Dádivas de sangue: petição reclama direito a faltar ao trabalho no dia da recolha

Federação recorda que esmagadora maioria da recolha de sangue efectuada nos hospitais é feita em horário laboral, impossibilitando que muitos cidadãos possam fazer a sua dádiva.

Foto
Há falta de sangue no país, sobretudo dos grupos A+, A-, O + e O - Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
02:29

A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) entrega esta terça-feira, na Assembleia da República, uma petição para que os dadores voltem a ter direito à ausência no trabalho no dia da dádiva de sangue. A petição pública foi lançada em Dezembro de 2023 e a federação escreve, num comunicado enviado às redacções nesta segunda-feira, que tem ​“o intuito de ver o assunto a ser debatido em plenário”. O direito ao dia foi retirado em 2011.

Num momento em que há falta de sangue no país, sobretudo dos grupos A+, A-, O + e O -, a FEPODABES recorda que “os dadores são indispensáveis para dar resposta às necessidades de sangue do sistema de saúde” e que são precisas cerca de mil unidades de sangue todos os dias, sendo necessária a mobilização de toda a sociedade para a dádiva.

Como noticiou o jornal Expresso esta segunda-feira, segundo dados do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), no caso do A + as reservas só dão para quatro dias. As do O+ e O- dão para cinco dias e as do tipo A- dão para seis dias. O IPST considera sete dias o mínimo desejável para conseguir responder à procura.

Face à problemática, a FEPODABES recorda que a esmagadora maioria da recolha de sangue efectuada nos hospitais, bem como a generalidade das acções realizadas pelo Instituto Português do Sangue da Transplantação é efectuada em horário laboral, impossibilitando que muitos cidadãos possam fazer a sua dádiva.

A federação fala ainda numa incoerência incompreensível” no Estatuto do Dador de Sangue já que este documento refere o dever cívico de todo o cidadão saudável contribuir para a satisfação das necessidades de sangue da comunidade, bem como considera-se o dador convocado para nova doação desde que decorrido o intervalo mínimo fixado entre as dádivas. “Não se compreende, assim, o total alheamento dos partidos e decisores políticos face à resolução dos problemas que afectam os dadores de sangue”, defende este organismo no mesmo comunicado à imprensa.

Segundo o presidente desta federação, Alberto Mota, citado na nota de imprensa, o direito à ausência no trabalho no dia da dádiva de sangue é uma medida absolutamente necessária para aumentar o número de dadores regulares, diariamente, e diminuindo assim as carências de sangue a nível nacional, carências essas que ocorrem com demasiada frequência, como é aliás público e notório.

Ainda na semana passada, este organismo alertou que as reservas de sangue estão pouco acima de metade do que seria ideal e apelou à doação. “O ano de 2024 tem sido um ano muito atípico no que toca a manter as reservas de sangue em níveis satisfatórios”, defendia Alberto Mota. com Lusa

Sugerir correcção
Ler 3 comentários