“O Nego Vai Longe”: o homem mais rápido a visitar todos os países do mundo é brasileiro

“Quando descobri que apenas 150 pessoas conseguiram” e “que nenhuma era negra, eu quis ser essa primeira”, diz o brasileiro Robson Jesus de “O Nego Vai Longe”. Guinness: 196 países, 2 anos e 42 dias.

Foto
Imagens de divulgação do projecto de viagem à volta do mundo de Robson Jesus dr
Ouça este artigo
00:00
03:08

Aos 35 anos, Robson Jesus, viajante e colunista do jornal brasileiro Folha de São Paulo, acaba de ser reconhecido pelo Guinness World Records como o homem a visitar mais rapidamente todos os 196 países do mundo. Levou dois anos e 42 dias para completar o feito, começando pela Tailândia e terminando no Brasil.

"É um alívio muito grande. Foram cinco meses de análise do Guinness, de angústia e dúvida —'Será que vai dar certo?'", diz Robson.

A confirmação veio na última sexta (18), em comunicado dos juízes do Guinness World Records: o brasileiro entra para o famoso Guinness Book.

"Eu sinto essa responsabilidade do que é levar o nome do Brasil nessa busca pelo recorde. Agora, quando alguém pesquisa quem foi o homem mais rápido a dar a volta ao mundo, vê que o recorde é de um brasileiro", conta ele. O antigo detentor do título era o estadunidense Yili Liu, que completou o feito em três anos e três meses.

Foto
Portugal foi o país 52 e ainda vamos ouvir falar desta viagem dr

Paulista crescido numa favela de Osasco, Jesus começou a trabalhar aos dez anos para ajudar em casa e chegou a fazer parte da equipa de gestão do Hospital das Clínicas. O seu sonho era não só viajar, mas ser fonte de inspiração. É o primeiro homem negro a conseguir o feito (canal YouTube: O Nego Vai Longe).

"Quando eu descobri que apenas 150 pessoas conseguiram fazer isso, e que delas nenhuma era negra, eu quis ser essa primeira. Eu fui buscar a experiência de pessoas negras e brasileiras que viajaram o mundo, e não tinha."

A sua página no Instagram, @onegovailonge, com 150 mil seguidores, tornou-se o maior perfil de viagem de uma pessoa negra no país. Ganhou visibilidade ao longo da jornada, o que ajudou no financiamento da missão.

"Comecei com 100 mil reais (16,220 euros), um telemóvel e um sonho", conta Robson, que inicialmente estimou o custo total da viagem em cinco vezes esse valor. "Isso, fazendo uma viagem económica, voando low-cost, comendo mal e dormindo barato".

Foto
Robson Jesus, O Nego Vai Longe dr

No caminho, Robson começou a ganhar dinheiro e viajar de um jeito mais confortável. Com isso, o custo total da viagem chegou aos 700 mil reais (113,540 euros), recebidos através de publicidade e venda de serviços e produtos digitais.

Robson afirma que a experiência de ser uma pessoa negra teve impacto na forma como viveu as experiências da viagem. "Não é comum ver viajantes negros nas estradas. De cada dez viajantes que eu encontrava, nove eram brancos. E os que eram negros costumavam ser franceses ou americanos. Na Europa eu senti muito isso."

Em outras situações, ele acredita que o seu tom de pele terá ajudado. "Talvez eu tenha tido acesso a comunidades na África que uma pessoa branca não teria — especialmente em países em guerra, como Nigéria, Burkina Faso e Mali."

Além de descansar, Robson já tem projectos futuros. Actualmente, estão em produção um livro e um documentário sobre a viagem.


Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo
O PÚBLICO respeitou a composição do texto original, com excepção de algumas palavras ou expressões não usadas em português de Portugal.

Sugerir correcção
Comentar