Palcos da semana: carta branca a um futuro melhor

Na agenda dos próximos dias estão as notas de Selma Uamusse e do Misty Fest, a Aura Super Jovem de Salvador Martinha, a Ocupação Formiga Atómica e Olhares do Mediterrâneo.

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Carta Branca a Selma Uamusse Ana Viotti
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Maria João e André Mehmari levam notas de Algodão ao Misty Fest DR
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A Aura Super Jovem de Salvador Martinha DR
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Má Educação - Peça em 3 Rounds, um dos momentos da Ocupação Formiga Atómica Estelle Valente
,O professor
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The Teacher, de Farah Nabulsi, abre a cortina do festival Olhares do Mediterrâneo DR
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Selma Uamusse: carta branca a um futuro melhor

Fez coros nos Wraygunn e Gospel Collective, deu voz aos Soul Divers, foi cantando Nina Simone, investiu na representação e, em 2016, lançou-se na música em nome próprio.

Dois anos depois, chegou o disco de estreia, Mati, preparado entre soul, jazz, gospel e a música de Moçambique, seu país natal. Sucedeu-lhe Liwoningo (2020), um manifesto de harmonia e olhar positivo sobre o mundo, feito de letras e melodias com acento na africanidade e traços de várias latitudes, e apresentado como “uma forma de luta e de esperança por uma sociedade mais livre, com mais amor”.

Com os 50 anos da Revolução dos Cravos no ar, e lembrando também os movimentos de libertação colonial, é tempo de Selma Uamusse escrever uma Carta Aberta ao Futuro. Vem carregada de “sonhos e vontades”, propõe-se a celebrar “as línguas, os instrumentos tradicionais, os ritmos e as polifonias” do seu país de origem mas também de Portugal, restituindo legados, unindo as mãos e traçando novas rotas “para o coração uns dos outros”.

A acompanhá-la estão os cúmplices Augusto Macedo, Gonçalo Santuns, Nataniel Melo e Milton Gulli e um cabaz de convidados de luxo. A saber: Orquestra Geração, A Garota Não, Nástio Mosquito, Active Mess, Bárbara Wahnon, Nayr Faquirá, Ola Mekelburg, Yeni e Yeri Varela.

A paleta outonal do Misty Fest

Estão lançados os dados para a 15.ª edição deste que é um dos festivais outonais de referência, apostado em espalhar pelo país concertos que privilegiam a cantautoria, recusando fronteiras e aceitando de bom grado as ramificações que vierem pelo meio.

A servir a causa da abrangência neste Misty Fest, ao longo de um mês, estão nomes como Maria João, André Mehmari, Christian Löffler, Natascha Polké, Nancy Vieira, Tony Ann, Sven Helbig, Rocío Márquez y Bronquio, Brandee Younger, Karl Seglem, Two Lanes, GoGo Penguin, Salvador Sobral, Lina_, Nils Hoffmann, Luiz Caracol ou Manuel Fúria.

Salvador Martinha e a sua Aura Super Jovem

Regressar ao stand-up puro, a solo e “sem merdas”, para contar o que andou a fazer nos últimos anos e amortecer um tempo que passa a correr, agora que “a ampulheta virou” e se acumulam 41 aniversários no mesmo corpinho. É certo e sabido que a idade não perdoa, mas no caso de Salvador Martinha, assegura o próprio, “quem paga é a sua aura super jovem”.

Está dado o mote para o novo espectáculo do humorista, que agora volta à estrada e ao seu "palco de origem" depois de ter andado a espalhar magia no teatro, televisão e podcast.

A megadigressão tem passagem marcada em várias cidades do país – para já, estão alinhadas 14 mas, promessa de Salvador, a lista não fica por aqui. A produção é da agência WSA.

A ocupação da Formiga Atómica

No princípio temos O Estado do Mundo (Quando Acordas), uma peça que põe a lupa sobre o consumismo desenfreado e estabelece uma relação causa-efeito com o mundo descompensado e marcado pela crise climática em que vivemos.

Seguimos pela Montanha-Russa, uma metáfora da adolescência, com altos e baixos físicos e emocionais, que procura afastar-se dos lugares-comuns e aproximar-se da dimensão privada e íntima que “vive no desejo de ganhar um palco onde se possa exibir”. Acompanhamos A Caminhada dos Elefantes, uma reflexão que põe a nu a existência, a vida e o mistério do fim, construída para contrariar a infantilização e a efabulação dos temas e ideias sobre a morte. Vamos Do Bosque para o Mundo, trabalhando o imaginário dos contos tradicionais no que eles têm de duro e cruel para contar histórias reais e actuais, como a crise dos refugiados. E acabamos com Má Educação - Peça em 3 Rounds, onde um ringue de boxe serve de pano de fundo à “tensão entre professores e alunos, entre futuro e passado, entre a escola que existe e a que desejamos”.

É nestes cinco momentos que se dá a Ocupação Formiga Atómica, programa que celebra os dez anos da companhia e os 25 do teatro viseense, com cenas para pôr todos a pensar, miúdos e graúdos.

Olhares do Mediterrâneo virados para a Palestina

Recordando o cinquentenário de Abril e a premissa de que é no seio da vida comum, de forma gradual e silenciosa, que se vai mudando a sociedade, esta 11.ª edição do Olhares do Mediterrâneo, festival focado em cinema vindo de países mediterrânicos e feito por mulheres, tem As Revoluções Quotidianas como fio condutor.

Ao todo, entre documentários, ficção, animação e experimental, são exibidos 67 títulos de 28 países, na sua maioria em estreia nacional, abordando temáticas como a identidade de género, a família, as redes sociais, as migrações, os colonialismos ou as lutas pela liberdade.

Ao quadro competitivo, juntam-se as sessões das secções Olhares da Palestina – país convidado desta edição, a quem cabem as honras de abrir o certame com The Teacher, de Farah Nabulsi) –, Travessias e Começar a Olhar, bem como projecções para famílias, debates e workshops.

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