Lucros do BPI até Setembro sobem para 444 milhões de euros

Crescimento da margem financeira continuou a suportar a subida dos lucros do BPI, mas a expectativa do banco é que este indicador venha a cair durante o próximo ano, acompanhando a queda dos juros.

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João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI MIGUEL A. LOPES / LUSA
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O BPI reportou um resultado líquido de 444 milhões de euros no conjunto dos nove primeiros meses de 2024, valor que representa uma subida de quase 14% em relação aos lucros de 390 milhões que tinham sido alcançados em igual período do ano passado. A justificar esta evolução esteve, sobretudo, a margem financeira, que continuou a crescer, apesar do contexto de descida das taxas de juro que já se verifica.

Os resultados foram divulgados, nesta quinta-feira, em conferência de imprensa. “O aumento do produto bancário teve um impacto grande nos resultados, tendo sido influenciado, essencialmente, pelo crescimento da margem financeira, a estabilização dos custos de estrutura e a redução do risco de crédito”, justificou o presidente executivo do BPI, João Pedro Oliveira e Costa.

No conjunto de Janeiro a Setembro deste ano, o BPI alcançou uma margem financeira (indicador que mede a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos) de 737 milhões de euros. Este valor representa um aumento de 7% em relação a igual período do ano passado, que se verifica apesar do ajustamento das taxas de juro do mercado e que é explicado pelo repricing [renegociação dos juros] do crédito com indexantes superiores aos do período homólogo, parcialmente compensado pelo aumento do custo dos depósitos.

Não obstante esta evolução no conjunto destes nove meses, se se considerar apenas o terceiro trimestre deste ano, a margem financeira caiu quase 3% em relação ao ano passado. Esta tendência, prevê João Pedro Oliveira e Costa, irá manter-se no próximo ano. A única resposta possível a este movimento é aumentarmos o nosso volume de negócios. Não haverá aumento de comissões para compensar esta quebra, considero que não há espaço, esse ajuste já foi feito, afirmou.

Ainda do lado operacional, as receitas obtidas por via de comissões aumentaram em 12% no período em análise e totalizaram 244 milhões de euros. Esta subida é explicada por um evento extraordinário registado em Junho de 2024 (a liquidação antecipada da participação em resultados de apólices de seguros comercializadas em anos anteriores), sem o qual o crescimento das comissões teria sido de 4% em relação ao ano passado, reflectindo a evolução positiva da actividade comercial do banco.

Já os custos de estrutura aumentaram em 5%, fixando-se em 416 milhões de euros no final de Setembro.

O produto bancário fixou-se, assim, em mil milhões de euros no conjunto dos nove primeiros meses do ano, mais 11% do que no ano passado.

No que diz respeito à actividade comercial, o BPI viu a carteira de crédito manter-se estável, com um crescimento de 2%, para um total de 30,3 mil milhões de euros. Esta evolução fica a dever-se ao aumento das carteiras de crédito à habitação (mais 2%) e a empresas (com uma subida de 3%).

Ainda relativamente ao crédito, a qualidade da carteira do BPI melhorou, com o rácio de non-performing exposures (NPE, ou exposições não produtivas, o indicador utilizado pelo BPI para medir os níveis de crédito malparado) a reduzir-se para 1,4%.

Já os recursos de clientes aumentaram em 5%, ascendendo a 38,7 mil milhões de euros no final de Setembro, com um aumento de 4% dos depósitos, para 29,5 mil milhões.

Quanto à solidez do banco, o BPI viu o rácio de common equity tier 1 (principal indicador utilizado para medir os níveis de capitalização de um banco) diminuir ligeiramente, de 14,1% para 13,9%, mantendo-se, ainda assim, acima dos níveis regulatórios.

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