Sinistralidade: menos mortos, mas mais acidentes e feridos graves
Colisões são as principais causas de acidentes, mas os despistes são os principais causadores de vítimas mortais.
Nos primeiros seis meses deste ano o país assistiu a um aumento de acidentes rodoviários com vítimas e a um aumento dos feridos graves, embora tenha havido uma diminuição de vítimas mortais e de feridos ligeiros. A comparação é feita com 2019, o ano de referência para monitorizar as metas de redução de mortos e feridos até 2030. Foi um semestre com 17.900 acidentes com vítimas, 220 das quais foram mortais.
Os dados constam do relatório referente à sinistralidade no primeiro semestre de 2024 e dá ainda conta que esse foi um período com 1257 feridos ligeiros e 20.795 feridos graves. Em comparação com 2019, os dados globais apontam para menos 40 mortos (uma redução de 15,4%) e menos 161 ferido ligeiros, mas houve mais 491 acidentes e mais 96 feridos graves.
Quando se olha apenas para o continente (os dados anteriores incluem as regiões autónomas), a tendência é a mesma – houve mais acidentes (486) e mais feridos graves (136), mas menos mortes (12) e menos feridos ligeiros (119).
A diminuição de vítimas mortais sente-se também comparando com o período homólogo de 2023 (menos 19), mas todos os outros indicadores cresceram: mais 571 acidentes, mais 56 feridos graves e mais 692 feridos ligeiros. O relatório ressalva, contudo, que em 2024 “houve um aumento na circulação rodoviária, o que corresponde a um acréscimo no risco de acidentes”.
Segundo o relatório, até 30 de Junho, as colisões representaram 52,9% dos acidentes, 41,1% das vítimas mortais e 45,8% dos feridos graves. Os despistes, apesar de serem menos frequentes do que as colisões (representaram 33,4% do total), foram responsáveis pela percentagem mais elevada de vítimas mortais: 43,5%.
Quando se olha para o tipo de via, percebe-se que foi dentro das localidades que houve mais vítimas mortais – 124 contra 90, fora das localidades –, tendo 63% dos acidentes ocorrido em arruamentos, valor a que correspondem 35% das vítimas mortais. Olhando, de novo, para estes dados em comparação com 2019, percebe-se que houve um aumento de vítimas mortais dentro das localidades (14,8) e uma diminuição fora (menos 23,7%). A tendência nas duas vertentes é a mesma, se a comparação for feita com o ano passado – houve mais 9,7% vítimas mortais dentro das localidades e menos 25% fora.
O relatório refere ainda que 50,5% das vítimas mortais registaram-se na rede rodoviária sob a alçada da Infra-Estruturas de Portugal (37,9%), Brisa (3,7%), Ascendi (2,8%), município das Caldas da Rainha (2,3%) e a Concessão Oeste e municípios de Lisboa e Viseu (1,9% cada).
Quem mais morreu foram, sobretudo, os condutores dos veículos (72,9% do total das vítimas mortais), correspondendo 15,4% a peões e 11,7% a passageiros. E, no que se refere ao tipo de veículos, os automóveis ligeiros estiveram envolvidos em 71,5% dos acidentes. Uma percentagem que corresponde a uma diminuição de 3,2% em relação a 2019 e um aumento de 4%, comparando com o ano passado.
O crescimento de acidentes é ainda mais notório quando se olha para os velocípedes (houve mais 49,2% de acidentes em comparação com 2019 e mais 2,9% comparando com 2023) e os motociclos (um crescimento, respectivamente, de 34% e 1,3%). Já os ciclomotores estiveram envolvidos em menos acidentes, num decréscimo de 32,4% face a 2019 e 8,3%, a 2023.
Mais de 708 mil condutores perderam pontos na carta
O semestre foi também marcado por um aumento de fiscalizações (118,9 milhões de veículos fiscalizados, o que representa um aumento de 75,6% face ao ano anterior) e de infracções, que chegaram às 453.600 (mais 3,4% do que em 2023).
O excesso de velocidade foi responsável por 72% destas infracções (crescimento de 19,5% face ao ano anterior), tendo havido um decréscimo nas outras tipologias, com destaque para uma quebra de 46,1% por falta de cinto de segurança; 32,7% por uso de telemóvel e 25,9% referentes ao sistema de retenção de crianças.
As forças de segurança realizaram ainda no primeiro semestre testes de álcool a 912.600 condutores (menos 5,6% do que em 2023).
As detenções por criminalidade rodoviária também caíram em 40,2%, tendo atingido 10.900 condutores. As razões prenderam-se, maioritariamente, com a condução sob a influência de álcool (56,7%) e a falta de habilitação legal para conduzir (33,4%). Em ambos os casos houve uma quebra, comparando com o ano anterior de, respectivamente, 38,5% e 43,5%.
Já no que se refere à perda de pontos na carta de condução, houve 708.600 condutores afectados por esta medida no primeiro semestre. No relatório relembra-se que a carta por pontos entrou em vigor em Junho de 2016 e, desde então, já houve 3257 condutores com a carta cassada por esta via.