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Golpes contra clientes de bancos chegam a brasileiros que vivem em Portugal
Brasileiros que moram em Portugal, mas mantêm contas no Brasil, têm recebido mensagens e telefonemas de golpistas. Instituições financeiras alertam para o risco de se passar informações sigilosas.
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Brasileiros que vivem em Portugal, mas mantiveram a vida financeira no Brasil, com contas-correntes ativas em bancos, vêm sendo inundados de telefonemas de quadrilhas especializadas em dar golpes. “Há dias em que chego a receber mais de 10 ligações, inclusive, de bancos nos quais nem tenho conta”, diz o aposentado Lúcio Gonçalves, 59 anos. “É incrível como essas quadrilhas conseguem os números dos nossos telefones e alguns dos nossos dados bancários. Isso me deixa preocupado”, ressalta. Ele está em Portugal há quase três anos e manteve o número do celular brasileiro justamente para controlar o movimento de sua conta.
Nos últimos dias, os golpistas passaram a disseminar a informação de que a agência bancária na qual a pessoa tem conta ou o gerente que a atende "estão sob investigação". A mensagem fraudulenta teve tanta repercussão, que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reagiu e soltou vários comunicados com alertas sobre o golpe. O mesmo fizeram os principais bancos brasileiros, cientes de que, mesmo do outro lado do Atlântico, há milhares de pessoas que podem cair nas armadilhas dos bandidos. Segundo a Febraban, aqueles que receberem ligações ou mensagens como sendo de bancos não devem fazer nenhuma transação e informar dados sigilosos, como as senhas.
Especialistas em finanças pessoais, como o professor Ricardo Rocha, da escola de negócios Insper, alertam que os golpes contra clientes bancários não têm mais fronteiras, dado o grande número de brasileiros vivendo no exterior. Pelo boletim mais recente divulgado pelo Itamaraty, há 4,9 milhões de pessoas oriundas do Brasil espalhadas pelo mundo. Em Portugal, especificamente, são 513 mil computados oficialmente, mas, o número é muito maior, pois há cerca de 200 mil brasileiros esperando a documentação que será emitida pela Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e mais 200 mil com dupla nacionalidade.
Portanto, os alertas dos bancos não podem mais ficar restritos ao Brasil, acredita Rocha. Para ele, o melhor que os clientes bancários devem fazer é ignorar as ligações, pois os bancos não costumam telefonar para os clientes, a não ser em casos muito específicos. Muito menos, envia mensagens que possam facilitar golpes. “Desconfie sempre de facilidades. Dinheiro não cai do céu. Se alguém ligar oferecendo mundos e fundos, rendimentos muito acima dos praticados no mercado, pedir senhas ou para clicar em links, fuja. É golpe”, alerta. Ele lembra que 75% das empresas no mundo têm sido alvos de ataques cibernéticos, e as pessoas físicas, também.
Em seus comunicados, os bancos avisam que, para tentar dar credibilidade às mensagens ou ligações fraudulentas, os criminosos podem até enviar falsos boletins de ocorrência ou ordens de serviço supostamente assinados por gerentes de agências bancárias. Para passar um ar de seriedade e convincente, os golpistas “advertem” que a investigação é sigilosa e que os clientes não podem repassar a informação adiante. Segundo a Febraban, o objetivo é induzir a vítima a fazer transações para, supostamente, proteger sua conta, incentivando o resgate de fundos de previdência e de outros investimentos ou mesmo fazer empréstimos, com os recursos sendo desviados imediatamente.
Para proteger a clientela, os bancos brasileiros têm investido cada vez mais em segurança. O presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirma que, apenas neste ano, serão destinados 48 bilhões de reais (8 bilhões ou 8 mil milhões de euros) em tecnologia e segurança da informação. Ele ressalta, ainda, que há, por parte das instituições financeiras, um monitoramento constante de suas infraestruturas, de forma a prevenir fraudes.
“Os bancos contam com o que há de mais moderno em relação à segurança cibernética e prevenção a fraudes, fazem constantes campanhas de conscientização para a população e atuam em parceria com forças policiais para auxiliar na identificação e punição de criminosos virtuais”, explica o presidente da Febraban. As advertências são para se desconfiar sempre de ligações e mensagens e, em caso de dúvidas, entrar em contato com o banco por meio dos canais oficiais.
Em suas campanhas, os bancos acrescentam que as entidades policiais nunca entram em contato pedindo dados pessoais, senhas, chaves de segurança, atualizações cadastrais ou sistêmicas e nem solicitando transações. “Nunca faça transações bancárias a pedido de terceiros. Lembre-se: você é responsável pelas movimentações da sua conta”, indica o comunicado dos bancos.