Lima, Vez e Gerês: um roteiro de estrada para coleccionadores de paisagens
Uma viagem curta mas preenchida pela N202, entre vinhas que se estendem encosta abaixo, rios que dão vistas de postal, um baloiço suspenso no silêncio e a ocasional vaca que toma conta da estrada.
Chegar de noite tem as suas desvantagens. Perdemos noção do sítio, das horas, daquilo que nos rodeia. Tudo isso junto, porém, poderá ter as suas recompensas. Basta esperar pela manhã seguinte.
A Nhôme Country Living fica junto de Ponte de Lima – em cinco minutos se chega de carro ao centro histórico –, mas está suficientemente afastada para que tenha sabor a campo. E cheiro, também, que de noite os cheiros do campo tendem a apurar-se. No entanto, é preciso abrir as portadas pela manhã para perceber mesmo aquilo que a envolve.
Quando se diz que determinado hotel tem luz natural em abundância é um elogio que se faz. Os quartos da Nhôme, esses estão no extremo oposto e isso não é uma crítica: quem procurar uma noite de sono retemperador sem ser incomodado pela claridade do dia aqui terá aqui o seu “casulo”. Na hora de ver a luz, basta abrir as portadas e ver a vista. Que vista.
Em primeiro plano a vinha, ao fundo uma linha de árvores e, por detrás de tudo isto, a montanha, iluminada pelos tons alaranjados do início do dia. São 7h30 de um dia frio de Fevereiro e as cores são magníficas. O pequeno-almoço, entregue numa cesta à porta do quarto, pode ser tomado no meio da vinha, onde há mesas e cadeiras (e mantas para as manhãs geladas).
Aliás, a vinha é uma extensão da própria casa. Não só pela “esplanada” informal que se vai espalhando entre as suas linhas, mas também pela inusitada banheira de hidromassagem posta entre videiras. A própria piscina também se debruça sobre este hectare de loureiro, a casta-rainha da sub-região do Lima.
Esse uso “intensivo” do espaço da vinha tem explicação. “O mote da casa é dar seguimento ao legado da família”, explica Vanessa Gomes responsável de comunicação da Nhôme. “Isto sempre foi um terreno de cultivo. Dantes, as vinhas estavam nas bordaduras do terreno, e todo o espaço de terra era aproveitado para cultivar. Antes eram couves, milho, batatas.” Hoje são espaços de fruição para os hóspedes.
Por enquanto, as videiras estão despidas, mas quando se encherem de folhas os bardos de vinha, que parecem alinhados com os quartos, serão como pátios privativos, uma continuação do alpendre e do convés de madeira com espreguiçadeiras que completa o espaço de cada um. Ao todo, são apenas cinco quartos (em breve, irão inaugurar um sexto), arrumados em banda e decorados com base em tons de terra, madeiras texturadas, detalhes ligados à região e peças de artesãos locais.
Num futuro muito próximo, será também lançado o primeiro vinho de marca própria. Até aqui, os donos só produziam uva para a Adega Cooperativa – “são os maiores produtores de uva da região”, conta Vanessa –, mas decidiram pôr algumas uvas de parte para um monocasta de loureiro, feito em parceria com Anselmo Mendes.
Amar o Minho
Voltando ao princípio: em coisa de cinco minutos se chega centro histórico de Ponte de Lima. E não é preciso grandes pretextos para a curta viagem – a vila à beira do Lima continua a ser uma das jóias turísticas da região. Em Outubro, ganhou um pouco mais de brilho, com a abertura do restaurante Origens, que tem por divisa “Amar o Minho”.
Fica diante do rio, o que é um bom começo. Quando vierem as noites quentes, terá também esplanada, com a Avenida dos Plátanos por cenário. Mas isso são apenas atributos extra. O que realmente conta está lá dentro: cozinha de autor inspirada na comida minhota, cocktails que trazem a paisagem para dentro do copo e os vinhos que dão bom nome à região.
