Ataque a escola que abrigava deslocados em Gaza faz 17 mortos
Fontes em Gaza dizem que morreram muitas mulheres e crianças, Israel diz que se tratava de um centro de comando do Hamas.
Um ataque israelita numa escola a funcionar como campo de deslocados em Nuseirat, na parte central da Faixa de Gaza, deixou 17 pessoas mortas e ainda 52 feridos, além de várias pessoas desaparecidas. Já no Norte, o número total de mortos da ofensiva renovada de Israel que começou há cerca de duas semanas e meia chegou a 770, podendo ser ainda maior, já que há um número indeterminado de pessoas sob os escombros de edifícios destruídos.
Em Nusseirat, Israel disse ter atingido um centro de comando do Hamas, enquanto o gabinete de media do Hamas disse que na escola estavam sobretudo mulheres e crianças, e que elas eram uma grande parte das vítimas.
O território continua a ter falta generalizada de alimentos e a viver uma situação especialmente difícil no Norte, com muitas dificuldades de circulação para equipas de socorro, o que significa corpos sob escombros ou nas ruas. Há também a desconfiança de que Israel poderia estar a aplicar um plano conhecido como “o plano dos generais”, por ter sido proposto por um grupo de generais e publicamente defendido por um deles, ou apenas “rendam-se ou morram”, que resume a ideia do plano e implica um cerco e o tratamento subsequente de todas as pessoas que decidirem não sair do local como combatentes, e então teriam de decidir se se rendiam ou morreriam à fome.
Muitos habitantes têm saído do Norte em colunas de pessoas com alguns pertences em sacos, de cadeiras de rodas ou a ser levadas em carroças.
Estima-se que depois do início da operação terrestre israelita pós 7 de Outubro, que se focou inicialmente no Norte, tenham ficado nessa parte do território (que inclui a Cidade de Gaza) cerca de 400 mil pessoas.
Algumas fizeram-no não só por temer não ter condições no Sul (e pensaram que não era necessariamente mais seguro, já que no sul também havia ataques), mas também por terem familiares com mobilidade reduzida (outras não queriam sair por temerem não poder voltar – afinal, muitos dos habitantes da Faixa de Gaza são refugiados ou familiares de refugiados que saíram das suas casas na altura da criação do Estado de Israel).
Quem saiu do Norte nessa altura não foi autorizado a regressar.
Enquanto isso, o secretário-geral do Conselho Norueguês para os Refugiados, Jan Egeland, disse que a ajuda a entrar no território desde o pós-7 de Outubro não é suficiente. “Mês após mês dão-nos garantias de que vai ser possível entrar ajuda humanitária sem entraves para Gaza. Mas nunca aconteceu. Não houve uma única semana em que tenhamos conseguido trazer nem sequer o mínimo de mantimentos.”
Jean-François Corty, vice-presidente da organização Médicos do Mundo, lembrou o que está a acontecer em Gaza enquanto falava numa conferência sobre o Líbano, cita o diário britânico The Guardian. “Enquanto nos mobilizamos para o Líbano, Gaza está hoje a morrer. Milhares de pessoas estão a ser mortas (…) no Norte de Gaza, e parece que a comunidade internacional já não considera as pessoas de Gaza como os nossos semelhantes humanos”.