No Dia Internacional dos Podcasts, trazemos-te um Quem Pode, Pod especial com recomendações da equipa do PÚBLICO. Do true crime à poesia sonora, põe-te à escuta.
End of Days
Sugestão de Rui Miguel Godinho (P24)
David Koresh (nascido Vernon Howell). É este o nome do homem que, sob a imagem da religião, cometeu vários crimes sexuais na década de 80, nos Estados Unidos. Sob a imagem de um líder religioso, recrutou seguidores nos quatro cantos do mundo, vivendo num rancho em Waco, no Texas, onde mais tarde viriam a falecer após um cerco levado a cabo pelo FBI. End of Days conta a forma como Koresh recrutou 30 britânicos para se juntarem ao culto. Este podcast da BBC Radio 5 guia-nos através de diversas histórias que permitem perceber as diversas ramificações deste culto.
Rotten Mango
Sugestão de Karla Pequenino (Vitamina P)
Escapismo puro para quem tem curiosidade sobre a psique humana e em explorar histórias de true crime (em que o foco são crimes e golpes que ficaram para a história). Apesar do tema, a narração de Stephanie Soo — norte-americana natural da Coreia do Sul que nos últimos anos se tornou influencer devido aos seus canais no YouTube — é relaxada (com algum humor negro à mistura) e lembra uma conversa à mesa entre amigos em que alguém fala sobre o mistério mais recente de que ouviu falar... E sobre o qual pesquisou profundamente ao ver documentários, ler livros, clippings de notícias antigas e fóruns obscuros online. O humor e estilo (por vezes, com piadas fora do contexto) pode não ser para todos, mas Rotten Mango é uma boa opção quando não se quer pensar muito e nos queremos embalar numa história bem contada.
Poejo
Sugestão de Ruben Martins (P24, Sobre Carris)
Nada mais do que uma reflexão embrulhada numa monótona cama de áudio que dá ritmo, mas não distrai. Poejo é aquele tipo de coisa que desejamos ter ao ouvido, como voz amiga que nos leva a pensar em algo que talvez nunca questionámos. É uma reflexão de solidão, com cheiro a crónica e sentimento de paz. Se os podcasts devem servir para nos meter a pensar, Poejo é o exemplo disso. Com uma excelente construção de texto, talvez o mais essencial num podcast seja aquilo que de mais básico ele tem: o poder das palavras.
O Som da Minha Vida
Sugestão de Aline Flor (Do Género, Memórias de Lisboa)
Quem escuta com ouvidos atentos sabe que o som tem tonalidades, textura. Também as memórias sonoras podem ganhar formas — é o que sinto ao ouvir o podcast O Som da Minha Vida, da Rita Colaço, jornalista que conhecemos das belíssimas reportagens que assina na Antena 1. Se conhecer os ambientes sonoros que envolvem as pessoas é descobrir aquilo que (literalmente) as faz vibrar, n’O Som da Minha Vida navegamos por universos muito particulares de pessoas diversas, quase sempre ligadas ao mundo da música e da rádio, vibrando também nós com as memórias que guardam nos ouvidos. Das coisas boas que 2020 trouxe de volta.
Radiolab
Sugestão de Helena Pereira, editora executiva (Poder Público)
Estou a ouvir o Radiolab, um podcast muito diferente e que tem um foco grande em divulgação de ciência, falando com investigadores ou falando de histórias de vida. Cada episódio, no entanto, pode ser muito distinto do anterior. Os dois últimos que ouvi foram sobre “coronasomnia” e sobre a ciência que encerra a expressão “neither confirm nor deny” ("não confirmo nem desminto"), que nasceu nos EUA em plena Guerra Fria. É um podcast/programa de rádio muito antigo, que começou em 2002 na emissora pública WNYC, mas confesso que só o descobri este ano.
