O Famalicão fechou a porta ao Sporting, Morita abriu-a
Apesar de o golo inicial ter sido de Gyokeres, foi o japonês quem “inventou” aquele momento. O jogo chegou a parecer difícil pela forma de jogar do Famalicão, mas o resultado até ficou curto.
Para uns, o que o Famalicão tentou fazer ao Sporting neste sábado, na I Liga, no triunfo “leonino” por 3-0, terá sido um bom exemplo de desdém ao espectáculo. Para outros, apenas a utilização das armas possíveis.
Seja qual for a tese preferida, e nisso cada cabeça ditará a sua sentença, é difícil negar que a ideia minhota tinha, futebolisticamente, algum nexo. Tiraram a largura, a profundidade e o espaço entre linhas – teoricamente, tiraram as armas todas ao Sporting.
O problema é que a equipa de Rúben Amorim é, por estes dias, uma equipa que parece sempre encontrar soluções alternativas, tal é a variedade de recursos que apresenta.
Desta vez, como noutras, foi Gyökeres a desbloquear o jogo, mas quem inventou esse momento foi Morita, com um movimento até então pouco visto na equipa “leonina”.
Pedro Gonçalves regressou
Para este jogo, Rúben Amorim lançou Morita no lugar de Hjulmand e fez regressar Pedro Gonçalves. A primeira troca não mudou o futebol da equipa, mas a segunda sim, porque a capacidade de Pedro Gonçalves entre linhas, em espaços curtos e em zonas de definição e finalização é bem distinta da de Maxi Araújo, que ali actuou na Liga dos Campeões.
Do lado do Famalicão a ordem era defender como fosse possível. A equipa montou frequentemente um 6x3x1 bastante defensivo, sabendo que tem sido esta a ideia que mais adia os golos “leoninos”.
Os minhotos conseguiam, com este desenho, tirar ao Sporting o jogo entre linhas e o jogo pelas alas, porque conseguiam ter gente suficiente para uma defesa bastante larga, mas também homens que pudessem “apertar” os apoios frontais de Pedro Gonçalves e Trincão.
A via que o Sporting arranjou para criar perigo foi pelo arrastamento de adversários a zonas mais subidas – algo a que o Famalicão queria resistir, mas não conseguiu sempre.
Foi assim aos 8’, quando Trincão arrastou o lateral para abrir o corredor a Quenda, e aos 29’, quando Pedro Gonçalves pediu a bola em apoio frontal, mas não para a receber – era apenas para abrir espaço para um passe tremendo de Inácio a lançar Nuno Santos.
Mas não aconteceu muito mais – também por isso o Sporting tenha disparado tanto de fora da área. Havia claramente ordem para os defensores famalicenses não caírem no engodo habitual criado pelo Sporting e isso permitiu adiar os problemas, também com ajuda de Zlobin, que evitou o golo em lances algo atabalhoados dos “leões”, mas perigosos – e o Sporting rematava bastante, mesmo que sem jogadas de brilhantismo.
Morita rompeu
Aos 57’, o Sporting alterou a via de criar problemas. Mais do que arrastar adversários com movimentos de apoio, da frente para trás, optou por fazer aparecer alguém em sentido oposto, de trás para a frente.
Trincão fixou um defensor, Morita rompeu no espaço e recebeu a boa bola de Quenda, antes de assistir Gyökeres. Depois foi apenas mais um dia na vida do sueco, com recepção, rotação e remate, mas o golo tem Morita “escrito na testa”.
Cinco minutos depois, um lance confuso na área, com ressaltos e recargas, deu a Quenda o primeiro golo pela equipa principal do Sporting, num remate na zona da marca de penálti.
O Famalicão aguentou bem, mas o Sporting é, por estes dias, uma equipa capaz de fazer qualquer coisa com o que lhe derem. Se dão profundidade, o Sporting aproveita. Se dão espaço entre linhas, o desfecho é o mesmo. Se se fecham lá atrás, a avalanche acaba por surtir efeito. E os três golos até foram curtos.