O Origens, irmão caçula de outra casa, com o mesmo nome e os mesmos donos, em Arcos de Valdevez, nasceu para se diferenciar da oferta gastronómica predominante. “É tudo muito voltado para o sarrabulho, para o cozido, para a cozinha tradicional”, explica o chefe de bar Rui Mendes, ele que é limiano e sabe dar valor àquilo que é local. Porém, justifica, “Não queríamos ser apenas mais um”.
A diferenciação começa na sala, com o bar em plano de destaque: o primeiro impacto visual é o balcão em ferradura ao centro, acompanhado de bancos altos. Bem feitas as coisas, é ali que começa a experiência, com a carta de cocktails de autor, assinada por Rui Mendes e pelo bar manager Rui Pereira, que é um voo rasante sobre o Minho. Não só por os cocktails terem nomes ligados ao território – Gerês, Viana e outros –, mas sobretudo por incorporarem elementos identitários como broa de milho, cerveja Letra, pudim abade de Priscos ou “ar do Gerês”. O best-seller Ponte de Lima pisca o olho à tradição local da sidra, juntando calvados (destilado de maçã), maçã desidratada e queijo limiano em salmoura à sidra limiana Nua.
A carta de vinhos afina pelo mesmo tom, com os Verdes a ocuparem os capítulos de brancos e rosés em exclusividade, mais algumas opções nos tintos, sem cair nas referências mais óbvias.
No prato, a mesma atenção ao detalhe e aos elementos de identidade minhota. O cabrito está lá, mas num arroz de forno com emulsão de açafrão e alvarinho. A bochecha de vaca, que se desfia de tão tenra e suculenta, chega com puré de castanha e couve coração grelhada. E o cozido assume a forma de um croquete copioso de carnes. A espaços, galgam-se fronteiras e entram na conversa elementos internacionais, como a abundância de especiarias que envolve o tamboril. E, assunto importante numa região maioritariamente carnívora, também há pratos pensados para vegetarianos. Afinal, também eles têm direito a amar o Minho.
Tomar o pulso à N202
Para verdadeiramente amar o Minho, porém, não basta senti-lo à mesa. É preciso procurar as suas estradas, ver desfilar as suas paisagens, aceitar a eventual paragem forçada para deixar passar uma incauta vaca cachena.
A Nacional 202, que nasceu para ligar Viana do Castelo a Monção, em boa parte ao longo da margem norte do Lima, é um óptimo mostruário da região para os não-iniciados. Hoje, é uma estrada desclassificada do Plano Rodoviário Nacional, e por vezes é preciso ir com especial atenção para não lhe perder o rasto – a sinalização e o Google Maps tendem a encaminhar-nos para vias mais rápidas. Há que teimar, porque a teimosia compensa.
Junto de Ponte de Lima, a N202 passa do lado de Arcozelo, pelo que é preciso cruzar o rio pela Ponte Nova para encontrá-la, tomando depois a direcção de Refoios. Este primeiro troço é mais urbano, o verde é ainda um apontamento intermitente. Ainda.
Em Brandara, um desvio de quatro minutos pela Rua da Portela – que bifurca da estrada quase à saída da povoação – é quanto basta para encontrar a Aphros Wine. O edifício de betão branco dará conta da chegada ao sítio certo.
Os vinhos da Aphros merecem estar neste roteiro, sobretudo, pelo sentido de lugar que transmitem. Será difícil encontrar um produtor que se dê a maiores trabalhos com o intuito de preservar o equilíbrio do local que o rodeia. “Uma quinta é um organismo”, apresenta Carine Azevedo, responsável pela parte de enoturismo, para introduzir o tema da agricultura biodinâmica. “Tudo faz parte, temos cavalos, cabras, ovelhas. E todas as plantas têm uma função, plantar uma só coisa acaba com a terra.”
A biodinâmica incorpora práticas comuns na agricultura biológica, tais como o recurso à semeadura de plantas que ajudam a enriquecer o solo e o não-uso de químicos de síntese, mas envolve também o uso de preparados homeopáticos, como estrume de vaca cachena compostado ou quartzo moído, bem como tratamentos experimentais com base em extractos de plantas, macerações e óleos essenciais.
