Na Champions, o Benfica quer mostrar que amigo não empata amigo

Veio do Feyenoord boa parte do futebol actual do Benfica. Mas essa amizade não deve, em teoria, alastrar-se para o duelo na Champions - que o diga Pavlidis, que já muito sofreu com estes neerlandeses.

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Bruno Lage no treino do Benfica ANTONIO PEDRO SANTOS / EPA
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O Benfica e o Feyenoord, que se defrontam nesta quarta-feira (20h, SPTV5) na Liga dos Campeões, são bons amigos. Conversam como bons amigos, ajudam-se como bons amigos e entendem-se como bons amigos. Se a equipa actual dos “encarnados” depende tanto de Aursnes e Kokçu, em parte o deve à janela de negociação que tem estado aberta com o clube neerlandês e que permitiu a contratação dos dois médios que actualmente fazem mexer o Benfica de Bruno Lage.

É por Aursnes que passa a missão de equilibrar a equipa e ocupar espaços sem bola, bem como dar presença em zona de finalização e cobrir o sempre disfuncional corredor onde está Di María, sem que tudo fique dependente de Florentino.

E é por Kokçu que passa o labor de ajudar nas três fases do ataque: consoante o momento do jogo, vai colaborando na construção, na criação e na definição. E mais: é por haver Aursnes no trio de meio-campo que Kokçu tem conseguido melhorar tanto o seu futebol.

Será unânime que jogadores como Carreras, Florentino, Di María e Akturkoglu têm, por estes dias, um peso específico considerável nas dinâmicas do Benfica, mas não será injusto dizer que são Aursnes e Kokçu que colocam tudo aquilo em funcionamento – até pelo que fazem um pelo outro. Nessa medida, “obrigado, Feyenoord”, dirão os benfiquistas.

Mas a ideia é garantir que, entre portugueses e neerlandeses, amigo não empata amigo. Porque sendo verdade que um empate não coloca em risco o que quer que seja, uma vitória dá ao Benfica um lugar praticamente garantido na próxima fase da Liga dos Campeões – pelo menos no play-off.

E para quem gosta de história – embora ela valha rigorosamente nada na hora de se jogar à bola –, um terceiro triunfo em três jogos seria inédito na história europeia do clube.

Antevisão sem sumo

Neste jogo, o Benfica deverá, em teoria, aplicar o jargão batido no “futebolês” que diz que em equipa que ganha não se mexe.

Tal como muitos milhares nas bancadas da Luz, Trubin, Bah, Otamendi, Carreras, Florentino, Aursnes, Kokçu, Akturkoglu, Di María e Pavlidis parecem ter adquirido “redpass” de época – e assim devem continuar enquanto a equipa vencer. A única dúvida é entre António Silva e Tomás Araújo, decisão sem impacto na dinâmica colectiva.

Bruno Lage, o treinador, está a levar muito a sério a ideia de manter tudo como está – e por “tudo” entenda-se a ideia de jogo e o “onze”, mas também a comunicação.

Na antevisão deste jogo, como nas dos jogos anteriores, Lage foi bastante vago sobre tudo o que lhe foi perguntado. Das questões mais vazias às mais complexas, das mais leves às mais futebolísticas, pouco deu para extrair do técnico.

“O mais importante é que os jogadores estão muito focados no que temos de fazer. Temos de ir para o jogo com total ambição de conquistarmos os três pontos (...) a nossa forma de trabalhar é que importa, não é fazendo comparações com o passado (...) estou muito contente com o contributo de todos os jogadores”, foram algumas coisas ouvidas e repetidas em diferentes formatos.

E sobre o Feyenoord, que características destaca? “É um adversário difícil, de Champions, e a Champions é a competição mais difícil de clubes. Cabe-nos estar preparados. O importante é identificar os pontos fortes da equipa”. E quais são? Ficámos sem saber.

Pavlidis sem golo

Mais coisa, menos coisa, foi isto que se ouviu. Quem quiser saber algo mais sobre o futebol do Benfica e as características do Feyenoord terá de esperar pelas 20h desta quarta-feira. Mas há três coisas certas, mesmo sem ajuda de Lage.

Uma é que Santiago Giménez, o principal goleador, não vai a jogo, por lesão. E essa é uma boa notícia para o Benfica, que até já esteve interessado no jogador.

Outra é que os neerlandeses têm sofrido golos em quase todos os jogos, contando com um valor de golos sofridos bem superior ao valor esperado (xG) pela probabilidade de sucesso das finalizações adversárias – o que pode significar, entre outras coisas, que o guarda-redes não tem dado segurança.

Por fim, Pavlidis, apesar de ter marcado golos a quase todas as equipas neerlandesas, teve dificuldades com o Feyenoord, com apenas um golo em dez jogos. Uma das explicações é que Hancko é visto como um antídoto para o grego.

O central tem força física para lhe tirar os duelos corpo a corpo, mas também tem velocidade para lhe tirar o ataque ao espaço que o grego também gosta de ir tentando.

E Pavlidis, com Akturkoglu a surgir em zonas de finalização, acaba por descair mais para a direita do que para a esquerda. O que significa que se vai cruzar mais vezes com Hancko, o central do Feyenoord que joga desse lado.

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