Mulher de Pedro Sánchez presta depoimento pela primeira vez em tribunal e nega acusações

Maria Begoña Gomez tinha recusado anteriormente falar em tribunal por acreditar que as acusações não eram claras.

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Begoña Gomez é acusada de tráfico de influências e corrupção FLAVIO LO SCALZO / REUTERS
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Maria Begoña Gomez, mulher do presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, respondeu esta quarta-feira, pela primeira vez, em tribunal, tendo sido ouvida na condição de arguida por acusações de tráfico de influências e corrupção. O caso implica um alegado favorecimento do empresário Carlos Barrabés em concursos públicos enquanto co-directora do mestrado em Transformação Social Competitiva na Universidade Complutense de Madrid. Na audiência, Begoña Gomez, negou que tenha cometido qualquer irregularidade.

Esta é a primeira vez que Begoña Gomez falou numa sessão em tribunal, na sua terceira comparência, tendo respondido apenas às perguntas feitas pelo seu advogado, Antonio Camacho, relacionadas com suspeitas de crimes."Ela não tem nada a esconder. Não testemunhou antes porque não havia clareza sobre o que estava a ser investigado", justificou o advogado aos jornalistas.

Sobre a acusação de intervenção em processos de concurso públicos, Camacho afirmou que a mulher de Sánchez, acusada de ter usado a sua influência para garantir a contratação de Barrabás, tinha dito ao juiz que "não interveio em nenhum concurso público” e "só teve conhecimento da sua adjudicação após a instauração do presente processo".

Begoña Gomez foi chamada a testemunhar desta vez por um pedido feito pela Faz-te Ouvir, uma organização que se juntou ao processo ligada à extrema-direita ultraconservadora católica, relacionado com uma suposta apropriação de um software desenhado especificamente para o mestrado que Begoña Gomez terá registado em seu nome.

"Ela assinou uma lista de especificações técnicas seguindo as orientações da universidade", defendeu o advogado. No entanto, a denúncia implica que Begoña Gomez terá assinado essa lista sem ter qualificações para o fazer por não ser professora catedrática da universidade, algo que a denunciada, segundo o advogado, recusou.

"De acordo com os regulamentos da universidade, deve ser assinado pelo chefe da cadeira e, neste caso, era a directora da cadeira", contou Antonio Camacho, que negou também que Begoña Gomez tenha dito que era professora catedrática.

O processo iniciou-se com apresentação de uma denúncia pela organização ligada à extrema-direita Mãos Limpas, liderada por Miguel Bernad, advogado e ex-candidato do partido neo-franquista Frente Nacional. A denúncia iniciou um processo de acusação popular, à qual se juntou depois a Faz-te Ouvir e também a associação Iustitia Europa, ligada à oposição à Agenda 2030.

Para além das associações e grupos ligados à extrema-direita, também o Vox, o maior partido de direita radical de Espanha, liderado por Santiago Abascal, faz parte da acusação popular contra Begoña Gomez.

O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, também está envolvido no caso, tendo sido chamado como testemunha. Em Abril, no início do processo, o socialista tinha afirmado que estava a ponderar a sua continuidade à frente do Governo. Dias depois e após grandes manifestações de apoio à porta da sede do Partido Socialista (PSOE), Sánchez decidiu continuar.

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