Aliás, quaisquer cinco minutos de conversa com o enólogo Miguel Viseu são uma “viagem toca do coelho abaixo” por um admirável mundo novo, com tanto de fascinante como de intrigante. Porém, é o próprio Miguel que sublinha, “Defendemos a biodinâmica, mas não queremos evangelizar”.
Daí que, explica Carine, as visitas e as provas são feitas sem guião rígido, de acordo com aquilo que cativa cada visitante. Tanto podem passar pelos 13 hectares de vinha, onde boa parte destes cuidados de relojoeiro são explicados, como pela adega moderna, contra-intuitivamente luminosa, com janelas que permitem ter sempre a envolvente debaixo de olho – “e devidamente isolada para isso não afectar a temperatura”. Mas há também uma adega tradicional, na qual é feito um loureiro de curtimenta, o chamado “vinho laranja”, em talhas de barro e com uma velha prensa manual, “produzido cem por cento sem electricidade”, nota Carine. “Somos disruptivos, mas por outro lado seguimos a tradição.”
As provas acontecem ali ao lado, numa sala com paredes de granito que, em breve, funcionará também como wine bar. “Provavelmente, teremos disponíveis algumas referências que só se encontrará aqui”, antecipa Miguel. Faz sentido, quando o sentido de lugar está tão presente.
Retoma-se a N202 pelo mesmo caminho, para outra paragem a curta distância. De permeio, mesmo em curto trajecto, dois pontos dignos de nota: o mosteiro de Refoios, que é hoje casa da Escola Superior Agrária, após recuperação assinada por Fernando Távora, e as aparições intermitentes que o Lima vai fazendo, ao chegar a Jolda São Paio, já no município de Arcos de Valdevez. As indicações para a Quinta dos Abrigueiros não tardarão a surgir à esquerda.
Paulo Damásio é o anfitrião e representa a 10.ª geração da família ligada àquela terra – é com conhecimento de causa que explica cada elemento do brasão que encima o pórtico da propriedade. Aliás, Paulo fala com desenvoltura sobre os contextos históricos em torno da quinta, da produção de vinho, da família. Já no século XVII faziam do vinho negócio, então exportado para o Norte da Europa, através da feitoria inglesa de Viana.
A vinha estende-se encosta acima, em socalcos, até à antiga casa-mãe, que em partilhas calhou a uma prima – Paulo, por seu lado, ficou com a chamada casa segunda, um bonito edifício de granito onde planeia voltar a receber hóspedes em breve. E ficou também com as vinhas, 10 hectares (e outros cinco extramuros) onde o loureiro tem vincada predominância e que produzem 60 mil garrafas por ano. “Somos privilegiados por estarmos em Arcos de Valdevez”, exclama Paulo. “Tem tudo o que têm os outros municípios, e tem mais: tem o Gerês, a natureza, tem pouca densidade urbana, tem a carne cachena”, enumera. “E tem o bom vinho.” É difícil não concordar.
Seguir pela N202 em diante sabe também a privilégio. A partir da freguesia de Souto, o próprio piso melhora, tornando a viagem mais suave e propensa a dar outra atenção à envolvente. À medida que Arcos de Valdevez se aproxima, também o rio Vez se vai chegando à estrada, até que seguem lado a lado, vila adentro. Impõe-se outra paragem, esta mais demorada.
As maravilhas de Arcos
Arcos de Valdevez pode não ter a riqueza patrimonial de Ponte de Lima, mas não deixa de merecer o proverbial passeio ao acaso pelo seu centro. Idealmente, estaciona-se junto ao rio, já que ele é o principal postal da vila – ora como espelho de água, ora como espaço de caminhada na natureza, ora como praia quando os dias começarem a aquecer – e explora-se a pé. Um bom ponto de partida é o Espaço Vinhos & Sabores, embaixada da região em matéria de vinhos e das coisas que lhes fazem companhia.
