Coreia do Norte e Rússia negam envio de militares norte-coreanos para a Ucrânia
Representantes de ambos os países chamam às alegações levantadas pela Coreia do Sul e pela Ucrânia “rumores” e um “boato”. Seul pode vir a fornecer armamento à Ucrânia.
Rússia e Coreia do Norte negaram os relatos de que militares norte-coreanos possam já estar no terreno na Ucrânia a combater ou a serem treinados para combater na frente de batalha da invasão russa.
Ambos os países tinham sido acusados pela Coreia do Sul e pela Ucrânia de prepararem o envio de tropa norte-coreana para o terreno, que estaria a ser treinada na Rússia ou mesmo já na Ucrânia.
"Quanto à chamada cooperação militar com a Rússia, a minha delegação não sente qualquer necessidade de comentar esses rumores estereotipados e infundados", afirmou um representante da Coreia do Norte numa reunião de comité de Nações Unidas.
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitro Peskov, afirmou que as acusações eram "mais um boato informativo", vindo de "informações" britânicas e norte-americanas.
"Eles estão sempre a relatar este facto, mas não fornecem quaisquer provas", acrescentou Peskov.
Os serviços secretos secretos sul-coreanos tinham afirmado na sexta que 1500 soldados da Coreia do Norte já estavam em Vladivostok, cidade no extremo oriente russo, perto da fronteira com o país governado por Kim Jong-un.
"O envio de tropas para a guerra de agressão ilegal da Rússia na Ucrânia constitui uma ameaça significativa à segurança não só do nosso país, mas também da comunidade internacional", afirmou o Conselho Nacional de Segurança da Coreia do Sul, órgão consultivo da Presidência do país citado pela Al-Jazeera.
"Na sequência do envio de forças de combate norte-coreanas, o Governo aplicará contramedidas faseadas", acrescentou o Conselho.
Segundo um representante do gabinete do Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, citado pela Al-Jazeera, estas "contramedidas" poderão incluir o fornecimento de armas à Ucrânia, algo que Seul se tem recusado a fazer.
"Consideraríamos o fornecimento de armas para fins defensivos como parte dos cenários passo a passo e, se parecer que estão a ir longe demais, poderíamos também considerar a utilização ofensiva", afirmou o funcionário citado pelo órgão de comunicação pan-árabe.
Na última quinta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que dez mil soldados norte-coreanos estavam em território ucraniano ocupado pela Rússia, prontos para combater na frente de batalha.
"Já não se trata apenas da transferência de armas. Trata-se, de facto, de enviar pessoas da Coreia do Norte para as forças militares de ocupação", disse então Zelensky.
Os Estados Unidos afirmaram esta segunda-feira que viram os "relatos" de que a Coreia do Norte enviou forças e está a preparar-se para enviar soldados adicionais para a Ucrânia para lutar ao lado da Rússia".
"A ser verdade, este facto marca um desenvolvimento perigoso e altamente preocupante e um óbvio aprofundamento das relações militares entre a Coreia do Norte e a Rússia", disse o embaixador norte-americano no Conselho de Segurança das Nações Unidas, Robert Wood, acrescentando que os EUA estavam a "consultar" os seus "aliados e parceiros sobre as implicações de uma acção tão drástica".