O preço da curgete triplicou e a culpa é do mau tempo
Mudança de hábitos alimentares introduziu novos produtos na dieta portuguesa que não se adaptam ao clima local.
No Reino Unido, os supermercados estão a limitar a quantidade de brócolos, alface ou curgete por cliente devido à queda na produção destes produtos. A “culpa” é das baixas temperaturas que dizimaram a produção em Espanha, país onde o Reino Unido se abastece neste tipo de alimentos. Em Portugal não há prateleiras vazias, mas o preço da curgete, por exemplo, aumentou dos habituais 1,50 euros para 4,60 ou mesmo cinco euros em algumas das maiores cadeias de distribuição.
Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (Fnop), não quantifica a dimensão das perdas, mas lembra que muitas das espécies de legumes que agora são consumidas com frequência não são características do país, nem adaptadas ao solo. “No passado, a nossa alimentação durante o Inverno era baseada em autóctones como as couves, nabos, batata e pouca cenoura. Mas entretanto na Europa começámos a plantar semitropicais, como a curgete, o chuchu, a beringela e o nosso clima nem sempre permite essas culturas. Este ano, com as temperaturas de novo baixas, destruiu-se uma parte dessas culturas ao ar livre”, disse ao PÚBLICO.
Em Espanha, França, Bélgica e Holanda o cenário é o mesmo. A produção que se salvou é diminuta e inclui estufas, onde os custos de produção são mais elevados (o que se reflecte no preço final). Domingos dos Santos sublinha que, por cá, não há falta de legumes nas lojas, mas os preços reflectem a escassez de produtos.
“O caso de Inglaterra é muito mais preocupante. Em Portugal temos zonas em que houve estragos, mas quem alimenta o Reino Unido são os espanhóis”, sublinha.
Num comunicado recente, a Fepex, federação espanhola de exportadores de frutas, legumes e flores, avisou que a produção de alguns vegetais será 60% mais baixa do que o normal e que a situação deverá manter-se até meados de Abril.