À terceira foi de vez. Operação Pretoriano arrancou, mas sem declarações
Tribunal corre agora em contra-relógio: se não existir decisão instrutória até 7 de Dezembro, Fernando Madureira é libertado. Ainda não há data para que as diligências sejam retomadas.
A fase de instrução da Operação Pretoriano arrancou oficialmente nesta segunda-feira, 28 de Outubro, mas ainda não houve declarações do antigo líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, e da mulher, Sandra Madureira. O casal deveria ter sido ouvido durante o dia, mas preferiu não falar à juíza de instrução criminal – mesmo tendo pedido a abertura da instrução. Em causa está a audição das várias testemunhas arroladas pela defesa e a revisão das provas, algo que necessita ainda de aprovação do tribunal.
De acordo com os advogados, não foi ainda marcada nova data para que a instrução seja retomada, mas o tribunal sabe agora que corre em contra-relógio. Visto que Fernando Madureira teve o regime de prisão preventiva aplicado a 7 de Fevereiro, a fase instrutória tem de ser obrigatoriamente decidida até 7 de Dezembro, sob pena de ser ultrapassado o prazo legal e o antigo líder da claque Super Dragões ser libertado.
O ex-responsável pela principal claque do FC Porto é o único dos 12 arguidos ainda em prisão preventiva, estando detido há praticamente nove meses. Todos os arguidos respondem pelos mesmos crimes: 19 de coacção agravada; sete de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo; três de atentado à liberdade de informação; um de instigação pública a um crime e outro de arremesso de objecto.
No exterior do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, os familiares de Madureira receberam a carrinha da Polícia de Segurança Pública (PSP) com gritos de apoio e alguma revolta. “Isto é uma vergonha, veja-se este aparato todo para alguém que será ilibado. Até parece que é algum criminoso”, chorava a mãe de Sandra Madureira, acalmada pela filha. Do outro lado da rua, membros dos Super Dragões exibiam uma faixa em que se podia ler “liberdade ao macaco”. Ao lado, uma bandeira com a cara de Madureira adornava uma das paredes em frente ao tribunal.
A Operação Pretoriano investiga os incidentes de violência ocorridos na Assembleia-Geral extraordinária do FC Porto de Novembro de 2023. O Ministério Público (MP) acusa o ex-líder dos Super Dragões, a mulher e vários outros elementos da claque Super Dragões de terem montado um clima de medo e intimidação que culminou em agressões a sócios portistas.
Em causa estava a votação de uma revisão estatutária: em caso de aprovação, o poder de Pinto da Costa sairia reforçado. O MP diz que a direcção dos Super Dragões pretendia abafar a oposição a Pinto da Costa, nomeadamente o apoio a André Villas-Boas, que já se perfilava como possível candidato para as eleições de Abril passado – que acabaria por vencer.
Vários sócios portistas dizem que foram intimidados e obrigados a mostrar apoio a Pinto da Costa. Foram arremessadas garrafas e outros objectos. Em alguns destes casos, registaram-se agressões físicas.
O antigo líder dos Super Dragões é ainda investigado em dois outros processos. O primeiro diz respeito a um alegado esquema de bilhetes montado pelo próprio, uma rede lucrativa que comercializava os bilhetes cedidos pelo FC Porto ao abrigo do protocolo assinado com o grupo organizado de adeptos. As autoridades têm ainda uma terceira investigação a decorrer, investigando-se alegadas irregularidades fiscais que serviriam para esconder os supostos proveitos conseguidos com este esquema de bilhetes.