Eram 17h32 no Sal (mais uma hora em Lisboa) quando se fez história aérea para a easyJet, para a ilha e para Cabo Verde. Acabava de aterrar o primeiro voo low cost vindo de Portugal. E se esta terça foi dia de estreia com abertura festiva de rota em Lisboa, já esta quarta a festa repete-se, mas com o início de Porto-Sal. “Uma lufada de ar fresco” para o país, já tinha dito à Fugas o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos.
Com voo cheio - 186 passageiros -, o primeiro Lisboa-Sal pretende marcar o ritmo do que se espera da restante temporada Outono/Inverno, para a qual foram reservados 50 mil bilhetes. À saída de Lisboa, houve bolo; à chegada ao Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, houve música, bebidas de boas-vindas, garrafinhas de sal como souvenir para todos e as presenças em força de representantes do Governo, dos Aeroportos de Cabo Verde e da companhia aérea.
A easyJet aproveitou a estreia para confirmar a continuidade das operações pelo menos "até ao Verão de 2025", "a partir de ambas as cidades portuguesas". Os voos para a Primavera/Verão "estarão disponíveis para reserva nas próximas semanas".
Sobre a “lufada de ar fresco” que representa a chegada da low cost ao país, não só no aumento do contingente de turistas mas também na sua “diversificação”, o ministro do turismo comentou à Fugas que antecipava a chegada de “um turista com um perfil completamente diferente, fora dos grandes resorts”. Carlos Santos espera ver crescer o tipo de turista que vai pelas “vilas e lugares, a mover-se pelas ilhas, mais apto a ficar em alojamentos de pequena dimensão, que são normalmente propriedade de cabo-verdianos”.
Entretanto, fica no ar a esperança de ver chegar a easyJet a mais ilhas. A companhia, adiantava Santos, já tinha manifestado “vontade de estudar outros aeroportos no país”. Uma forma de atingir outro objectivo actual do Governo: levar os turistas para além do Sal e Boavista (que são ¾ do turismo), até para além de Santiago, às ilhas menos visitadas. Entre os potenciais destinos da easyJet, a obrigatória Boavista e a possível ilha de Santiago.
A rota Lisboa-Sal realiza-se, em aviões A320 Neo, às terças, quartas, quintas e sábados. Já Porto-Sal às quartas e sábados. Os preços por trajecto começam em valores em redor dos 70/80 euros (em promoção actualmente, o "desde" para ambas as rotas é de 60,49 euros; um valor que pode duplicar, ou mais, conforme período e procura).
Novo Interilhas: voos a quase metade do preço nas ilhas menos visitadas
Assinale-se que o Governo cabo-verdiano lançou entretanto um novo incentivo às viagens aéreas interilhas, com voos quase a metade do preço nas ilhas menos visitadas. Tanto para turistas, como para residentes. Uma “terapia de choque” ou “uma nova era” nos transportes, garantia o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, na 2.ª Conferência Internacional de Turismo da Natureza, realizada em Setembro na ainda muito pouco visitada ilha de São Nicolau.
As novas tarifas interilhas entram em vigor para São Nicolau, Maio, Fogo e Brava (esta sem aeroporto, mas sistema de desconto funciona interligando-se via marítima com ilha do Fogo). O desconto prometido é de 40 por cento, a ser aplicado automaticamente na reserva de voos.
Para assegurar os voos domésticos, foi criada uma companhia aérea específica, nascida a partir da companhia de bandeira, a TACV. A nova Linhas Aéreas de Cabo Verde, com capitais públicos mas gestão “diferenciada” da TACV: passará a ser a companhia destinada exclusivamente aos voos internos.
“Sabemos que vai haver aumento de procura, a companhia tem de preparar-se para mais aviões, mais frequências, tem de saber responder a esse aumento”, defendia o ministro Carlos Santos.
Para ajudar a esta “nova era”, Santos refere ainda que as ligações marítimas, actualmente concessionadas à portuguesa Transinsular, têm de “deixar de ser o parente pobre dos transportes”.
“Queremos estabilizar os transportes”, garantia o ministro, deixando a promessa: “2025 será o ano charneira para essa estabilização”.
A Fugas viaja a convite da easyJet e Turismo de Cabo Verde