Azul
O céu não é o limite: estas são as melhores fotografias do clima de 2024
As fotografias vencedoras do Standard Chartered Weather Photographer de 2024 mostram-nos trovoadas vermelhas, arco-irís e paisagens geladas dignas de filmes natalícios.
O concurso Weather Photographer of the Year está de regresso com mais fotografias de fenómenos climáticos. O vencedor deste ano foi o fotógrafo Wang Xin, de Xangai, na China, com a fotografia Sprites Dancing in the Dark Night (Sprites dançam na noite escura, em tradução livre; sprites podem significar espíritos, mas são também um fenómeno meteorológico luminoso após tempestades intensas), em que vemos uma trovoada de tons vermelhos que caiu sobre a maior cidade chinesa. O fotógrafo viajou até ao distrito de Chongming, a cerca de 100 quilómetros de Xangai, e depois de algumas horas de espera, "pequenas figuras vermelhas" apareceram no céu. Xin não podia perder a oportunidade de fotografar um evento tão singular. Em nota de imprensa, os jurados comentaram que era "raro ver uma imagem com esta extensão e número de sprites". O fotógrafo ganhou o primeiro prémio no valor de cinco mil libras (cerca de seis mil euros). A lista das imagens finalistas já tinha sido anunciada em Setembro.
O segundo prémio não fica atrás em questões de deslumbre. Hoarfrost Heaven (Céu de sincelo, em tradução livre), do britânico Andy Gray retrata uma paisagem espectacular de sincelo que pintou o Vale Derwent, no Reino Unido. Os jurados destacaram as cores, a luz e as diferentes camadas proporcionadas pelas colinas, pelas árvores e pela própria neblina. Em nota de imprensa, um dos elementos do júri comentou que quanto mais olhava, mais pormenores encontrava.
Em terceiro lugar ficou a fotografia de Jamie Russell, também do Reino Unido. Evening Shower Over the Needles (Um banho nocturno sobre Agulhas, em tradução livre) mostra-nos um mar claro em contraste com as nuvens escuras e um fantástico arco-íris a uni-los. O próprio fotógrafo comenta, em comunicado de imprensa, que quando se apercebeu da formação de grandes nuvens de chuva sobre a ilha The Needles, uma ilha no canal da Mancha, com potencial de formar arco-íris, foi de imediato para a Baía de Cowell e posicionou a câmara. Esta fotografia ficou em segundo lugar na votação do público.
Na categoria de smartphone, ou seja, de fotografias tiradas com telemóveis, a vencedora foi a fotógrafa Nur Syaireen Natasya Binti Azaharin, da Malásia, com uma fotografia dos vulcões em Java Oriental, uma província na Indonésia. A fotógrafa explicou que tinha ido com o objectivo de tirar uma foto ao amanhecer, mas que foi surpreendida por uma paisagem fenomenal dos vulcões indonésios. Os jurados destacaram a subtileza da fotografia e a harmonia dos elementos naturais. A fotógrafa ganhou um prémio de 2500 libras (cerca de três mil euros).
Em segundo lugar ficou uma das fotografias que mais impressionou o júri. African Dust Over Athens (Poeiras africanas sobre Atenas, em tradução livre), de Lesley Hellgeth, dos EUA, mostra a influência das poeiras do deserto do Sara em Atenas, na Grécia, em Abril de 2023. Este fenómeno mostra a ligação entre dois pontos distantes do globo, unidos pelo mesmo fenómeno climático.
No terceiro lugar do pódio, ficou a fotografia Circular Rainbow (Arco-íris circular, em tradução livre) do fotógrafo norte-americano Peter Reinold. Esta fotografia foi tirada durante um voo entre Seattle e Tacoma num momento de grande turbulência que obrigou o fotógrafo a manter-se o mais estável possível. Os jurados apreciaram a fotografia por "incorporar o espírito da fotografia de smartphone", como consta na nota de imprensa. O fenómeno ocorreu durante pouco mais de um segundo.
Na categoria de fotógrafo jovem, o primeiro prémio foi para Rain Aria (Chuva melódica, em tradução livre), da jovem Angelina Widmann da Áustria. A fotografia mostra a cena de abertura de Madame Butterfly, um espectáculo ao ar livre na margem oriental do Bodensee (também conhecido como Lago de Constança), na Áustria. A jovem ganhou um prémio monetário de 750 libras (cerca de 900 euros).
O segundo lugar foi para Ellis Skelton, um jovem fotógrafo do Reino Unido, que surpreendeu com uma fotografia panorâmica do Vale Cuckmere, no condado de East Sussex no sudeste de Inglaterra. Saturated Earth and Sky’s Promise (Terra saturada e a promessa do céu, em tradução livre) mostra-nos o que parecem ser duas estações do ano numa só fotografia: o Verão à esquerda e o Outono à direita.
Em terceiro lugar ficou a fotografia de Lincoln Wheelwright, do Texas, nos EUA, com a fotografia Fire and Ice (Fogo e gelo). O jovem pegou na sua câmara e fotografou a vista da sua casa quando uma tempestade se estava a formar. O Golfo do México está a aquecer rapidamente face às alterações climáticas, aumentando a quantidade de ar húmido e, consequentemente, a probabilidade de se formarem tempestades muito intensas na região.
Standard Chartered Climate Award
O Climate Award é um prémio que reconhece as fotografias que evidenciam a relação entre as alterações climáticas e os seus impactos no quotidiano das populações. O primeiro vencedor desta categoria foi o fotógrafo brasileiro Gerson Turelly pela fotografia Rowing (Remar) que nos mostra o centro da cidade de Porto Alegre durante as grandes inundações no Rio Grande do Sul na Primavera deste ano. Nela, vemos uma estrada transformada num rio e um jovem a atravessá-la de caiaque. O fotógrafo comentou, em nota de imprensa, que este jovem estava a caminho de uma das áreas mais afectadas para ajudar a resgatar as pessoas ainda presas nas suas habitações.
As alterações climáticas têm intensificado as chuvas e provocado inundações ao redor do mundo, algo que vai continuar a acontecer e que exige adaptação. Os jurados descreveram a fotografia como a representação exacta "do passado, do presente e do futuro". Gerson Turelly vai receber um prémio de mil libras (cerca de 1200 euros). A sua fotografia foi também a vencedora na categoria de Favoritos do Público.
Os fenómenos climáticos, como as inundações, as secas e os incêndios florestais, são cada vez mais extremos e frequentes. As alterações climáticas continuam a ser um grande desafio que impacta a economia mundial, o meio ambiente e qualidade de vida de todos os seres.
Liz Bentley, directora executiva do Royal Metereologic Society, destaca em nota de imprensa a "variedade e a qualidade das fotografias vencedoras que mostram a verdadeira janela para o tempo e o clima mundial" e que "as alterações climáticas estão a afectar os padrões meteorológicos em todo o lado e que a comunidade mundial tem de se unir para agir agora e travar qualquer novo aumento da temperatura”.
Texto editado por Claudia Carvalho Silva