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Polícia prende dois brasileiros em Portugal, um, por pedofilia, outro, por corrupção
Dener Oliveira abusou sexualmente das duas filhas, de 10 e 14 anos. Fábio Remesso integrava a Máfia do ISS em São Paulo, que extorquiu mais de 80 milhões de euros de empresários. Eles eram foragidos.
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Dois brasileiros que estavam foragidos em Portugal foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) por crimes cometidos em Santa Catarina e em São Paulo, após alerta vermelho da Interpol. Dener Oliveira, 47 anos, é acusado de abusar sexualmente das filhas menores, e Fábio Camargo Remesso, 55, por integrar quadrilha que fraudava a cobrança de impostos da capital paulista, conhecida como máfia do ISS. Fontes da PJ ouvidas pelo PÚBLICO Brasil confirmaram as prisões.
Os dois homens estavam sendo procurados pelas autoridades judiciárias do Brasil. Dener foi detido no Montijo. Ele foi condenado a 15 anos de prisão. Fábio, auditor fiscal, detido em Lisboa, teve pena definida no Brasil de seis anos.
Segundo a acusação, o catarinense abusou das filhas 10 e 14 anos entre 2019 e 2022, na residência da família. Ele se aproveitava da autoridade paterna para submeter as filhas, "de forma reiterada, a diversas formas de abuso sexual".
Os crimes se intensificaram sobre a filha mais nova entre setembro de 2022 e março de 2023. O pedófilo só cessou os abusos após divórcio do casal, quando a menina revelou à mãe e à irmã os graves ataques sofridos, que incluíam o estupro.
Dener foi levado ao Tribunal da Relação de Lisboa para aplicação das medidas judiciais, que devem culminar com sua extradição para o Brasil.
Extorsão a empresários
No caso de Fábio Remesso, a PJ tinha um mandado de detenção internacional emitido em outubro de 2024 pela Justiça brasileira. Ele era procurado pela Interpol e, por ter cidadania lusa, ficou escondido em Portugal.
A quadrilha da qual ele fazia parte provocou rombo de 500 milhões de reais (83 milhões de euros) na arrecadação da prefeitura de São Paulo entre 2007 e 2013. Com a prisão de Remesso, os autos do processo serão encaminhados ao Tribunal de Justiça de Lisboa, para confirmação da prisão preventiva.
O chefe da quadrilha seria o ex-subsecretário da Receita Municipal de São Paulo, Ronílson Bezerra Rodrigues, que se apresentou às autoridades em 2019 para cumprir pena de 16 anos de prisão. Conforme as fontes da PJ, o auditor e o grupo se aproveitaram do trabalho na prefeitura de São Paulo para cobrar propina de construtoras.
Segundo policiais brasileiros,"os suspeitos se aproveitaram da qualidade de auditores de finanças, integrados no Departamento de Finanças do município de São Paulo, para extorquir empresários”.
O inquérito apurou que a quadrilha implementou “um sistema para a prática reiterada de crimes de corrupção passiva, envolvendo construtores civis e relacionados com a emissão de documentos necessários ao desenvolvimento do seu trabalho".
A conclusão do processo criminal indicou que, "com a prática destes crimes, obtiveram lucros milionários ao receberem benefícios indevidos de empresas de construção, acumulando riqueza incompatível com o cargo público, desenvolvendo manobras para ocultar e movimentar os valores provenientes das práticas criminosas".