Mais de cinco mil protestaram em Lisboa contra perda de poder de compra na função pública

Greve decretada pela Frente Comum para os trabalhadores participarem na manifestação afectou escolas, consultas e serviços de atendimento ao público.

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Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, encabeçou a manifestação ao lado de Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP RODRIGO ANTUNES / LUSA
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Mais de cinco mil trabalhadores da Administração Pública participaram nesta sexta-feira na manifestação convocada pela Frente Comum, exigindo aumentos salariais que permitam recuperar o poder de compra perdido nos últimos anos e a valorização das carreiras. A estrutura entregou vários pré-avisos de greve para as pessoas poderem participar na manifestação, o que levou ao encerramento de escolas e a perturbações nas consultas de saúde e nos serviços de atendimento ao público.

A poucos dias da última reunião com o Governo para discutir as actualizações salariais no próximo ano, que está marcada para 29 de Outubro, milhares de trabalhadores concentraram-se na praça do Marquês de Pombal e desfilaram até à Assembleia da República, em Lisboa, numa tentativa de pressionarem o executivo de Luís Montenegro a ir mais longe nas suas propostas.

Visivelmente satisfeito com a participação dos trabalhadores, Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, encabeçava a manifestação ao lado de Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, segurando uma faixa onde se lia: “Trabalhadores da Administração Pública exigem parar o empobrecimento”.

Ao som de palavras de ordem como "a luta continua nos serviços e na rua", "o aumento salarial é fundamental", "é preciso e é urgente uma política diferente" ou "contenção salarial só interessa o capital", a manifestação desembocou ao fundo das escadarias da Assembleia da República.

Sebastião Santana considerou, em declarações à RTP, que a “elevada participação”, mostra que “os trabalhadores da administração pública não estão dispostos a continuar a empobrecer”.

“O que o Governo tem para nos oferecer é perda de poder de compra”, sublinhou, acrescentando que na reunião da próxima semana ainda há oportunidade para responder às reivindicações dos trabalhadores.

A estrutura que representa cerca de três dezenas de sindicatos ligados à função pública exige aumentos salariais de, pelo menos, 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador, e um aumento da base remuneratória da administração pública para 1000 euros, a partir de Janeiro de 2025. Defende ainda a subida do subsídio de alimentação de seis para 10,50 euros por dia.

A proposta que o Governo colocou em cima da mesa aponta para um aumento salarial de 55,26 euros ou um mínimo de 2,1% no próximo ano, um valor melhor do que o apresentado inicialmente mas ainda muito aquém das exigências dos sindicatos.

A solução proposta para o próximo ano será repetida em 2026. E, para 2027 e 2028, o executivo promete um aumento de 57,89 euros para a generalidade dos trabalhadores ou um mínimo de 2,2% para quem tem salários mais altos.

Já o salário mínimo na administração pública será de 875 euros em 2025, ficando cinco euros acima da remuneração mínima aplicada no sector privado.

“O Governo consegue sentar-se à mesa com uma proposta, evoluir 0,1% na proposta de aumento salarial para a generalidade dos trabalhadores, deixando abaixo do nível da inflação. E não há actualização de qualquer subsídio ou suplemento”, criticou Sebastião Santana, citado pela Lusa.

Para os trabalhadores poderem participar na manifestação, a Frente Comum emitiu vários pré-avisos de greve que, segundo Sebastião Santana, afectou escolas e outros serviços públicos.

“O impacto começou por se notar nas escolas e agora durante o decurso da manhã vai começar a notar-se em outros serviços da administração pública, em consultas de hospitais e atendimentos ao público como Lojas do Cidadão, Segurança Social, Finanças”, destacou o dirigente sindical.

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