Trabalhadores da RTP “muito preocupados” com cortes no canal
Sindicato dos Jornalistas e representantes dos trabalhadores foram à Assembleia da República manifestar-se contra despedimentos e corte de publicidade.
A direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) manifestou nesta terça-feira “grandes preocupações” com o fim da publicidade na RTP e com o despedimento de 250 trabalhadores de forma voluntária, previsto no Plano de Acção para a Comunicação Social anunciado pelo Governo.
Ouvidos na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, os membros da direcção do SJ temem que os 22 milhões de euros de perdas para o canal público, previstos com o fim da publicidade, de forma progressiva, ao longo de três anos, sejam “um forte abalo no serviço público de rádio e televisão”.
O presidente do SJ, Luís Filipe Simões, lembrou que o investimento público que é feito no canal público “é muito inferior ao feito em outros países” e salientou o facto de a RTP “ter lucros há 14 anos”.
O presidente do sindicato mostrou também “grandes preocupações” com a prevista saída de 250 trabalhadores, de forma voluntária. “Estas saídas vão enfraquecer ainda mais o serviço público”, afirmou Luís Filipe Simões na audição parlamentar requerida pelo PS e Livre.
“A RTP não é um problema. Com esta saída de trabalhadores e com os cortes previstos passará a ser um problema. (…) Não há jornalistas a mais na RTP, há é jornalistas a menos para o serviço que a RTP presta”, acrescentou.
Também ouvidos na comissão parlamentar, os membros da Comissão de Trabalhadores da RTP e da Subcomissão de Trabalhadores do Porto manifestaram igualmente “grandes preocupações” com o fim da publicidade e com a saída de trabalhadores, embora tenham afirmado que estas saídas são voluntárias.
Os representantes dos trabalhadores defenderam mais uma vez o aumento da contribuição para audiovisual.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que tem a tutela da comunicação social, garantiu na noite de segunda-feira, no Porto, que a RTP terá o financiamento necessário para cumprir o serviço público assim que eliminar as gorduras, desperdícios e ganhar eficiência.
Em declarações citadas pela Lusa após ter participado na conversa “Jornalismo: Que Liberdade e Que Futuro?”, que decorreu no Coliseu do Porto, o governante esclareceu algumas das ideias abordadas pelo painel de convidados que integrou.
“Uma das medidas que estamos a propor é terminar com a publicidade comercial na RTP, precisamente para lhe dar uma vantagem competitiva. Ora isso não pode significar um enfraquecimento (…), nomeadamente do ponto de vista financeiro e é por isso que temos no Orçamento do Estado para 2025 um aumento de capital previsto de mais de 14 milhões para a RTP”, afirmou Pedro Duarte.
E prosseguiu: “Nós vamos provocar mudanças dentro da RTP no sentido de se ganhar eficiência e de combater gorduras e desperdícios. A partir do momento que isso seja feito, nós, evidentemente, não iremos permitir que a RTP perca relevância, perca impacto por razões financeiras. Isso não acontecerá.”
Definida esta premissa, sublinhou o ministro, “a RTP terá o financiamento que for necessário para cumprir o serviço público de media” que o Governo diz acreditar “ser o importante para o país”.
Sobre o plano de 250 saídas de trabalhadores da RTP para a entrada de 125, assegurou Pedro Duarte, é da responsabilidade da “administração da RTP”.