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Direita mais forte no Brasil, mas sem Bolsonaro como líder
Partidos de direita que se dizem conservadores, não radicais, se consolidam como principal força política no Brasil. E apostam tudo que farão o próximo presidente em 2026. Lula terá de se reinventar.
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A direita conservadora consolidou-se como a maior força política no Brasil. Encerrado o segundo turno das eleições municipais neste domingo (27/10), o que se pode dizer, claramente, é que o país se afastou, em boa parte, do extremismo representado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e que a esquerda sofreu um grande baque. A direita que se diz moderada, por sinal, já indicou que não quer o bolsonarismo como protagonista nas disputas presidenciais de 2026. Para os potenciais candidatos desse grupo — os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Jr (Paraná) —, é muito melhor que Bolsonaro continue inelegível.
PSD, MDB, União Brasil, Republicanos e PP, os grandes vencedores, estão convencidos de que será possível, sem radicalismo, eleger o próximo presidente do Brasil. E Bolsonaro terá um papel menor nesse jogo ambicioso, devido à alta rejeição que mantém. Das nove capitais em que o ex-presidente tinha candidatos no segundo turno, ele perdeu em sete. E, nos locais em que ele se envolveu pessoalmente na reta final das campanhas —Belo Horizonte, Goiânia, Fortaleza e Palmas —, todos os concorrentes perderam. Isso, no entanto, não quer dizer que Bolsonaro aceitará passivamente ficar no segundo escalão das decisões políticas. Ele sabe fazer barulho e o partido dele, o PL, quer estar na linha de frente.
O resultado final das urnas deixou um gosto amargo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda que o partido dele, o PT, tenha ampliado o número de prefeituras, só controlará uma capital, Fortaleza. Mais: viu disparar o avanço da direita em seu maior reduto eleitoral, o Nordeste brasileiro. Lula ainda tem dois anos de mandato, contudo, para garantir condições à reeleição, terá de rever as alianças que o levaram ao Palácio do Planalto pela terceira vez em 2022. Até agora, o apoio de partidos de centro-direita tem lhe garantido vitórias importantes no Congresso, mas a popularidade do governo fraqueja, apesar dos bons resultados na economia.
É visível que parte do eleitorado mais pobre do PT foi cooptado pelo discurso eficiente da direita, inclusive, da ala radical. Entre os brasileiros que ganham de dois a cinco salários mínimos, o conservadorismo se instalou quase que por completo. O curioso é que, nesse estrato da população, se concentra aqueles que emergiram para a nova classe média do Brasil durante os dois primeiros mandatos de Lula. Nesses grupos estão muitos evangélicos, cujas igrejas estão sob o comando de partidos como o Republicanos, de Tarcísio de Freitas. Por mais que se esforce, Lula não consegue furar essa bolha.
Aliados de Lula tentam minimizar o retrato que saiu das urnas, sob a alegação de que eleições municipais são muito diferentes das presidenciais, pois pesam mais os aspectos locais. Se não entender, por completo, o que se passa no Brasil, a esquerda perderá o rumo de vez. Fortalecidos, partidos de direita que hoje estão na base de Lula vão construir a própria candidatura, pois pavimentaram o caminho. Não se sabe se juntos, ou separados. Lula, sozinho, dificilmente conquistará um quarto mandato. Ele continua um fenômeno de votos. Mas os brasileiros rumaram à direita. São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil, que o diga.