Mais três falsos inspectores da PJ detidos por roubo de centenas de milhares de euros

Grupo criminoso equipado com coletes e crachás da Judiciária simulava buscas e subtraía aos visados dinheiro, ouro e relógios, alegadamente apreendidos num processo judicial.

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PJ já deteve cinco falsos inspectores Daniel Rocha
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A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta segunda-feira a detenção de mais três homens, com idades entre os 21 e os 47 anos, que se faziam passar por inspectores da PJ e terão “apreendido” com essa capa centenas de milhares de euros em dinheiro, ouro, relógios, telemóveis e outros objectos.

Os três homens agora detidos (um com 21 anos, outro com 30 e outro com 47 anos) foram já presentes a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Guimarães, tendo um deles ficado em prisão preventiva e dois, os mais novos, sujeitos à obrigação de apresentações periódicas bissemanais às autoridades locais e proibidos de contactos.

O grupo criminoso, do qual dois alegados membros foram detidos em Setembro passado, utilizava autorizações judiciais contrafeitas e apresentava-se devidamente equipado com coletes, crachás e outra indumentária típica da Judiciária, “evidenciando algum profissionalismo e confiança”, sublinha a PJ.

O núcleo central do grupo seria composto pelos dois suspeitos detidos em Setembro, que também se encontram em prisão preventiva. Normalmente actuavam em grupos de três, os dois nucleares e um terceiro que ia alternando.

“Através desta actividade delituosa, os homens enriqueceram ilegitimamente em centenas de milhares de euros, contabilizando-se da sua acção a subtracção de dinheiro, ouro, relógios, aparelhos telemóveis, bem como outros objectos e documentos”, lê-se na nota da Judiciária.

Os detidos são suspeitos dos crimes de burla qualificada, associação criminosa, sequestro, usurpação de funções e falsificação ou contrafacção de documentos. O crime de sequestro faz parte do rol de crimes imputados porque enquanto simulavam as buscas os suspeitos impediriam as vítimas de se movimentarem, imitando as práticas habituais da polícia.

A investigação teve início a 25 de Junho passado quando foi reportado à PJ que um grupo, se fez passar por inspectores da PJ, simulou uma busca na residência e numa empresa de um empresário de Fafe. Nessa altura, simularam a “apreensão de ouro, relógios, documentos e dinheiro, cujo valor ultrapassou largamente os cem mil euros”. O comunicado da Judiciária dá conta de que nesta primeira operação "foi possível recuperar cerca de trinta mil euros, documentos diversos, relógios, objectos de valor, ouro, moeda estrangeira, e ainda apreender viaturas, crachás, coletes, documentos de identificação contrafeitos, entre outros, alusivos à PJ". Já na mais recente foi apenas apreendida prova documental e uma quantidade pouco significativa em dinheiro.

No decurso da investigação, que está a cargo do Departamento de Investigação Criminal de Braga, e da partilha de informações com a Directoria do Norte da PJ e com a Guarda Nacional Republicana, “vieram a ser contabilizados factos delituosos análogos em vários concelhos da zona Norte do país, que foram sucedendo nas semanas seguintes”. Segundo o PÚBLICO apurou estão identificadas seis operações de buscas simuladas (Fafe, Paredes, Penafiel, Barcelos, Santa Maria da Feira e Cinfães) supostamente ligadas a crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal.

Os suspeitos recolhiam alguma informação sobre as vítimas, tentando garantir que os alvos tinham alguma capacidade financeira.

O trabalho da Judiciária permitiu identificar um grupo que apresenta um vasto passado criminal neste tipo de ilícitos e de outros, tendo até alguns elementos sido condenados e cumprido penas de prisão noutros processos. Do último grupo de detidos o suspeito que ficou em prisão preventiva tinha saído da cadeia há apenas algumas semanas. Já os dois que estão presos desde Setembro, um de Viana do astelo e outro de Penafiel, estão referenciados policialmente por burlas, assalto à mão armada, furto e tráfico de droga. Ter-se-ão conhecido na cadeia.

A investigação, inicialmente titulada pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Fafe e posteriormente pelo DIAP de Guimarães, recorreu a meios especiais de obtenção de prova, tendo implicado a realização de várias buscas domiciliárias e não domiciliárias.

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