Aveleda recebe certificação de sustentabilidade B Corp

Trabalhar “com a natureza e não contra a natureza” é o objectivo da empresa familiar com mais de 150 anos. As práticas sustentáveis estendem-se a quatro regiões vitivinícolas nacionais, de Norte a Sul

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Entre as iniciativas de sustentabilidade conta-se o recurso a enrelvamentos de plantas compatíveis com a vinha permitem combater infestantes, reter água e evitar a erosão do solo Nelson Garrido/Arquivo Público
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A Aveleda recebeu no final de Julho a certificação B Corp, uma distinção criada nos Estados Unidos para reconhecer as boas práticas sociais e ambientais das empresas. O grupo familiar, que conta já 154 anos de história, foi avaliado em parâmetros como a pegada de carbono, a gestão de água, de energia e de resíduos, as pessoas e a biodiversidade. O objectivo da empresa é continuar a ser “cada vez mais exigente” com a sustentabilidade, afirma Martim Guedes, co-CEO do grupo.

A certificação da Aveleda segue-se à da Symington, a primeira empresa de vinhos em Portugal a fazer parte da B Corp, em 2019. Ao Terroir, Martim Guedes afirma tratar-se de “um processo longo, que começou há mais de um ano”, embora as preocupações de sustentabilidade da empresa sejam antigas. “Já faço parte da quinta geração. Na altura não se usava a palavra sustentabilidade, mas, com outras palavras mais adequadas à época, houve sempre essa preocupação de atenção às pessoas e à natureza”, diz.

A Aveleda decidiu candidatar-se à certificação norte-americana pelo seu elevado nível de exigência, conta o responsável do grupo. “Na Europa há mais de 300 certificações de sustentabilidade, o difícil é escolher uma. A nossa escolha foi a B Corp porque nos pareceu a mais exigente e completa, a que cobria mais áreas dentro da sustentabilidade. E também pelas empresas que lá estão a nível mundial: a Danone, a Patagonia, a Natura, a Body Shop, o grupo Symington em Portugal.”

Para obter a certificação, a empresa foi avaliada em parâmetros económicos, sociais e ambientais. “Tínhamos de ter 80 pontos e tivemos 84”, continua Martim Guedes. “Foram muito exaustivos na check-list das várias áreas de sustentabilidade, desde a pegada de carbono à gestão de energia, de água, dos resíduos, a biodiversidade e as pessoas.”

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A Aveleda detém 600 hectares de vinhas, nas regiões de Douro, Bairrada, Algarve e Vinhos Verdes, com esta última a representar mais de 80% da área total. Ana Teresa Miranda/DR
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A certificação B Corp é o culminar de “um processo longo, que começou há mais de um ano”, explica Martim Guedes, co-CEO da Aveleda, sublinhando que as preocupações de sustentabilidade da empresa são antigas. Luís Ferraz/DR

As preocupações de sustentabilidade são transversais de Norte a Sul do país, nos 600 hectares de vinha que a empresa detém em quatro regiões vitivinícolas – a saber: Vinhos Verdes, Douro, Bairrada e Algarve, com a primeira a representar a larga maioria (490 hectares). “As medidas são aplicadas em todas as regiões, cada uma com a sua particularidade”, continua o responsável da Aveleda. “A doença do míldio é muito prevalente na região dos Vinhos Verdes, por exemplo. Noutras regiões há outros desafios, como a gestão de água, que é mais crítica.”

Martim Guedes afirma que a empresa começou a fazer relatórios de sustentabilidade em 2011. Desde então, muita coisa tem mudado – para melhor. No ano passado, por exemplo, a empresa plantou 500 árvores. Este ano, o objectivo é plantar 800 e, em 2025, serão cerca de mil árvores. O número de espécies nos jardins da empresa também tem aumentado e, em 2025, estima-se que haverá, pelo menos, 382 espécies.

Ao mesmo tempo, a empresa tem apostado em várias medidas para reduzir o consumo de água e a pegada de carbono. Uma delas é a utilização de garrafas mais leves, a permitir baixar as emissões de CO2. “Na produção de vidro a altas temperaturas é inevitável ter uma elevada pegada de carbono. O que conseguimos fazer é ter garrafas mais leves, de 380 gramas, quando há dez anos eram 550 gramas.”

O enrelvamento, com a plantação de plantas invasoras, mas compatíveis com a vinha e ideais para o controlo de infestantes, é outra das medidas sustentáveis, a permitir reduzir os herbicidas e a passagem de tractores.

Em fase experimental está também a robotização dos trabalhos vitivinícolas e a utilização de drones para analisar as vinhas. “A viticultura tem muito para mudar a nível de tecnologia nos próximos anos. Isso permite fazer um trabalho de precisão e dar a cada planta exactamente o que ela precisa, aplicar menos quantidade de produtos.”

O objectivo da Aveleda é continuar “cada vez mais exigente” a nível de sustentabilidade. Não só internamente, como com os “parceiros e fornecedores”, sublinha o co-CEO. “Começarmos a trabalhar com os nossos parceiros e exigir e ajudá-los a que tenham também elevados standards de sustentabilidade.”

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