A morte por explicar e a violência sem explicação
Evitar a condenação sumária da polícia e acreditar que os tribunais são capazes de proteger a igualdade de todos perante a lei são atitudes imprescindíveis nestes tempos de extremismos.
O que se passou (e está a passar) nos últimos dias em vários bairros da periferia de Lisboa é demasiado sério e demasiado grave para que a discussão seja dominada pelas visões ideológicas dos extremos políticos ou pela simplificação redutora de certo activismo cívico. Perante a espiral de violência a que se assistiu, ninguém tem condições objectivas para afirmar que em causa esteve um puro acto de abuso do poder das polícias, nem para apresentar uma liminar defesa da actuação do agente que disparou dois tiros mortais contra um cidadão. Perante a gravidade dos incidentes que os inquéritos da polícia e do Ministério Público tentarão esclarecer, é absurdo garantir desde já que em causa esteve uma reacção de legítima defesa do polícia, ou que a vítima era um cidadão exemplar e incapaz de puxar por uma arma branca para ameaçar os agentes da autoridade. Mais absurdo ainda é dizer que a catadupa de reacções que se seguiram é compreensível, ou até justificável, perante a opressão que o Estado, a polícia ou o capitalismo exercem sobre comunidades vulneráveis e indefesas.
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