A situação de seca crónica que se faz sentir na região algarvia beneficiou de um “certo alívio” na semana santa. O próximo Verão tem água garantida. Os alívios em relação aos cortes anunciados, diz Macário Correia, podem agradecer à “bênção” da chuva caída na Páscoa. A ministra Maria da Graça de Carvalho admite “margem para aliviar um pouco as restrições que têm vigorado até agora”, impostas em Fevereiro deste ano.
“Temos a consciência de que a falta de água no Algarve é um problema que veio para ficar, mas, felizmente, a precipitação foi maior do que nos meses anteriores”, afirmou a ministra do Ambiente, Maria da Graça de Carvalho, após reunir na passada terça-feira com a Subcomissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras. Por conseguinte, concluiu a governante, depois de um encontro na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR), “temos aqui margem para aliviar um pouco as restrições que têm vigorado até agora”.
Cortes de 15% para todos?
A comissão que representa os agricultores, liderada por Macário Correia, lançou o desafiou ao Governo: só aceitará cortes de 15% se forem iguais para todos os consumidores, incluindo os golfes e o sector urbano. Maria da Graça Carvalho recusou-se a responder, limitando-se a afirmar que a Agência Portuguesa do Ambiente “apresentou vários cenários” para redimir a escassez de recursos hídricos.
A decisão, disse, será tomada na próxima reunião interministerial da Comissão Permanente da Seca, que deverá acontecer até ao próximo dia 10. “Estou convencido de que o Governo será capaz de se aproximar e chegar a acordo daquilo que nós temos como preocupações”, declarou Macário Correia aos jornalistas, insistindo que a “semana santa foi a mais abençoada que tivemos nos últimos anos, e foi daí que vieram as grandes soluções”.
No que diz respeito às grandes medidas, anunciados no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a ministra acha que os “investimentos vão em bom ritmo”, mas a central dessalinizadora só dentro de dois anos é que poderá estar a funcionar.
Os agricultores e autarcas, por seu lado, reiteram as críticas à administração central, por não ter enfrentado a realidade da aridez no sul do país. As barragens que têm sido feitas nos últimos 20-25 anos, referiu Macário Correia, são por impulso dos municípios e das associações de regadio”.
O estudo para a avaliar a construção da barragem da Foupana, no valor de 400 mil euros, foi lançado ontem na plataforma digital “É preciso encontrar fontes de financiamento para fazer a obra”, reivindicou. Nos últimos seis anos, reconheceu a ministra, a precipitação média anual diminuiu 35%. “Não é uma seca temporária, é já uma escassez de água”, enfatizou. O PRR dispõe de um pacote de 237 milhões de euros para investir no sector da água, mas só a dessalinizadora tem um custo mínimo de 100 milhões.