Manchester chama por Rúben Amorim: proposta na mesa e mudança à vista
Treinador do Sporting tem cláusula de rescisão de 10 milhões de euros, que não será um entrave para o United. A sua contratação é vista como prioritária e urgente.
Rúben Amorim tem sido o nome mais badalado no futebol inglês nas últimas horas. Desde que Erik ten Hag foi despedido do Manchester United que o actual treinador do Sporting tem gerado aceso debate e interesse enquanto possível sucessor do neerlandês. Os "red devils" têm urgência em resolver o dossier, até porque o vizinho e rival citadino também terá uma palavra a dizer.
O anunciado êxodo de Rúben Amorim para uma Liga mais competitiva não será nunca uma surpresa. Pela qualidade do trabalho que tem desenvolvido em Portugal, pela afirmação crescente do Sporting na Europa e pela mobilidade dos treinadores num contexto em que os resultados ditam leis. O nome do técnico português, de 39 anos, já esteve na agenda de clubes ingleses na época passada e de lá não deve nunca ter sido apagado.
O momento que se vive em Old Trafford é de urgência, porém. Nos planos de Amorim (e do Sporting), estaria seguramente em cima da mesa considerar uma mudança no final da temporada, concluído o assalto ao bicampeonato português - até porque, a julgar pela performance dos "leões", as manobras de assédio só tenderão a aumentar. Sair a meio da época é todo um outro cenário, de consequências mais imprevisíveis. Para o próprio, e para o clube.
De acordo com a imprensa inglesa, o forcing do Manchester United cresceu nas últimas horas e Amorim será mesmo a primeira escolha do gigante inglês. O treinador português contornou a questão na conferência de imprensa de lançamento do jogo desta terça-feira, diante do Nacional, para a Taça da Liga, mas o jornal The Guardian avança que os "red devils" terão avançado já ontem à noite com uma proposta concreta.
"É um grande candidato"
O contrato de Rúben Amorim prevê uma cláusula de rescisão de 10 milhões de euros, valor que estará longe de ser um problema para o Manchester United - ou, em rigor, para qualquer clube com aspirações na Premier League. O West Ham já terá tentado na época passada, na sequência da tal viagem que o técnico português se arrependeu de ter feito a Londres a meio da temporada, e o Liverpool terá ponderado a mesma solução antes de contratar Arne Slot.
Certo é que, nesta altura, todos os olhos estão concentrados na cidade de Manchester. Essencialmente em Old Trafford, onde os adeptos suspiram por um novo rumo para uma equipa que tem acumulado desilusões, mas não só. É que, há poucas semanas, Hugo Viana foi confirmado como novo director desportivo do Manchester City e é pública a relação de cumplicidade e de perfeito entendimento profissional entre Viana e Amorim.
O plano do Manchester City, de resto, estará apenas dependente do timing de saída de Pep Guardiola. Se, como se projecta, o treinador catalão abandonar o barco dos "citizens" no final da temporada - mais uma vez com a conquista da Liga dos Campeões em ponto de mira -, Rúben Amorim tem tudo para ser encarado como escolha prioritária, até pelo conhecimento profundo que Hugo Viana tem da sua metodologia e capacidade de liderança. E essa potencial ameaça também impele o United a avançar em força nesta altura.
"Rúben Amorim é um grande candidato. Estou convencido disso e de que poderá substituir Pep Guardiola, por isso isto tem de ser resolvido rapidamente. O Manchester United tem de travar o que tem acontecido até agora e olhar para o futuro. Já desperdiçámos tantos anos por não termos sido suficientemente bons", aponta Peter Schmeichel, antiga lenda das balizas em Old Trafford e em Alvalade, à BBC Sport.
"A actual estrutura do Manchester United estará sempre acima de qualquer manager ou treinador. Thomas Tuchel analisou o cenário e pensou que teria de o reconstruir: 'Se aceitar este trabalho, tenho de tomar conta de todas as peças deste clube'. A estrutura é adequada a Rúben Amorim ou a Thomas Frank, que podem trabalhar nesta estrutura", completa.
Acordo de princípio
O jornal Manchester Evening News dá mesmo conta de um acordo de princípio já alcançado entre o United e Rúben Amorim, mas, a confirmar-se a saída, não deverá acontecer antes da próxima semana, até porque depois do jogo da Taça da Liga, o Sporting volta a entrar em campo ainda nesta semana para a 10.ª jornada da Liga - recebe o Estrela da Amadora na sexta-feira, às 20h15.
Se aceitar vestir a pele de novo treinador do Manchester United, Amorim deverá contar com algumas limitações na abordagem ao mercado de Inverno. Os "red devils" gastaram cerca de 240 milhões de euros no mercado de Verão em apenas cinco jogadores (Joshua Zirkzee, Leny Yoro, Matthijs de Ligt, Noussair Mazraoui e Manuel Ugarte) e as regras de equilíbrio financeiro em vigor implicam que possa ter de vender alguns activos para nivelar a "balança comercial".
Para o treinador português, o desafio de procurar fazer mais com menos não será uma novidade - foi assim no Casa Pia e no arranque da aventura no Sporting -, mas pode ser forçado a fazê-lo, já com o comboio em andamento, e num contexto que não domina tão bem como o futebol português. Mais do que isso: num contexto de plena pujança e afirmação de alguns dos concorrentes, em que o patamar competitivo está uns furos acima da realidade nacional.
Mas se há algo a que Amorim já provou que não vira a cara é a desafios. E as competências também estão todas lá. Do ponto de vista do discurso, encaixará como uma luva na realidade da Premier League; do ponto de vista estratégico, já deu algumas lições na esfera europeia (incluindo, por exemplo, ao Arsenal); do ponto de vista da metodologia do treino, seguramente que se baterá com os melhores. Resta saber se o tipo de liderança que tem utilizado em Alvalade se compagina com os egos e as expectativas que vivem dentro e fora dos balneários de Old Trafford.