Sánchez mostra unidade com governo valenciano, Feijóo critica “falta de colaboração”

O primeiro-ministro espanhol visitou o centro de resposta à DANA, onde prometeu apoio e mostrou unidade com o líder regional. Já o líder do PP criticou resposta do Governo central.

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Sánchez encontrou-se com o presidente da Generalitat valenciana, Carlos Mazón KAI FOERSTERLING / EPA
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O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, visitou esta quinta-feira o Centro de Coordenação Operacional Integrado da Comunidade Valenciana, que gere a resposta à emergência provocada pelo fenómeno meteorológico conhecido em espanhol como DANA, que causou pelo menos 95 mortos. No local, Sánchez pediu aos valencianos que não saíssem de casa porque a DANA ainda não tinha acabado e que iriam mover “todos os recursos e meios possíveis”, apesar das críticas do líder da oposição do Partido Popular.

Depois de uma reunião com o presidente da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, e com os responsáveis operacionais da região, Sánchez fez uma declaração institucional, precedida por um minuto de silêncio pelas vítimas da tragédia na região.

Na declaração, o primeiro-ministro espanhol pediu aos habitantes das províncias de Valência e Castellón - subdivisões da região de Valência - “que permaneçam em casa” face ao alerta vermelho decretado pela Agência Estatal de Meteorologia (AEMET) para a província.

“Se precisarem de mais recursos, o Governo de Espanha está aqui. Não vamos deixar sozinhos os valencianos e as valencianas. A prioridade é encontrar as pessoas desaparecidas para aliviar a angústia que as famílias estão a sofrer. Apoiaremos por terra, mar e ar durante o tempo que for necessário para encontrar todas as pessoas desaparecidas”, sublinhou Pedro Sánchez, na declaração.

O presidente da Comunidade Valenciana agradeceu ao líder do governo espanhol pela sua “proximidade” e a “resposta rápida”.

“Obrigado por ter vindo tão cedo e pelo contacto através do WhatsApp e do Comité de Emergência. A coordenação é essencial. Obrigado pela vossa proximidade e pela vossa rápida presença. Recebemos esta mensagem com muito carinho”, sublinhou Mazón, que pertence ao partido da oposição espanhola, o Partido Popular (PP).

Feijóo aponta o dedo a Sánchez

O líder do Partido Popular (PP), Alberto Nuñez Feijóo, também visitou o centro esta quinta-feira, onde enviou uma mensagem de solidariedade a todos os que vivem na Comunidade e de pêsames pelas “vítimas”.

Feijóo aproveitou ainda para acusar o governo de Sánchez de não ter sido “informado de nada” do que estava a acontecer, afirmando que teve “de se manter informado do que estava a acontecer através dos presidentes regionais”.

“E quando de digo de nada, é de nada”, sublinhou o líder do PP, que defendeu a gestão do presidente da Generalitat (nome do governo regional valenciano), acusando o Governo central de falta de colaboração nesta emergência.

“Numa emergência nacional, para além da humanidade, é necessária a colaboração”, disse o líder do PP, apontando o dedo a Sánchez.

“Estou muito orgulhoso da colaboração dos presidentes regionais, dos presidentes de câmara e creio que foram eles que suportaram o peso desta emergência nacional”, sublinhou.

Para Feijóo deve-se fazer “uma valoração e reflexão” sobre se a gestão deveria ter sido deixada para as comunidades autónomas, sendo que, diz, a emergência excedeu o “âmbito territorial” de uma só região, tendo afectado várias comunidades do Sul do país.

Troca de acusações entre governos

A unidade demonstrada entre Sánchez e Mazón contrasta com a troca de acusações dos últimos dias entre responsáveis do Governo central e da Generalitat valenciana sobre quem teria a responsabilidade para coordenar os protocolos de emergência relativa aos efeitos da tempestade.

No rescaldo da tempestade nesta quarta-feira, Mazón tinha assegurado que todos os protocolos tinham sido cumpridos, apontando ao governo central a responsabilidade de coordenar os protocolos.

Na quinta, em comunicado, o Ministério do Interior, liderado por Fernando Grande-Marlaska, devolveu para o governo da Comunidade Valenciana a responsabilidade de gerir os protocolos de emergência, citando “informações erróneas difundidas na passada quarta-feira”.

“O Ministério do Interior recorda que a activação dos planos territoriais de protecção civil em caso de emergência de qualquer tipo e a sua gestão subsequente são da exclusiva responsabilidade das autoridades regionais, que são competentes neste domínio de acordo com as disposições da legislação em vigor”, escreveu o Ministério no site.

De facto, segundo o jornal El País, o Governo central poderia ter declarado a existência de uma “emergência de interesse nacional”, assumindo os comandos das operações e superando o pedido feito pela Generalitat que tinha pedido recursos nacionais para ajudar na resposta sem abdicar do comando das operações - o nível 2 do Sistema Nacional de Protecção Civil espanhol.

A possibilidade dessa declaração foi cogitada pelo comité de crise formado na noite de terça-feira pelo governo central, segundo fontes do Ministério do Interior citadas pelo El País, mas acabou por ser descartada por ter sido considerado que “não era necessário” face à actuação “correcta” do governo regional, sendo que declarar unilateralmente esse tipo de emergência, segundo as fontes citadas pelo jornal, era como “como aplicar um (artigo) 155º”, artigo da Constituição espanhola que permite ao Governo central superar as competências das comunidades autónomas.

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