A iniciativa é da Associação dos Vinhos de Arcos de Valdevez, em parceria com o município, sem acusar esse “peso” de institucionalidade – é um sítio de fruição, convidativo ao mesmo tempo que serve de mostruário aos nove produtores associados, como wine bar, como loja e como posto de enoturismo, com provas comentadas e outras experiências mais inusitadas, nomeadamente os jantares itinerantes, em que cada momento da refeição é servido num ponto diferente da vila.
Quem quiser “saltar para a sobremesa” só tem de contornar o quarteirão e subir pela Rua 25 de Abril para encontrar uma das moradas clássicas de Arcos. Chama-se Doçaria Central, está ali (e nas mãos da mesma família) desde 1830 e, além do delicioso ambiente de sítio suspenso no tempo, tem vitrinas cheias de coisas boas como pão-de-ló com calda de açúcar e os charutos dos Arcos, um dos vencedores do concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal.
Já que falamos de maravilhas: no dia em que alguém inventar as “maravilhas da fingerfood portuguesa” ou algo semelhante, Arcos de Valdevez tem outro vencedor garantido. Para encontrá-lo já, antes que a ideia pegue e cresçam filas à porta, há que tomar a N101, em direcção a Monção, e parar junto da Residencial Costa do Vez. O restaurante Costa do Vez, do mesmo dono, fica na casinha de pedra que lhe está ao lado.
Ao entrar e tomar mesa, peça-se logo um pratinho de pastéis de bacalhau. Até antes de olhar para a ementa e escolher o que comer a seguir – possivelmente, até se opta por pedir uma dose de arroz de feijão, uma travessa de pastéis e está feita a refeição.
O que têm estes pastéis de especial? Nada, apenas aquilo que todos deviam ter: bacalhau abundante, um pouco de batata, ovo, salsa, cebola, tamanho adequado, fritura exímia e bem escorridos de óleo. No entanto, uma pergunta assalta o espírito: por que motivo já não são todos assim?
É claro que o Costa do Vez tem outros belos pretextos para fazer a viagem. A cozinha afina toda por esta fórmula que virou mantra das novas gerações de chefs: produto, consistência, técnica, contenção para não estragar o que já é bom. A ementa assenta nos pratos tradicionais, onde o bacalhau é rei, mas também pontuam o peixe fresco de mar, a vitela cachena e o polvo “vitela”, assim chamado por ser tenro sem mais adjectivos. “Se não der para cortar com as costas da faca, mande para trás, escolha outra coisa e não paga”, esclarece João Costa. O tom é humorado, mas atenção: até com o cabo do garfo se corta estes filetes suculentos, de bom calibre e melhor fritura.
João tem 70 anos e abriu esta casa há 40, a meio de uma vida de trabalho que começou aos 11, a lavar tachos. Hoje continua a levantar-se às seis da manhã, para tratar das compras, não raramente é ele que fecha a casa ao fim da noite, e, de permeio, dá um jeito na cozinha, na frente de sala ou na preparação do serviço para o dia seguinte. Não se queixa de falta de clientela, mas, por entre o sorriso amistoso, mostra apreensão pelo futuro deste tipo de restauração, pela exigência de atenção intensiva que vem com ele. Fala mesmo de “extinção” e isso dá que pensar: e se estas casas que tanto conforto nos dão estiverem mesmo fadadas a ser espécimes de museu? Saberemos valorizá-las o suficiente enquanto as temos?
De alma cheia, mas com um aperto no coração, o caminho segue um pouco mais pela N101, para encontrar outro bravo que luta como pode contra o tempo. Simão Pedro de Aguiã é uma figura rara. Não é todos os dias que se conhece alguém ligado ao chão que pisa por 16 gerações: “A quinta está documentada desde 1258 e sempre esteve na família”, conta, em jeito introdutório, diante do solar barroco, construído em redor de uma torre medieval, que é a sua casa de família.
A antiguidade não é a única peculiaridade da Quinta de Aguiã. Desde logo, o motivo por que produz vinho: “O vinho não é um fim”, explica Simão. “É um meio para manter a tradição e o património da quinta.” Há 25 anos, este historiador decidiu plantar os 16 hectares de vinha que rodeiam a casa, com o propósito de “revitalizar esta quinta histórica”.