You Must Remember This
Sugestão de Amanda Ribeiro, editora do P3
É um podcast dedicado ao primeiro século de Hollywood, à indústria de outros tempos, dourada, quiçá mais misteriosa, sempre clássica. A última temporada de You Must Remember This é inteiramente dedicada a Polly Platt, designer de produção, directora de arte, produtora e argumentista, mais vezes lembrada por ter sido casada com o realizador Peter Bogdanovich, do que por tudo aquilo que foi e que fez no cinema (de 1970 a 1990) — e foi tanto. A viagem é feita pela viciante voz de Karina Longworthe que desde 2014 já nos contou as histórias “secretas e/ou esquecidas” da família Mason, esmiuçou o passado dos estúdios MGM ou mostrou as semelhanças de percursos entre Jean Seberg e Jane Fonda. O meu preferido, porém, continua a ser o episódio dedicado a Frances Farmer, uma pequena obsessão de... Kurt Cobain.
Scattered
Sugestão de Dinis Correia, webdesigner
É um podcast com quase um ano, mas o que conta é que é intemporal: Scattered é uma história em seis episódios, onde o comediante Chris Garcia tenta conhecer melhor o passado do seu falecido pai, um imigrante cubano nos Estados Unidos, enquanto procura cumprir o seu desejo de espalhar as suas cinzas na costa de Cuba. É um relato íntimo sobre família, perda e sacrifício, mas também sobre a história de Cuba e a busca do sonho americano (e a desilusão ao alcançá-lo). Chris Garcia agarra o ouvinte à história, doseando de forma equilibrada os relatos mais sóbrios e emotivos com humor, alternando o discurso na primeira pessoa com conversas com a mãe e a irmã e com registos dos seus próprios espectáculos de standup comedy (onde várias vezes fez imitações do seu pai). Mais do que um tributo pessoal ao pai, Scattered é uma memória colaborativa, contada através de som. A acompanhar o podcast, há ainda uma página de Instagram com fotos e ilustrações que complementam a história.
Vidro Azul
Sugestão de Teresa Abecasis, jornalista multimédia
Depois de voltar de férias, voltei a ouvir um podcast que não ouvia há anos, mas que felizmente mantém-se igual: Vidro Azul. Ao final do dia, ponho os auscultadores ou ligo a coluna na mesa-de-cabeceira, e é como se o Verão esticasse ao ouvir aqueles acordes iniciais. “Duas horas de viagem neste e noutro tempo, por paisagens de sombra e nevoeiro”, diz a voz. Seguem-se umas horas de leitura ou introspecção acompanhadas pela selecção musical alternativa mas sempre perfeita de Ricardo Mariano.
Wind of Change
Sugestão de Alexandre Martins, jornalista da secção Mundo (Fogo e Fúria)
Era Janeiro de 1990 e o mundo tinha acabado de assistir a uma imagem que durante décadas se julgava ser impossível de acontecer: o Muro de Berlim, símbolo maior da divisão da Europa num Leste/Oeste determinado pela Guerra Fria, tinha sido derrubado dois meses antes. Na Alemanha, uma banda de hard rock conhecida pelas suas baladas épicas lançava mais um sucesso que viria a tomar de assalto os tops mundiais: Wind of Change, cantava Klaus Meine, o vocalista dos Scorpions, inspirado pelos ventos de mudança que tinha testemunhado num concerto em Moscovo. Mas e se essa canção foi, afinal, escrita pela CIA para consolidar a sua ofensiva cultural sobre a Europa de Leste e a União Soviética? A partir desta premissa, Patrick Radden Keefe vai à procura de resposta no mundo dos serviços secretos norte-americanos, numa viagem de oito episódios (mais dois de bónus) no podcast apropriadamente intitulado Wind of Change.
All The Smoke
Sugestão de Daniel Dias, jornalista da secção Cultura
Durante as suas carreiras na Liga Norte-americana de Basquetebol profissional (NBA), Matt Barnes e Stephen Jackson sempre disseram aquilo que pensavam. Por muito que isso lhes custasse, por mais problemas que essa atitude desprendida lhes trouxesse. Era, então, natural que, depois dos pavilhões, os dois se juntassem e fizessem um podcast. Em All the Smoke, os antigos campeões desvendam as histórias de bastidores que, de outro modo, passariam anos na gaveta, analisam o estado da modalidade com algumas das maiores “estrelas” do seu tempo (e da actualidade) e debatem sobre tudo o que lhes passa pela cabeça. Tudo com concisa franqueza e tudo sem filtros – ou não estivéssemos a falar de Matt Barnes e Stephen Jackson.
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