Guimarães é uma das três finalistas na disputa pelo título de Capital Verde Europeia 2025. A cidade, que remonta à génese de Portugal, compete com Graz, na Áustria, e Vílnius, na Lituânia. O vencedor será anunciado em Outubro em Talin, na Estónia, e receberá um apoio de 600 mil euros para promover estratégias de sustentabilidade. O prémio reconhece o empenho das cidades em questões ambientais, como qualidade do ar, biodiversidade e alterações climáticas.
Em 2001, a cidade portuguesa tornou-se Património Mundial da UNESCO, nos anos subsequentes recebeu títulos a nível europeu ligados às áreas do desporto e da cultura. A partir de 2013, a cidade concentrou-se na transformação ambiental, um esforço que a vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Adelina Pinto, destaca: “Para sermos uma cidade de cultura, de património e história, precisávamos ter uma atenção redobrada a algo de que se começava a falar: a sustentabilidade ambiental.”
Desde então, a cidade concentrou-se em três vertentes: a produção de conhecimento, o envolvimento das escolas e a participação dos cidadãos, sendo a última o foco principal da candidatura para a Capital Verde Europeia 2025. “Não mudamos o ambiente, se não envolvermos o cidadão. Não vale a pena dizer que é preciso reciclar o lixo, se as pessoas não perceberem o motivo. Nem dizer que a água é um bem valioso e que tem de ser consumida com moderação, se as pessoas, no seu dia-a-dia, não tiverem práticas de redução do consumo”, explica Adelina Pinto.
Sensibilização ambiental é a chave para a transformação
A vice-presidente da câmara defende ainda que, se Guimarães almejava criar políticas ambientais, o primeiro passo seria entender o que precisava de ser feito. Para isso, numa parceria entre a Câmara Municipal de Guimarães, a Universidade do Minho e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, foi criado o Laboratório da Paisagem em 2014.
“O Laboratório da Paisagem foi fundado para que conseguíssemos criar um ecossistema de produção de conhecimentos nas áreas ambientais. E, depois, transferi-lo para a comunidade. Portanto, para promover a aproximação de quem produz o conhecimento académico e a população”, salienta Adelina Pinto.
O envolvimento das escolas em projectos de sustentabilidade também é um dos compromissos essenciais de Guimarães para a construção de um futuro mais verde. Conforme destacado por Adelina Pinto, “a educação tinha de estar presente”. “Falar em sustentabilidade ambiental é falar em mudanças de paradigmas, formas diferentes de estar, de olhar para o planeta e para os recursos”, diz a autarca.
As escolas locais, públicas e privadas, não apenas adoptaram práticas sustentáveis, como também incentivaram a autonomia dos alunos para promoverem mudanças substanciais na sua comunidade. Por meio de projectos, como o PEGADAS (Programa Ecológico de Guimarães para a Aprendizagem do Desenvolvimento Ambiental Sustentável), os estudantes desenvolvem uma consciência ambiental aguçada e participam na modelagem de um amanhã mais sustentável.
“Estamos a trabalhar com conteúdos adequados às idades. Essas crianças têm esta vantagem enorme que é: alteram rapidamente o seu paradigma; percebem, por exemplo, que temos de poupar água. Além disso, levam também a informação para casa, convencendo as famílias mais próximas e os amigos a adequar-se aos novos comportamentos”, diz a vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães.
Assim, a nomeação como finalista da Capital Verde Europeia 2025 reflecte o reconhecimento do trabalho executado pelo município, considera Adelina Pinto. Os projectos executados foram expostos na candidatura que elevou Guimarães a uma das três cidades na corrida para receber o título. A cidade candidatou-se a esse prémio pela primeira vez em 2017 e, no ano seguinte, em 2018, alcançou o 5.º lugar. Desde então, Guimarães passou a investir em mais áreas verdes e programas com foco na sustentabilidade e biodiversidade.
Inspiração para cidades médias
Em 2020, Lisboa recebeu o título de Capital Verde Europeia. Adelina Pinto destaca que em Guimarães os processos apresentam diferenças em resultado do seu porte e número de habitantes. Como uma cidade média, a vice-presidente ressalta que o prémio não apenas traria maior visibilidade a Guimarães para as acções empreendidas, mas também serviria de inspiração para outros municípios com características semelhantes.
Caso vença, Guimarães planeia utilizar o prémio de 600 mil euros para fortalecer as suas iniciativas sustentáveis em curso. Além disso, os recursos financeiros serão direccionados para projectos de revitalização da cidade, comunicação acerca das novas iniciativas ambientais e aprimoramento das condições tanto para os cidadãos locais, como para os visitantes que participem dos eventos programados para o ano de 2025.
No entanto, Adelina Pinto ressalta que, independentemente do resultado, a cidade já se considera vencedora pelos resultados alcançados no trabalho de sensibilização ambiental e mudança de mentalidade. “O que queremos é que fiquem práticas consistentes na vida das pessoas, que as ajudem a respeitar o ambiente, a respeitar a sua casa-mãe.”
A 5 de Outubro deste ano, os três finalistas terão a oportunidade de apresentar as suas propostas perante o júri, em Talin, capital da Estónia. O título cobiçado de Capital Verde Europeia 2025 e um prémio financeiro de 600 mil euros aguardam o vencedor, fortalecendo assim o envolvimento do cidadão na promoção das estratégias propostas.