Mais do que apenas vender, nesta garrafeira de Braga também se educa para os vinhos
Em Março de 2023, a enóloga Sara Baptista e o marido, Luís Pereira, conseguiram ver concretizado o sonho de ter um espaço onde a partilha de conhecimento fosse uma constante.
A enologia não foi a sua primeira escolha – pretendia formar-se em Biologia –, mas viria a tornar-se caminho sem retorno. “Assim que iniciei, apaixonei-me logo pelo curso”, conta a enóloga Sara Baptista, cuja carreira foi desenhada, maioritariamente, na área comercial de duas grandes empresas do sector dos vinhos – a Sogrape e a Vinalda.
Também teve a oportunidade de trabalhar um pouco na área da produção, mas o seu grande sonho foi ganhando cada vez mais força: abrir um espaço diferenciador, em Braga, a sua cidade, para poder partilhar a paixão pelo vinho com outras pessoas. Apoiada pelo marido, Luís Pereira, em Março do ano passado abriu a The Winer’s Circle, que mais do que uma garrafeira pretende ser um local de partilha de conhecimento sobre vinho.
Depois de passar tanto tempo a trabalhar na área comercial, Sara já tinha ideias muito definidas sobre o que, na sua opinião, “devia existir, ou não, numa garrafeira”. “A ideia sempre foi ter um espaço amplo, para as pessoas poderem circular sem estar com medo de dar pontapés em garrafas ou caixas”, introduz. A este pormenor, juntaram depois a decoração moderna e simples, que procura levar a que “as pessoas entrem e possam sentir-se na sua própria sala de estar”.
Dito assim pode soar a exagero, mas a verdade é que, nesta casa, não faltam oportunidades para os clientes irem entrando e ficando. “Se não é todas as semanas, é quase todas, temos provas com produtores, masterclasses e tertúlias, sempre com um bom movimento”, conta.
Ainda que nas prateleiras da The Winer’s Circle caibam “as 14 regiões vitivinícolas nacionais, mais as estrangeiras”, os Vinhos Verdes têm ali um lugar cativo. “É uma região que tentamos dar a conhecer e orientar [as suas provas]. Temos clientes que vêm aqui especificamente procurar Vinho Verde”, declara a enóloga. O marido prossegue: “Nos últimos anos também tem mudado muito o perfil do Vinho Verde e isso tem ajudado.” No total, são quase 60 referências da região que ali são vendidas – incluindo três aguardentes –, sendo que o casal não esconde a predilecção por dar a conhecer “produtores pequenos” e “projectos diferenciadores”.
Para já, é neles que está o foco, mas o casal não afasta a possibilidade de vir a produzir um vinho próprio. “Já nos lançaram várias vezes essa ideia, mas queremos levar este projecto passo a passo”, acautela a enóloga. “Essa vai ser a fase dois”, atira o marido, um homem do marketing, cuja paixão pelos vinhos também vem de longe. “Mas comecei a ter um bichinho maior por causa da Sara”, confessa, antes de começarmos a esmiuçar as possibilidades que podem vir a estar em cima da mesa para essa “fase dois”.
“Gosto muito da região de Trás-os-Montes e a verdade é que tenho uma costela transmontana”, declara a enóloga que também tem ligação aos Vinhos Verdes. “Quando estive a trabalhar na produção de vinho foi, precisamente, na região dos Vinhos Verdes”, nota. Adivinha-se “uma decisão difícil”, repara, confiante de que ainda tem muito tempo para ponderar. “Por ora, a ideia é mesmo dar o palco a produtores pequeninos”, coisa que lhes “dá muito gozo”.
The Winer’s Circle
Rua de Santo Adrião 31, Braga
Tel.: 963818008
Das 10h às 12h30 e das 15h às 19h; sábado, das 10h às 13h
Encerra ao domingo
Este artigo foi publicado na edição n.º 14 da revista Singular.
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