PIB cresce 0,2% no terceiro trimestre e 1,9% em termos homólogos
Variação em cadeia manteve-se idêntica à do segundo trimestre, enquanto em termos homólogos houve uma subida de 0,3 pontos percentuais, de acordo com a estimativa rápida do INE.
O Produto Interno Bruto (PIB) teve uma variação de 0,2% no terceiro trimestre, em cadeia, mantendo assim um crescimento igual ao do segundo trimestre.
De acordo com a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada nesta quarta-feira, "o contributo da procura interna para a variação em cadeia do PIB permaneceu positivo" no terceiro trimestre, que engloba os meses do Verão, "observando-se um crescimento do investimento e do consumo privado, enquanto a procura externa líquida manteve um contributo negativo".
Em termos homólogos, a variação foi de 1,9%, mais 0,3 pontos percentuais do que no trimestre anterior. "O contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou ligeiramente no terceiro trimestre, verificando-se uma aceleração do consumo privado e uma diminuição do investimento", diz o INE.
"O contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB manteve-se negativo, registando-se uma aceleração das importações e das exportações de bens e serviços", acrescenta-se.
No primeiro e segundo trimestres, a variação em cadeia tinha sido de 0,6% e de 0,2%, respectivamente, com o abrandamento entre Abril e Junho a ter por base uma estagnação das exportações. Se a análise for feita em comparação com o período homólogo do ano passado, a variação do PIB foi de 1,4% e de 1,6% nos dois primeiros trimestres deste ano.
O INE alterou recentemente as bases das contas nacionais portuguesas (base 2021, que substituiu a anterior base 2016, conforme explicou este organismo), o que implicou modificações nos resultados já divulgados.
A 23 de Setembro, o INE alterou os dados dos dois primeiros trimestres deste ano, com a variação homóloga do PIB no segundo trimestre a fixar-se em 1,6% (1,5% em base 2016) e 1,4% no trimestre anterior (também 1,5% com a base de 2016). A variação em cadeia do PIB passou para 0,2% no segundo trimestre (era 0,1%) e 0,6% no primeiro trimestre (era 0,8%).
Na proposta de Orçamento do Estado para 2025, que começa agora a ser debatida no Parlamento, o Governo prevê um crescimento económico de 1,8% para este ano, quando no início do ano a estimativa era de 1,5% (para 2025, a previsão é de 2,1%). Já o Banco de Portugal reviu em baixa a sua previsão no boletim económico de Outubro, descendo 0,4 pontos percentuais, para 1,6%.
O departamento de estudos económicos do BPI publicou esta quarta-feira, após a divulgados dos dados pelo INE, na qual diz esperar um crescimento do PIB de 1,7%. "O consumo privado continua resiliente, reflectindo a robustez do mercado de trabalho, os sinais de melhoria do rendimento disponível, comportamento mais benigno da inflação e redução dos encargos financeiros associados à diminuição das taxas de juro", refere a análise da instituição financeira.
"Este último factor e a expectativa de alguma melhoria na execução do PRR", acrescenta, "poderá favorecer o desempenho do investimento na recta final do ano. Os riscos para a actual previsão revelam-se equilibrados, sendo que os negativos estão essencialmente associados a factores externos de carácter geopolítico".
"Internamente, os riscos parecem mais enviesados em sentido positivo, predominantemente relacionados com a possibilidade de que a procura interna se revele mais forte do que o antecipado", destaca ainda a nota do BPI.
Espanha com crescimento superior
Olhando para Espanha, principal parceiro comercial de Portugal, o crescimento em cadeia foi de 0,8%, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo instituto de estatística deste país, idêntico ao trimestre anterior e impulsionado pela procura interna. Em termos homólogos, a variação foi de 3,4%, mais 0,2 pontos percentuais do que no segundo trimestre.
A nível geral, o crescimento na zona euro e na União Europeia foi de 0,9% em termos homólogos no terceiro trimestre e de 0,4% na zona euro em cadeia (0,3% na UE), de acordo com os dados agora adiantados pelo Eurostat.
Segundo o instituto de estatísticas europeu, os crescimentos em cadeia mais elevados foram registados na Irlanda (mais 2%), Lituânia (mais 1,1%) e Espanha (0,8%). A maior descida ocorreu na Hungria (-0,7%).
A Alemanha, a maior economia europeia, cresceu 0,2% em cadeia depois da descida de 0,3% no trimestre anterior, escapando assim a uma recessão técnica (dois trimestres de crescimento negativo consecutivos), e registou uma variação de 0,2% em termos homólogos, semelhante à do trimestre anterior. A França teve uma melhor performance, com crescimento de 0,4% em cadeia (0,2% no período anterior) e 1,3% em termos homólogos (1% no trimestre anterior).