Operação Pretoriano: greve volta a adiar arranque da instrução

Oficiais de justiça reclamam melhorias de condições de trabalho e aumentos salariais. Antigo funcionário do FC Porto deveria ter sido ouvido esta sexta-feira, mas diligência foi adiada.

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Fernando Madureira é o principal arguido no processo LUSA / LUSA
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O arranque da fase de instrução da Operação Pretoriano voltou a ser adiado pela segunda semana consecutiva. Mais uma vez, a paralisação dos oficiais de justiça impediu a realização da diligência no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.

Para esta sexta-feira, 25 de Outubro, estava prevista a audição de três arguidos, entre os quais Fernando Saul, ex-funcionário portista acusado de ter participado no alegado clima de medo e intimidação montado pelos Super Dragões. Há precisamente uma semana, Fernando Madureira e a mulher, Sandra Madureira, também deviam ter sido ouvidos pelo juiz de instrução, mas a paralisação dos oficiais de justiça também travou o arranque da instrução.

Cristiana Carvalho, advogada de Saul, diz que o cliente não deve ir a julgamento pelos 31 crimes de que é acusado, lamentando os atrasos que as greves têm causado. Não há, para já, nova data marcada para as audições destes arguidos. Fernando e Sandra Madureira vão ser ouvidos na próxima segunda-feira, data que permitir "fintar" a paralisação dos oficiais de justiça

No total, há 12 arguidos e todos respondem pelos mesmos crimes: 19 de coacção agravada; sete de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo; três de atentado à liberdade de informação; um de instigação pública a um crime e outro de arremesso de objecto. Há ainda um dos arguidos que responde pelo crime de detenção de arma proibida.

A Operação Pretoriano investiga os incidentes de violência ocorridos na Assembleia-Geral extraordinária do FC Porto de Novembro de 2023. O Ministério Público (MP) acusa o ex-líder dos Super Dragões, a mulher e vários outros elementos da claque Super Dragões de terem montado um clima de medo e intimidação que culminou em agressões a sócios portistas.

Em causa estava a votação de uma revisão estatutária: em caso de aprovação, o poder de Pinto da Costa sairia reforçado. O MP diz que a direcção dos Super Dragões pretendia abafar a oposição a Pinto da Costa, nomeadamente o apoio a André Villas-Boas, que já se perfilava como possível candidato para as eleições de Abril passado – que acabaria por vencer.

Vários sócios portistas dizem que foram intimidados e obrigados a mostrar apoio a Pinto da Costa. Foram arremessadas garrafas e outros objectos. Em alguns destes casos, registaram-se agressões físicas.

Fernando Madureira foi detido em Janeiro e permanece em prisão preventiva há praticamente nove meses. É o único dos 12 arguidos neste regime privativo da liberdade, existindo ainda outros em prisão domiciliária ou com apresentações periódicas obrigatórias às autoridades.

O antigo líder dos Super Dragões é ainda investigado em dois outros processos. O primeiro diz respeito a um alegado esquema de bilhetes montado pelo próprio, uma rede lucrativa que comercializava os bilhetes cedidos pelo FC Porto ao abrigo do protocolo assinado com o grupo organizado de adeptos. As autoridades têm ainda uma terceira investigação a decorrer, investigando-se alegadas irregularidades fiscais que serviriam para esconder os supostos proveitos conseguidos com este esquema de bilhetes.

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