Ao esmagar o Rio Ave, o Benfica relembrou um par de coisas

Numa grande noite na Luz, a presença de Akturkoglu perto da área e a dinâmica de Aursnes na posição 6, a aparecer de trás para a frente, poderão ter feito Florentino perder o “bilhete” para o “onze”.

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Benfica e Rio Ave em duelo na Luz Pedro Nunes / REUTERS
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Um jogador que seja forte a finalizar e não seja letal no drible pode ser mais útil perto da baliza do que na ala. Um médio capaz com bola e forte sem ela pode ser uma adição fulcral na posição 6, num futebol que já não pede apenas médios-defensivos “à antiga”.

Neste domingo, o Benfica esmagou o Rio Ave (e o 5-0 poderia ter sido bem mais desnivelado) e aprendeu, ou relembrou, estes dois conceitos bastante básicos e batidos – mas há um motivo para serem básicos e batidos.

O unidimensional Florentino a regressar ao banco, Fredrik Aursnes na posição 6 e Kerem Akturkoglu arrastado para a posição 10 relembraram a Bruno Lage um par de coisas. Já lá vamos.

Três golos na primeira parte

O Rio Ave levou ao Estádio da Luz um 3x4x3 que foi quase sempre mais um 5x4x1 – mas longe de ser de “tracção atrás”. A linha defensiva, apesar de densa, teve alguma audácia e não esteve em permanente bloco baixo.

Do lado do Benfica, Bruno Lage sentiu que um pós-derrota precisava de algo novo e a novidade foi tirar Florentino e lançar Beste – Aursnes passou a jogar a 6 e Akturkoglu nas costas de Pavlidis.

O turco é um jogador com muito golo e que em drible puro nem é assim tão forte no um contra um – ou seja, não é uma perda fulcral no corredor e pode ser uma adição desse calibre numa posição mais próxima da área.

Também a presença de Aursnes na posição 6 trouxe uma dinâmica radicalmente diferente. O norueguês ofereceu opções de passe entre linhas, capacidade de sair de zonas de pressão com bolas limpas, verticalizar o passe e, sobretudo, aparecer no espaço em zonas de criação e finalização – e nenhum destes domínios faz parte do leque de predicados de Florentino, um médio unidimensional.

Entre a presença de Akturkoglu perto da área e a dinâmica de Aursnes a aparecer de trás para a frente construiu-se um resultado desnivelado.

Aursnes a desequilibrar

Aos 12’, depois de a saída curta por Bah ter atraído a pressão do Rio Ave (não se remeteu à sua área), Aursnes rompeu no espaço sem bola. Houve cruzamento, um lance confuso e um ressalto foi parar aos pés de Akturkoglu – como sempre, porque parece ter "íman" para a bola em zonas de finalização.

Aos 16’, uma bola longa de Di María encontrou o timing perfeito de salto para um pequeno turco, de 1,73 metros, ganhar aos gigantes e cabecear para o 2-0. Essa jogada também começou pelo aparecimento de Aursnes na ala.

Aos 45+3’, uma triangulação começada em Aursnes deu passe de Kokçu para Di María antes de uma jogada confusa com um ressalto que foi, como sempre, ter com Akturkoglu.

3-0, três golos de Akturkoglu e três participações de Aursnes, mesmo que indirectas – mas com o significado claro daquilo que pode dar.

Alguns dirão que o norueguês a sair da sua posição exporá o Benfica a um “buraco” à frente da defesa, mas esse teste terá de ficar para outro dia.

Gestão após o intervalo

Da segunda parte há pouco para contar. O Rio Ave pouco jogou e o Benfica foi tentando, sem grande esforço, engordar o marcador – Schjelderup fê-lo aos 80', numa boa jogada colectiva, e Amdouni no minuto seguinte.

Nota ainda para Pavlidis, que continua a via-sacra. Errático com bola e infeliz a finalizar, desperdiçou mais duas grandes oportunidades de golo (27’ e 41’) e só marcou em posição de fora-de-jogo. Não está feliz e os esgares sugerem bastante ansiedade. Quando saiu, aos 62’, a Luz aplaudiu-o.

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