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Mais de 50 mil pessoas provam o sabor do cacau brasileiro em festival
Terceira edição do Chocolat Festival, em Vila Nova de Gaia, conta com cerca de 60 expositores, um terço deles da Bahia e do Pará. Objetivo do evento é mostrar que cacau é nutritivo e sustentável.
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A terceira edição do Chocolat Festival, em Vila Nova de Gaia, registrou recorde de participação de público. Em quatro dias, de quinta a domingo, mais de 50 mil pessoas passaram pelo evento, que reuniu cerca de 60 expositores, sendo um terço deles da Bahia e do Pará. O objetivo da feira é consolidar o cacau como grande estrela do mercado, por suas qualidades nutricionais e por ser uma cultura ambientalmente sustentável. “Durante muito tempo, o cacau ficou invisível. Fizemos uma análise de 1980 a 2010, ou seja, ao longo de 30 anos, e nenhum chocolate brasileiro tinha o nome cacau nas embalagens. Mas isso mudou”, afirma Marco Lessa, CEO da empresa M21 e idealizador do festival. “Hoje, o cacau passou a ser protagonista”, acrescenta.
A presença mais forte dos produtores brasileiros de cacau em Portugal já está rendendo frutos, reforça o empresário. “Produtores de chocolates em território português começam a comprar cacau brasileiro. Isso é muito importante, porque Portugal é a porta de entrada para a União Europeia”, afirma. Ele assinala que, no geral, os portugueses consomem pouco chocolate. A média é de um quilo per capita por ano, contra 10 quilos na Suíça. “Quer dizer: há um mercado bom a ser explorado em território luso e em toda a Europa”, complementa, lembrando que o mercado global de chocolates movimenta 100 bilhões de dólares (R$ 570 bilhões ou 95 bilhões de euros) por ano.
Lessa destaca que, ao mesmo tempo em que se trabalhou nos últimos anos com os produtores para mostrar como o chocolate com alto teor de cacau tem qualidades nutricionais, também se procurou desmitificar o chocolate. “Historicamente, o chocolate foi associado a doces. Nos supermercados, sempre ficou nas prateleiras das sobremesas. Isso ajudou a propagar a ideia de que chocolate engorda, que dá espinhas. Felizmente, esse discurso vem mudando”, assinala Lessa. “E tem a questão ambiental, muito em voga atualmente”, frisa.
O cacau é um fruto que se desenvolve na sombra das florestas, em lugares úmidos. “Estamos falando de uma planta que precisa desse ambiente. Não por acaso, o cacau está sendo usado para o reflorestamento de várias áreas degradadas. Trata-se de uma cultura preservacionista”, destaca o idealizador do Chocolat Festival. Ele ressalta, ainda, que o cacau é a cultura que mais emprega no Brasil por tempo fixo. São mais de 800 mil pessoas. “No caso do café, pode ser que, na época da colheita, o número de trabalhadores seja maior, mas o tempo de empregabilidade é curto”, diz.
Há, porém, muitos desafios à frente para os produtores, responsáveis por 350 marcas de chocolate no Brasil. Segundo Lessa, durante muito tempo, eram necessárias grandes plantas industriais para a produção de chocolate. “Agora, são muitos os pequenos fabricantes, o que exige tecnologias mais acessíveis, pesquisas, tributação favorável e boa comunicação. Temos ajudado com as nossas feiras. Apenas no Brasil, são mais de 10 por ano”, conta. “Nossa missão é abrir portas, sobretudo, para os produtores de menor porte, para que garantam a sustentabilidade de seus negócios”, emenda.