Pouco sabia de viticultura – “Só o que sabia de ter nascido aqui” –, portanto aconselhou-se junto de especialistas. “Praticamente todos me diziam para plantar só uvas brancas, ‘É o que os turistas e a exportação querem’”, recorda. Por pressentimento – e por dar ouvidos à mãe, que tinha feito fortuna com o cultivo de milho, enquanto via outros fracassarem por irem atrás da cultura que estivesse “a dar” na altura, e que lhe recomendou ignorar as modas e seguir o seu propósito – plantou só castas tintas.
Hoje mantêm-se: além de vinhão, tem também borraçal e espadeiro, que usa para fazer um rosé. Nos tintos, duas variações sobre a casta vinhão, ambos fermentados em lagar de granito e com pisa a pé – o porta-estandarte Aguião, que absorve a maior parte da produção, e o Torre de Aguiã, feito nos anos em que o vinho atinge os 14% de álcool (“que tem sido todos os anos, ultimamente”), com os cachos que começaram a murchar devido ao calor. Prová-lo é esquecer todos os preconceitos sobre o vinhão. Se há um futuro para a casta, Simão viu-o antes de todos os outros. Louvada seja a teimosia.
Encher a barriga de paisagem
Teimemos em retomar a N202, cruzando agora o rio Vez, após breve passagem por Arcos. À saída do perímetro urbano, com o verde a ganhar força, assoma-se no cimo de um cabeço, por entre um bonito jogo de curvas e contracurvas, o Paço de Giela. Indo com tempo, merece bem o desvio ladeira cima, para visitar o espaço musealizado e conhecer melhor a ligação do território ao nascimento da nacionalidade.
Adiante, onde a dúvida possa surgir, a indicação a seguir é Mezio, já que a numeração da estrada tende a esconder-se (ou a surgir com a designação M202). A partir da freguesia de Carralcova, a construção torna-se cada vez mais dispersa, ganha espaço a natureza, a serra. Pára-se no miradouro de Cabana Maior, já com os sentidos a darem conta de estarmos no território genericamente conhecido como Gerês.
O Parque Nacional, esse começa um pouco adiante, na Porta do Mezio. Logo ali há património megalítico para visitar, há um bar de apoio, há o desvio para o fotogénico Baloiço do Mezio e o silêncio absoluto que o rodeia, há a ocasional manada de garranos que vagueia pela mancha de bosque.
Na estrada, quem manda são as cachenas, que pastam onde lhes apetece – e o pasto das bermas parece ser o mais apetecido. São, também elas, paisagem, sobretudo quando entram asfalto dentro, no seu passo vagaroso que nenhuma buzinadela conseguirá apressar. Tudo isto são paisagens que importa coleccionar.
Quando se dá por ela, a N202 desapareceu – seguiu para norte, no entroncamento que indica o Coto Velho, miradouro que oferece uma perspectiva generosa do vale do Lima – e é a 304 que lhe toma o lugar, para levar até ao Soajo.
Ao Soajo vai-se pelo precioso centro histórico de casas e ruas de granito, sempre com o embalo da água corrente. Vai-se para admirar os espigueiros, alvo fácil para câmaras fotográficas. Vai-se também pelas caminhadas, que ali passam vários trilhos sinalizados. E vai-se para repor energias depois de tudo isso. No Espigueiro do Soajo, por exemplo, que fica logo à entrada da vila.
Uma casa acolhedora para o Inverno (lareira incluída) com esplanada para os dias de sol, que dispõe de uma ementa curta mas assertiva de cozinha regional, onde imperam as carnes cachena e barrosã, assim como o bacalhau. Por encomenda, o cabrito e o arroz de pica no chão também vêm à baila. Certo é que daqui sai-se de bem como o mundo.
O roteiro termina por aqui, mas a viagem ainda vai a meio. As estradas, tal como a fita das cassetes de música de outros tempos, também têm dois lados. Terminado o lado A, vira-se e retoma-se, para descobrir o lado B: invertido o sentido, desfila sempre uma estrada diferente. E com mais paisagens para coleccionar.