europeia.
De acordo com a SBE, o investigador “contribuiu para moldar a ecologia moderna e a conservação ao fazer uma análise pioneira de grandes quantidades de dados acerca da distribuição de espécies, ajudando a descobrir os padrões e os processos que estão por trás da distribuição de vida na Terra, e prevendo os efeitos das alterações climáticas na biodiversidade”.
Além de ser professor catedrático de Biodiversidade na Universidade de Évora, Miguel Bastos Araújo trabalha no Museu Nacional de Ciências Naturais em Madrid. Nos últimos anos, o especialista tem recebido vários prémios, como o Wolfson Research Merit Award (2014), o Prémio Rey Jaume I (2016) e o Ernst Haeckel Prize (2019), além do Prémio Pessoa.
“A sua investigação tem sido crucial para a criação das melhores práticas correntes para os modelos e para os dados nas previsões das mudanças da biodiversidade ao longo do tempo”, conclui a SBE. Olhando para o futuro, Miguel Bastos Araújo adianta que tem “como ambição preparar o caminho para uma nova geração de modelos que permita compreender de que forma se alterará a biodiversidade no decorrer deste século e nos séculos seguintes”.
Desde 2009 que o Prémio Marsh para a Investigação em Alterações Climáticas é atribuído pela Marsh Charitable Trust, uma organização de caridade do Reino Unido, em parceria com a SBE, que dá ainda o Prémio BES, o Prémio Marsh para a Ecologia, entre outros. A cerimónia de atribuição dos prémios será realizada a 12 de Dezembro.
Notícia actualizada às 11h30 com as declarações de Miguel Bastos Araújo.