A “mulher do Norte” com “mundo do vinho”. Dora Simões é a nova presidente da Região dos Vinhos Verdes

A nova presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes tomou posse esta quinta-feira, dia 28, na Casa do Vinho Verde, no Porto. Falou-se de sustentabilidade e exportação, numa fase em que, apesar da crise económica, Dora Simões vê oportunidades que o vinho verde “não pode perder”.

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Dora Simões é a nova presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes

A Casa do Vinho Verde, no Porto, encheu-se ao fim da tarde desta quinta-feira, dia 28, para a tomada de posse dos novos órgãos sociais da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) para o mandato 2022-24. Em destaque, esteve a nova presidente da direcção, Dora Simões, sucessora de Manuel Augusto Dias Pinheiro que abandonou o cargo após 22 anos.

Foi mesmo o presidente cessante a abrir a sessão, começando por relembrar a história da Comissão e a forma como a organização se foi adaptando ao longo do tempo. Manuel Pinheiro destacou ainda o facto de pela primeira vez ter sido eleita, a 6 de Julho, “a primeira presidente ao fim de quase um século”, alguém com “uma carreira dedicada a servir os outros”.

Acima de tudo, a “amiga”, apelidou o antigo presidente, não só “tem mundo”, como tem “mundo do vinho”. Dora Simões estudou em Inglaterra, viveu na Alemanha, e está ligada à indústria vinícola há mais de 25 anos, tendo passado por postos como a gestão de marketing na Europa Central da Ernest & Julio Gallo Winery, a direcção-geral da ViniPortugal ou mesmo a presidência da direcção da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), onde lançou e desenvolveu o Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo.

À “mulher do Norte” que regressa a casa, como descreveu Manuel Pinheiro, juntam-se Óscar Meireles e Rui Madeira Pinto enquanto vogais representantes do comércio e da produção, respectivamente. Num fenómeno inédito, a CVRVV conta agora com duas mulheres na liderança da região, já que Celeste do Patrocínio assume a presidência do Conselho Geral. Já Carlos Costa vai presidir o Conselho Fiscal, com Fernando Sousa e Paulo Silva como vogais.

O primeiro discurso de Dora Simões no papel de presidente da direcção da CVRVV foi feito reconhecendo o passado, mas de olhos postos no que está por vir. “O caminho tem sido feito de forma estratégica para um reconhecimento crescente e, ao longo dos anos, os vinhos verdes conquistaram visibilidade e respeito. No entanto, isso não será suficiente para garantirmos um futuro melhor e temos de nos focar em fazer mais para garantir o sucesso”, afirmou.

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A nova estrutura dirigente da CVR Vinhos Verdes: Carlos Costa (presidente do Conselho Fiscal), Dora Simões (presidente da direcção), Celeste Patrocínio (presidente do Conselho Geral), Óscar Meireles e Rui Madeira Pinto (vogais da direcção)

Capitalizar o momentum

Apesar da actual situação económica mundial, a líder vê nesta fase oportunidades que o vinho verde “não pode perder”, em particular as novas tendências de consumo. “Temos de capitalizar o momentum”, asseverou. Em declarações aos jornalistas à margem da sessão, a presidente aprofundou o tema, reconhecendo que o mandato se inicia “numa fase económica muito difícil”, e que, por isso, é necessário falar primeiro com os agentes económicos de todo o sector, para compreender o que consideram importante para a região. “O vinho verde tem de saber saltar às cavalitas desse momento que acontece”, reiterou.

“Tenho alguma energia para dar e vou tentar trabalhar com os meus colegas da direcção no sentido de fazer aquilo que fomos mandatados para fazer. Vamos organizar bem as tropas, escolher os momentos certos e os temas certos para atacar, numa altura em que não podemos fazer tudo ao mesmo tempo”, declara Dora Simões.

Um dos grandes pontos de focagem será a exportação, garante a presidente. “A Comissão por si só não muda as exportações, pode facilitá-las. É uma plataforma para que elas possam acontecer de uma forma mais suave.”

Para os próximos anos, a atenção, diz a líder, vai estar na rentabilidade dos negócios, com a valorização comercial das uvas, dos vinhos e da marca global Vinho Verde, ao mesmo tempo que na questão da sustentabilidade, “gerando maior resiliência e obtendo eficiências na viticultura, nas adegas e na comercialização”.

Dora Simões salientou também a importância de preparar as consequências das alterações climáticas naquilo que será a região num futuro próximo, “sem nunca perder de vista o impacto que isso terá na sustentabilidade financeira de todos os negócios existentes”. A presidente deixou ainda uma nota para o valor que reside na capitalização da afluência de turistas na região, nomeadamente através do enoturismo, com o objectivo de fidelizar mais consumidores.

“Temos tudo o que necessitamos para competir, e mais do que o suficiente para vencer”, concluiu.

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