Ímpar
A imaginação e a Educação para a Cidadania
Bem-estar, famílias e relações, moda, celebridades... Um mundo que não é fútil.
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Com todos os problemas prementes e urgentes de serem resolvidos no que à escola pública diz respeito — vejam-se as greves paulatinamente feitas à sexta-feira por todos os funcionários públicos ligados à educação, por exemplo; à contínua falta de professores; à falta de respostas ao desafio de ter alunos de dezenas de nacionalidades, como escreve Margarida Marrucho Mota Amador, etc. —, o primeiro-ministro lembrou-se da Educação para a Cidadania, num aparente "jeito" feito ao seu colega de coligação, o CDS, e aos movimentos pró-vida que têm tanto medo da vida vivida com descontracção, com alegria, com amor.
A educação sexual, o tema que alegadamente escandaliza os pais, é importante, conforme se pode ouvir no podcast Birras de Mãe, onde Ana e Isabel Stilwell reflectem sobre as imagens erradas que os jovens têm do que é a sua performance sexual, demasiado ligada àquilo que vêem e não àquilo que os pais ou professores deveriam conversar com eles. É para isso que também serve a Educação para a Cidadania, não para entregar o seu filho na escola de manhã e ele vir transformado numa menina à tarde, como faz passar a campanha de Trump e que faz salivar o vice-presidente do CDS quando dá aquele exemplo das crianças que brincam com bigodes e batons. Crianças que não estão a descobrir a sua sexualidade, mas estão a brincar, a fantasiar, a desenvolver a sua imaginação — é tão só isso e quem vê mais do que isso...
Por falar em brincadeiras, esta semana, a Mattel lançou um livro que assinala os 65 anos da Barbie e tem mais de uma centena de testemunhos. Entre estes, estão os de três portugueses: a artista Joana Vasconcelos, o modelo Luís Borges e a surfista Teresa Bonvalot. Luís Borges conta a sua história, de como brincava às escondidas porque era rapaz, e como hoje deixa os filhos brincarem: "Na minha opinião, não existe a idade certa para uma criança parar de ser feliz num mundo de fantasia cada vez mais diverso e inclusivo."
Ainda sobre a imaginação, os escritores uruguaios Carmen e Gervasio Posadas, irmãos, estiveram em Lisboa para o lançamento da tradução do sucesso Hoje Caviar, Amanhã Sardinhas, um livro de memórias, de quando percorreram o mundo atrás de um pai embaixador. Também a autora de êxitos como A Filha de Cayetana ou A Mestra de Marionetas reflecte sobre a importância da imaginação, recordando a casa onde viveu os primeiros anos de vida, no Uruguai: "No andar de cima viviam literalmente os fantasmas. Estavam todas as roupas da minha bisavó e nós vestíamo-nos como ela. Se hoje sou escritora é por causa daquela casa que estava cheia de histórias."
Para fechar o tema Educação para a Cidadania, vale a pena ler a professora Elsa de Barros, que dá um olhar a partir da escola e que apela à participação de todos: "Os temas abordados no currículo da disciplina de Educação para a Cidadania não entram nas escolas por via curricular: dão entrada pela porta da vida. Quer se queira ou não, quer se goste ou não, todos os dias as escolas são confrontadas com situações que dizem respeito aos direitos humanos, à interculturalidade, à igualdade de género, aos problemas ambientais, à promoção da saúde e, sim, também às questões da sexualidade."
Para fechar o tema fantasia, depois de ter pedido às mulheres do mundo que escrevessem sobre os seus desejos mais íntimos do que à sua sexualidade diz respeito, a actriz Gillian Anderson fez uma compilação das centenas de cartas que recebeu e esta deu origem ao livro Desejo, que saiu recentemente em Portugal. As mulheres têm muitas fantasias e vão das mais simples (e talvez mais complexas) — serem vistas e amadas —, às influenciadas pelos livros como As Cinquenta Sombras de Grey, e outros.
Sewell Setzer tinha 14 anos quando decidiu terminar a sua própria vida, depois de quase um ano a conversar com uma personagem de inteligência artificial, a quem confessou os seus problemas de saúde mental. Agora, a mãe, está a processar a plataforma Character.AI por considerar que esta terá contribuído para a morte do filho ao criar uma "dependência perigosa". "Sinto que [a IA] é uma grande experiência e que o meu filho foi apenas um dano colateral", lamenta Megan Garcia, citada pelo The New York Times. É preciso estarmos atentos à relação que os nossos filhos têm com os dispositivos electrónicos — esta semana, com o voto contra da direita e abstenção do PS, o Parlamente recusou proibir telemóveis nas escolas.
Lá por fora, os grandes conglomerados do luxo apresentam perdas, como a Kering, a LVMH, e apenas a Hermés anunciou um aumento de vendas. Três dos maiores multimilionários de França — Bernard Arnault, da LVMH, Françoise Bettencourt Meyers, do grupo L'Oréal, e François Pinault, da Kering — estão a ver as suas fortunas diminuir, uma vez que o consumo a Oriente, nomeadamente na China, está a reduzir.
Nos EUA, a campanha às presidenciais continua e são cada vez mais as personalidades que dão o seu apoio a Kamala Harris — embora também haja quem se ponha ao lado de Trump. No início da semana, apresentado por Eminem, Barack Obama fez rap num comício dos democratas em Detroit, e a semana fechou com Beyoncé, em Houston, ao lado da vice-presidente. "Não estou aqui como celebridade. Não estou aqui como política. Estou aqui como mãe", disse a cantora.
Boa semana!