E quando o Natal não é feliz? Como sobreviver às festas

Define limites e prioriza o teu bem-estar. Evita fazer comentários sobre o peso ou o estado civil de alguém. Um guia para os que se sentem assoberbados com o Natal.

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Como sobreviver ao Natal Julia Taubitz/Unsplash
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O Natal é família, amor, felicidade, partilha. É mesa cheia e pés à lareira... ou, então, o Natal é um pesadelo.

Alguns estudos indicam que, além de todos estes sentimentos positivos, mais de 60% das pessoas dizem sentir-se cansadas e stressadas durante o período natalício, refere a Ordem dos Psicólogos. É que, aos afazeres normais do dia-a-dia, juntam-se coisas como “a preocupação em comprar prendas (e o encargo financeiro que representam), cozinhar, fazer decorações, aconselhar familiares”, entre outras.

Mais ainda, há uma pressão externa para um dia que se quer “perfeito”. Só que nem para todos este é um dia perfeito: para alguns, traz memórias de pessoas que, por diferentes motivos, não podem ali estar; para outros, significa estar à mesa com alguém que lhes recorda “experiências traumáticas”, e há também quem esteja a passar um mau momento e preferisse que este dia, simplesmente, não existisse.

Por saber disto, a Ordem dos Psicólogos lançou um guia para lidar com o período de festividades. Aqui ficam algumas dicas.

Sim: definir limites e priorizar o bem-estar

A OP começa por lembrar que, ainda que o que sentimos seja diferente do que sente a generalidade das pessoas, os nossos sentimentos “continuam a ser válidos e legítimos”. Não te sintas culpado ou envergonhado por estares triste ou sem vontade de conviver.

Prioriza o que te faz bem e não tenhas medo de dizer “não” quando o que te pedem te faz sentir desconfortável. Se não conseguires evitar estar com pessoas que são nocivas para ti, pensa em formas de minimizar as situações desconfortáveis. Por exemplo, se sabes que há um primo com quem te chateias a discutir política, tenta ficar pela conversa sobre o pão-de-ló.

Se precisares, faz uma pausa. Procura “um espaço sossegado”, ou faz uma actividade que te distraia do Natal, como “ir fazer uma caminhada na natureza ou ver um filme que se passa no Verão”, recomenda a OP.

Não: comparações e pressões

Sabemos que nas redes sociais a vida dos outros parece sempre melhor do que a nossa. Mas lembra-te que o que ali está é apenas o que os outros querem que seja visto, e não a vida real. Considera reduzir o tempo que passas a fazer scroll e a ver stories.

Se tens alguém a passar um momento difícil na família, evita dizer coisas como “é suposto o Natal ser um momento feliz!”, ou “toda a gente se está a divertir menos tu”, exemplifica a OP. “Também devemos evitar levar a peito se a pessoa não quiser participar – mesmo que isso nos desiluda, não quer dizer que a pessoa não goste de nós.” Dá espaço às pessoas e tenta acolhê-las da melhor maneira, respeitando os seus limites.

Não faças perguntas intrusivas. Comentar o peso, a relação, o estado civil ou a situação financeira de alguém pode ser ofensivo e implicar “que a pessoa se deve justificar” por escolhas da sua vida. Evita fazer alguém sentir-se desconfortável.

Como tornar o Natal mais inclusivo

A Ordem dos Psicólogos dá também algumas ideias para abarcar as necessidades e vontades de todos.

Em primeiro lugar, é importante “escutar e aceitar necessidades e sentimentos diferentes dos nossos”. Se souberes que uma pessoa está sozinha, podes tentar, dentro dos limites confortáveis para ambos, estar presente: envia uma mensagem, faz uma chamada ou visita, por exemplo.

Na noite de Natal, procura “organizar as actividades em função das necessidades de todos”.

Sobre as prendas

Comprar prendas pode ser um factor de ansiedade, especialmente se o orçamento for curto. Também para isso a OP deixa algumas dicas.

É importante “definir expectativas adequadas à nossa realidade”. Por muito que queiras oferecer prendas a toda a gente de quem gostas, pondera se isso é mesmo possível. “Provavelmente, o mesmo acontecerá aos nossos amigos e familiares”, recorda a OP. O guia sugere alternativas como “dar prendas apenas às crianças, fazer um jogo do amigo secreto ou oferecer pequenas lembranças a algumas pessoas”.

Se não conseguires mesmo oferecer nada, “diz ‘não à culpa”. “É natural que, para muitas famílias, seja incomportável comprar prendas. Felizmente, a celebração do Natal não se esgota na compra de presentes”, lembra. “Podemos sempre investir nas relações com familiares e amigos, oferecer uma carta de gratidão ou uma lembrança feita por nós (ou em família), ir cantar as janeiras ou cozinhar um bolo para oferecer.”

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