Programa de formação de imigrantes para o turismo pode ser reforçado ainda em 2025

Governo de Portugal já está treinando professores para atuar na formação de mil imigrantes para o turismo. Selecionados passarão por capacitação técnica, com estágios remunerados em empresas.

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Governo de Portugal lança curso para formação de imigrantes para a área de turismo. Professores estão sendo capacitados para as aulas Manuel Roberto
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O Governo de Portugal admite ampliar o programa de formação de imigrantes para o setor de turismo, que representa quase 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A depender do tamanho da demanda pelas mil vagas abertas inicialmente, o presidente da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), Pedro Portugal Gaspar, ressaltou que a iniciativa pode ser replicada ou reforçada ao longo de 2025.

“O sucesso deste programa pode levar à sua replicação e ao seu reforço nos próximos anos, beneficiando ainda mais imigrantes e empresas”, afirmou Gaspar. O Programa de Formação e Integração de Migrantes e Beneficiários de Proteção Internacional no Setor do Turismo foi lançado em 18 de outubro último. As inscrições estão abertas e vão até 31 de janeiro.

O governo, inclusive, já está formando professores de inglês e de outras habilidades para ajudar na capacitação dos imigrantes selecionados. Cada um deles receberá uma bolsa de 522,5 euros (R$ 3.344) por mês, mais ajuda de custos para alimentação, transportes e, se necessário, moradia.

Portugal deve fechar este ano com cerca de 30 milhões de turistas, um bom avanço ante os 26,5 milhões computados em 2023. Mas é preciso preparar mão de obra para o setor, que enfrenta escassez de ao menos 50 mil trabalhadores. Há vagas abertas em todo o país, mas, sobretudo, no Algarve. De todos os trabalhadores estrangeiros no ramo, 80% são brasileiros.

População vulnerável

O programa de formação de imigrantes para o turismo foi desenvolvido em parceria pela AIMA e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP). Segundo Catarina Paiva, vogal do conselho diretivo do Turismo de Portugal, a iniciativa difere das anteriores ao adaptar-se às necessidades específicas dos migrantes.

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Para Catarina Paiva, o programa de formação de imigrantes aborda desde a aprendizagem da língua portuguesa até a familiarização com a cultura e as instituições locais Felipe Eduardo Varela

“O programa aborda desde a aprendizagem da língua portuguesa até a familiarização com a cultura e instituições locais. É desenhado para atender às vulnerabilidades dessa população, promovendo uma integração mais eficaz”, explicou Catarina. Na avaliação do presidente da AIMA, o programa promoverá a integração social e econômica dos participantes, o que faz parte de uma política migratória regulada e humanista.

As inscrições podem ser feitas no site do Turismo de Portugal. Os imigrantes interessados devem preencher um formulário simples, em que serão avaliados aspectos como competências e preferências. As formações serão realizadas em 12 escolas de hotelaria e turismo espalhadas pelo país, considerando também a localização dos candidatos para facilitar o acesso.

Etapas do programa

O programa está estruturado em três etapas principais:

> Formação teórica e cultural: Durante três meses, os participantes aprenderão sobre a língua, cultura e funcionamento das instituições portuguesas.

> Treinamento técnico: Envolve capacitação em áreas como hotelaria, recepção e restauração, de acordo com o perfil de cada candidato.

> Estágio em empresas do setor: Após o treinamento, os imigrantes serão alocados em empresas parceiras para aplicar os conhecimentos adquiridos. Durante o estágio, será oferecida uma bolsa mensal de 522,50 euros, correspondente ao Índice de Apoios Sociais (IAS).

As empresas também podem se inscrever para participar do programa, indicando vagas disponíveis e colaborando no desenho das formações específicas para suas necessidades.

Visão estratégica

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, destacou a importância do programa diante do crescimento do setor. “O turismo é o maior contribuinte líquido para a economia portuguesa, mas enfrenta desafios como a escassez de mão de obra. Atualmente, 30% dos trabalhadores do setor são imigrantes. Este programa é uma resposta concreta para integrar ainda mais pessoas”, afirmou.

Calheiros também enfatizou a relevância de uma abordagem integrada, que combine legalização, formação e habitação. “Não podemos querer imigrantes bem integrados sem resolver o problema da habitação, que é nacional. É preciso olhar para esta questão de forma estruturada”, completou.

Com números recordes no turismo, Portugal demonstra uma abordagem proativa para garantir que o setor continue sendo uma força motriz na economia, enquanto promove uma integração social inclusiva. O programa é uma oportunidade tanto para imigrantes, quanto para o país, que reforça sua posição como destino acolhedor e próspero.

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