Rangel garante na AR que “chumbo” de juiz português para tribunal europeu é ilegal

Ministro dos Negócios Estrangeiros sustenta que “quem define os requisitos para [a nomeação] dos juízes são os tratados, não é o comité” europeu de avaliação.

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Paulo Rangel diz que o Estado português não foi informado previamente da recusa do candidato ao Tribunal de Justiça da União Europeia JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou esta quarta-feira que o "chumbo" do juiz Gonçalo Almeida Ribeiro para o Tribunal de Justiça da União Europeia é ilegal, já que o critério apresentado não consta do tratado de funcionamento da UE. Quem define os requisitos para [a nomeação] dos juízes são os tratados, não é o comité" europeu de avaliação, sublinhou Paulo Rangel, ouvido na Comissão Parlamentar dos Assuntos Europeus sobre o assunto.

"O tratado [de funcionamento] não refere, em lado nenhum, a obrigação de o candidato ter 20 anos de experiência", afirmou o ministro, apontando que essa condição não se aplica aos magistrados que exercem funções em altos tribunais, mas sim a jurisconsultos. No caso do Gonçalo Almeida Ribeiro, a necessidade de ter 20 anos de experiência não é obrigatória, já que o juiz é actualmente vice-presidente do Tribunal Constitucional, avançou Paulo Rangel.

O ministro lembrou ainda os partidos presentes na comissão parlamentar que os candidatos apresentados pelo Governo foram ratificados pela Assembleia da República, pelo que, "havendo uma rejeição, a Assembleia fica também em causa, e não só o Governo".

Assegurando que defende a existência de um comité de avaliação, o ministro admitiu ter estranhado o processo usado, já que, "nos casos em que o comité recusa [um candidato], normalmente avisa previamente o Estado, coisa que não fez" com Portugal. "Isto vai ter consequências", adiantou Rangel.

Proposto pelo actual Governo, juntamente com Carla Farinhas e Sofia Oliveira Pais, Gonçalo de Almeida Ribeiro foi um dos três candidatos a juiz do TJUE ouvidos pela Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus em Julho passado. Logo nessa altura, foram levantadas dúvidas em relação à compatibilidade do seu currículo para o cargo, designadamente pelo PS.

Formalizada a candidatura de Almeida Ribeiro pelo Governo português, o comité europeu a quem cabe avaliar os candidatos ao TJUE deu-lhe parecer negativo, considerando que o ainda vice-presidente do Tribunal Constitucional não tem os "20 anos de experiência" exigidos nos requisitos de candidatura.