No Algarve, há um Algibre da Quinta da Tôr a causar burburinho e a ganhar prémios

O Quinta da To^r Grande Reserva Algibre Tinto 2017 ganhou a Grande Medalha de Ouro do XV Concurso de Vinhos do Algarve. E ainda nem foi engarrafado.

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O engenheiro electrotécnico Mário Santos é o proprietário da Quinta da Tôr, que comprou por ligação emocional ao local. DR
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Mário Santos, proprietário da Quinta do Tôr, no concelho de Loulé, está a gerir as expectativas causadas pelo Grande Reserva Algibre 2017. A Grande Medalha de Ouro no XV Concurso de Vinhos do Algarve, anunciada a 2 de Junho, fez disparar os rumores e os pedidos, mas os impacientes terão de esperar até, provavelmente, o início de Julho. O vinho ainda nem sequer foi engarrafado.

“Para o concurso, engarrafámos as garrafas necessárias e pusemos os rótulos que já temos em casa”, conta o proprietário, que se tornou produtor há dez anos, seguindo uma ligação de infância com o monte situado na aldeia de Tôr, pequena localidade com menos de mil habitantes meia dúzia de quilómetros a norte de Loulé.

Para o júri foram, então, enviadas as garrafas exigidas por regulamento, mas o público terá de esperar mais algumas semanas. “Em princípio, vamos engarrafar na próxima semana e depois esperar uns dias, porque o vinho só tem a ganhar com isso. No mercado, em princípio, só deve estar disponível no início de Julho”, explica Mário Santos. O Grande Reserva Algibre Tinto 2017 tem uma produção de cinco mil litros (cerca de sete mil garrafas) e o preço rondará os 34,80 euros.

“Temos recebido muitos contactos, há muita gente curiosa com este vinho e o prémio fez aumentar a procura”, diz, orgulhoso, Mário Santos. E o que se pode esperar deste vinho? “É um vinho muito encorpado, com 16 graus.”

Um tinto para beber com ainda mais moderação, pelo volume alcoólico, mas que, garante o produtor, tem muitos encantos. “As castas são Syrah, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, com 50, 30 e 20 por cento, respectivamente”, especifica.

“Tem tido bons resultados nos lentos que não vão à madeira e também em reservas como este, em que reutilizamos as madeiras de anos anteriores, até pelo menos quatro anos”, prossegue.

No caso do Grande Reserva Algibre Tinto 2017, o estágio foi de 17 meses em barricas novas, resultando num “vinho bastante encorpado e consistente” e que, diz Mário, “revela o Syrah aqui do Algarve”. “É bastante frutado, mas claro que, passando pela madeira, a fruta mistura-se com esta”, acrescenta.

Voltar à infância

O monte de Tôr faz parte das memórias de infância de Mário Santos. O pai, que era funcionário público, tinha ali um talhão com uma pequena vinha, onde o levava em pequeno.

Há pouco mais de uma década, o engenheiro electrotécnico deparou-se com o anúncio na Quinta da Tôr. “Quando a vinha apareceu à venda, fui ver mais por curiosidade e fiquei encantado com o espaço. Fiz uma oferta e fiquei com a quinta”, conta Mário Santos. “Ia lá em pequeno com o meu pai, que fazia agricultura em part-time e fiquei ligado ao sítio desde muito jovem.”

“Comprámos a quinta em 2012 com a vinha abandonada. Reconvertemo-la e tratamos dela, e começámos a fazer vinho em 2013”, recorda.

Depois, começaram a apostar forte na vinha e na produção de vinho, nomeadamente com “um investimento grande em barricas novas de carvalho francês” sempre que surge um Algibre – que na Quinta da Tôr quer dizer um vinho premium, que só aparece quando quer.

“Algibre é o nome da ribeira que aqui passa, só fazemos [essa referência] quando temos vinhos de excelência”, sublinha o produtor. Até ao momento, houve colheitas em 2014, em 2016 e 2017.

E se o de 2017 ganhou a Grande Medalha de Ouro do Concurso de Vinhos do Algarve, o primeiro, de 2014, foi premiado com o Grand’Ouro da Confraria Bacchus, de Albufeira, em 2018, numa competição com vinhos de todas regiões nacionais.

Recentemente, por indicação do enólogo da casa, Pedro Mendes, em 2020 a empresa adquiriu outra quinta, de características diferentes, a Quinta dos Matos Brancos, junto à Praia da Luz. Estamos convencidos de que vamos fazer grandes vinhos brancos e moscatel. Aliás, acho que já temos um grande moscatel”, assegura Mário Santos.

Concurso premeia 32 vinhos

Além do grande vencedor descrito acima, galardoado com a Grande Medalha de Ouro, o XV Concurso de Vinhos do Algarve, que se realizou no Convento de S. José, em Lagoa, com direcção técnica da Comissão Vitivinícola do Algarve, distinguiu outros 31 vinhos.

No total, foram provados mais de 100 vinhos do Algarve, entre brancos, rosés e tintos, de 26 produtores. Foram medalhados 32 – 20 com prata e 11 com ouro, somados ao grande vencedor (Grande Medalha de Ouro).

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