Reportagem

PÚBLICO na Escola: “Eles fazem jornalismo por paixão”

Cerca de 160 alunos e professores de todo o país marcaram presença no 2.º Encontro Nacional de Jovens Jornalistas, em Mafra. O PÚBLICO na Escola promoveu jornal do encontro, escrito a muitas mãos.

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Adriano Miranda
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Ainda não era meio-dia do dia 3 de Maio quando o primeiro professor chegou à sala de boas-vindas do 2.º Encontro Nacional de Jovens Jornalistas, na Escola Secundária José Saramago, em Mafra. Acompanhava-o um grupo de alunos que não passava despercebido: todos vestiam uma camisola amarela onde se lia o nome do Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias, de Torres Vedras.

Pousaram as malas e sacos-cama numa sala ainda vazia, mas, num piscar de olhos, centenas de outras mochilas e almofadas faziam companhia à bagagem que tinham trazido. Estavam ali os pertences dos seus futuros amigos e ainda não sabiam.

Da primeira edição do Encontro de Jovens Jornalistas, na Escola Secundária Eça de Queirós, em Lisboa, surgiram novos jornais, amizades e a vontade de fazer mais. A ideia havia partido de Inês Curto e Dinis Marques, alunos responsáveis pelo jornal escolar Eça News, e o sonho tornou-se realidade com o apoio da Direcção-Geral da Educação e do PÚBLICO na Escola.

“Foi muito marcante”, recorda Beatriz Palma, ex-representante da revista PONTO que aceitou a proposta de organizar a segunda edição. Este ano com o apoio da Câmara Municipal de Mafra e uma novidade: seriam dois dias de partilha e convívio, 3 e 4 de Maio.

Foi o mundo do jornalismo escolar, e a distinção por mais do que uma vez no Concurso Nacional de Jornais Escolares do PÚBLICO na Escola, que lhe deu a certeza do que queria ser: jornalista.

Adriano Miranda
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Este foi o primeiro ano lectivo na Escola Superior de Comunicação Social, mas voltou à escola que a viu crescer para preparar o encontro que “superou” as suas expectativas. “Foram formatos diferentes, mas em ambos senti essa relação mais próxima com o mundo do jornalismo. Há um contacto mais descontraído com os jornalistas”, explica a antiga directora da PONTO.

Durante dois dias passaram pela Escola Secundária José Saramago, em Mafra, 162 participantes (124 alunos e 38 professores) vindos de 35 escolas. De norte a sul, do continente e das ilhas. E entre as centenas de jornais escolares e clubes de jornalismo, coube aos vencedores do Concurso Nacional de Jornais Escolares 2021/22 partilhar as boas práticas dos seus projetos.

Uma redacção com uma mão-cheia de histórias

Depois de uma manhã de aprendizagem, que contou com a presença do jornalista e co-fundador do Shifter João Gabriel Ribeiro para falar sobre “Jornalismo e inteligência artificial”, seguiu-se uma tarde de quatro workshops com jornalistas do PÚBLICO — Reportagem e outros géneros jornalísticos, Jornalismo na era das redes sociais, Design gráfico e Multimédia — e dois com as coordenadoras do PÚBLICO na Escola — Criar um jornal digital com o TRUE e Olhar de perto os jornais escolares, este último dirigido aos professores.

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Adriano Miranda

Nos workshops de reportagem e multimédia, as dúvidas sobre as fronteiras éticas do jornalismo eram muitas. “Um jornalista pode fotografar qualquer pessoa, em qualquer momento?”, perguntou uma aluna ao fotojornalista Adriano Miranda.

O interesse pelo jornalismo, independentemente da área que estudam na escola e da profissão que querem ter, foi um dos pontos mais surpreendentes para Michelle Coelho, gestora de redes sociais do PÚBLICO e professora por uma tarde no Encontro Nacional de Jovens Jornalistas. “Eles fazem jornalismo por paixão, por gosto pela área, e até têm projectos nas redes sociais.”

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Numa das salas ao lado, a jornalista e coordenadora do PÚBLICO na Escola Bárbara Simões criava o jornal digital do encontro na plataforma TRUE, projecto de criação de jornais escolares digitais que junta o PÚBLICO à MOG Technologies e à Universidade de Aveiro.

Alexandre Ulisses, director de inovação da MOG Technologies, viajou do Porto até Mafra para ver o projecto que idealizou ser posto em prática. “A parte que eu gosto aqui é ver o resultado final a ser utilizado pelos miúdos. Em breve estará disponível para que escolas de todo o país possam criar os seus jornais digitais”, disse ao PÚBLICO.

Na manhã seguinte, o Auditório Grande da ESJS transformou-se numa verdadeira redação onde os jovens jornalistas escreveram as suas notícias e reportagens a partir do que ali viveram. Todos os conteúdos viriam a ser submetidos neste jornal digital que reúne a multiplicidade de experiências e olhares a partir do mesmo encontro.

Escreveram sobre o peddy paper Mafra by Night, a aventura de dormir num pavilhão e os workshops, mas também sobre a Aldeia Típica José Franco e a própria Escola Secundária José Saramago.

Adriano Miranda
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Para Rodrigo Mota, de dez anos, e Vitória Neves, de 13, que no primeiro dia vestiam as camisolas amarelas do Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias, a experiência foi “muito gratificante”. “O jornalista [Manuel Carvalho] explicava muito bem. Mas também gostei do convívio noturno — que também é importante, senão não era um encontro”, confessou Rodrigo entre risos cúmplices com Vitória.

As inscrições para a edição deste ano lectivo do Concurso Nacional de Jornais Escolares estão a decorrer. Jornais e revistas de escolas e agrupamentos do continente, regiões autónomas e escolas portuguesas no estrangeiro podem preencher o formulário até ao dia 31 de Maio. Os materiais são enviados no período entre 1 de Junho e 15 de Julho de 2022.

O PÚBLICO na Escola é um projeto de educação para os media do PÚBLICO, em parceria com o Ministério da Educação e com o apoio da Fundação Belmiro de Azevedo.