Welcome to Alaska é um livro de fotografias que é “um filme” num cenário inóspito
O segundo livro de Rui Gaiola foi feito com temperaturas negativas e paisagens solitárias, mas com pessoas dentro — e “histórias de amor, de sofrimento e, acima de tudo, de perseverança”.
O espaço branco e os contrastes, os bigodes farfalhudos nos retratos, os letreiros esquecidos das bombas de combustível e dos cafés de berma de estrada e as casas colocadas no meio de um cenário gélido. Welcome to Alaska é um livro fotográfico de uma viagem de dez dias pelo maior estado norte-americano em pleno Inverno, onde Rui Gaiola e dois amigos chegaram a respirar "uns belos 25 graus negativos" no "muito genuíno" interior remoto do Alasca.
"Quando saímos das cidades grandes, o Alasca é outro, é verdadeiro, é puro, é real e único e é aí que entramos num filme", escreve Rui Gaiola, confesso apaixonado pelos EUA e pelo Inverno ("sinto um chamamento cada vez mais forte"), que ouviu a exclamação "welcome to Alaska" várias vezes a meio de longas conversas com locais. As conversas on the road foram, sem dúvida, um dos "pontos altos" desta viagem, aquilo a que o fotógrafo chama de "cola quente" entre a experiência no Alasca e as fotografias dos lugares no Inverno rigoroso de Março de 2024.
Se no seu primeiro livro de fotografia, I Wish I Could Drive These Roads Forever (2020), não existia uma fotografia na capa, desta vez Gaiola, quase sempre "ao sabor do vento" (Anchorage, Chugiak, Palmer, Willow, Talkeetna, Denali Park, Cantwell, Healy, Fairbanks, Chena Hot Springs, Chena River, Nenana, Anchorage, Seward, Lowell Point, Moose Pass, Cooper Landing, Soldotna, Anchor Point, Homer, Nikolaevsk, Bird Creek, Girdwood, Hope, Whittier e de volta a Anchorage), assume que faz parte deste Alasca, desde a capa até à página em que telegraficamente se apresenta com auxílio de uma fotografia de 1992, então com cinco anos, na sua terra natal, o Sabugal, de gorro, roupas garridas e um ancinho a "varrer" a neve.
"Foi a primeira vez que fui assim tão leve e despreocupado para uma viagem, e isso deu-me um certo gozo porque andei descontraído e mais receptivo à surpresa, ao improviso e ao que ia aparecendo", escreve o autor, que encontrou uma região vasta e muitas vezes deserta, uma paisagem inóspita de temperaturas negativas, mas com pessoas "incrivelmente simpáticas" e "grandes histórias de vida, histórias de amor, de sofrimento e, acima de tudo, de perseverança".
Para além do livro de 172 páginas, Rui Gaiola, fundador do Festival Naturcôa e do projecto Everlong Adventures, junta um extra com toques retro, a revista Welcome to (Analog) Alaska, uma edição limitada que inclui uma selecção exclusiva de fotografias analógicas (levou uma Olympus 35mm e uma Fuji Instax) capturadas durante a viagem que é uma "verdadeira homenagem ao processo analógico", às máquinas fotográficas analógicas, que fizeram parte da sua vida, às máquinas de escrever (os textos da revista foram escritos numa Olivetti com teclado HCESAR) e às fanzines punk e hardcore que Rui ainda guarda.
O livro estará exclusivamente à venda nos lançamentos e neste site.