Os ratos na roda

Aceitamos como natural o puxar das capacidades humanas até ao limite. E a incoerência atinge o seu máximo quando apontamos o dedo ao doping no desporto, mas depois o relativizamos no mercado laboral.

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Na cama de lençóis brancos esticados e cantos presos num triângulo perfeito, o cabelo ruivo dela parecia destoar. Era como se o cabelo gritasse que não pertencia àquele lugar asséptico, a cheirar a desinfectante e onde a temperatura do ar nunca ultrapassava os 20ºC. Mas era ali que ela estava, ainda adormecida, depois da medicação. Era bonita, mesmo que o hospital seja quase sempre o local onde a beleza se esconde. Pele muito clara, nariz pequeno, sardas espalhadas pelo rosto. Só as olheiras escuras e profundamente marcadas faziam suspeitar de que talvez pudesse não estar tudo bem. E obviamente não estava.

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